Resenha Group: a arte de fazer negócios batendo papo
A partir de conexões entre executivos em reuniões com grupo selecionado, Gabriel Khawali criou um ecossistema de networking que inclui de torneio de tênis a jantares
Por Sérgio Vieira
O empreendedor Gabriel Khawali, de 36 anos, foi do inferno ao céu no mundo dos negócios em pouquíssimo tempo. Chegou a abrir e fechar 19 empresas, batendo cabeça para tentar acertar, ao mesmo tempo em que via seus amigos se formarem engenheiros, arquitetos e advogados. Mas hoje o cenário é outro. Atualmente ele se dedica integralmente à Resenha Group, um ecossistema de networking com executivos que ele fundou e que, em 2025, deve faturar R$ 50 milhões, em um crescimento de dez vezes em apenas dois anos. “Foi uma jornada difícil. E decidi transformar as frustrações em combustível”, disse o empresário, conhecido como Gab.
Mas como chegou lá? Literalmente com muito papo. Ele se considera formado em street intellingence, que seria algo como adquirir experiência na rua, e que na prática significa a habilidade em se comunicar e se relacionar.
A virada de chave para mergulhar de vez no mundo das conexões interpessoais foi em 2020, quando vendeu uma empresa chamada Tentei Voar, de antecipação de recebíveis de indenizações a passageiros, a um fundo de investimentos por R$ 8 milhões.
“Minha vida mudou. Tirei um ano sabático, mas não para viajar. Comecei a realizar jantares na minha casa com pessoas legais.” No primeiro, chamou CEOs de algumas empresas, a atriz Cleo Pires, que ele já tinha mantido contato na época da Tentei Voar, e outras personalidades. Desse conceito surgiu a Resenha do Gab.
Ele lembra que, mesmo sem ter isso racionalizado, sempre esteve ao lado de pessoas relevantes, de boa conversa, e dispostas a trocas. Aí ele desenvolveu o que passou a chamar de engenharia social.
Explicando melhor: ele ligava para um executivo convidando para um pequeno jantar em casa, dizendo que, por exemplo, a Cleo Pires estaria lá, o que seria uma boa chance de expandir relações. No caso da atriz, fazia o mesmo, com o argumento ao contrário, de que o petit comité poderia render aproximação com empresas e possíveis contratos publicitários. Pronto, ali ele já tinha duas pessoas confirmadas. E assim ia seguindo.
Isso não significa, no entanto, que essas conexões deveriam estar motivadas por algum interesse. Antes disso, estava a chance de conhecer pessoas legais. Tanto que o mote que passou a adotar é ‘primeiro se faz amigos, depois se faz negócios’. E esse modelo foi crescendo.
Desde então, foram realizadas 18 edições da Resenha do Gab em sua casa. De eventos maiores, foram mais de 60. O mais recente encontro reuniu 300 pessoas em São Paulo, e contou com palestra do empresário Marcelo de Carvalho, sócio da RedeTV!, e Juarez Borges Filho, diretor-geral do PayPal.
Khawali entendeu que tinha ali um modelo de negócio disruptivo. “Eu gerava valor para todo mundo e ficava em alta. Sempre me gerava negócio depois. Não tenho medo do risco”, afirmou. Pelas contas dele, o retorno de cada jantar era seis vezes maior que o investimento para organizar o evento. “Meu papel é promover eventos descontraídos, com pessoas que a gente seleciona.”
Daí também surgiu o formato de clube, dando benefícios exclusivos a quem se associa ao Resenha Group e a oportunidade da troca de ideias com pessoas que seriam de difícil alcance.
“Estava se formando uma comunidade muito qualificada de empresários importantes e que estavam confiando na marca”, disse.
Para fazer parte desse grupo restrito, é necessário investir R$ 42 mil.
“Eu vendo um ecossistema colaborativo. Se a gente une pessoas qualificadas com intenção estratégica, um consegue ajudar a resolver o problema do outro.”
Gabriel Khawali, do Resenha Group
Hoje o grupo tem mais de 100 participantes.
Surgiram também dois novos modelos de negócios: um torneio de tênis também para um grupo selecionado de C-levels, a Resenha Tennis League, e outro de pôquer, o Resenha Series of Poker. “Quero que eles façam networking em momentos leves.”
A inscrição de cada uma dessas modalidades custa R$ 5 mil. A liga de tênis vai durar sete meses, o que renderá oportunidades de conexões. Em abril, ele vai trazer o tenista Bruno Soares para dar uma clínica para esses empresários.
Recentemente, ele comprou e reformou um hotel desativado em Igaratá (SP), que vai se chamar Resenha Farm House, e abre no mês que vem. “Esse lugar fica a uma hora e meia da Avenida Faria Lima e dá oportunidade para fazer home office olhando para a natureza ou levar um cliente para um lugar lindo.”
Também está construindo um empreendimento no modelo multipropriedade em Campos do Jordão (SP), que deve começar a ser ofertado em agosto.
E tudo isso a partir de muita conversa. Gerando valor por meio de conexões. “Ninguém sabe o caminho para isso. E as pessoas estão dispostas a investir em networking.” E Gab, atento na oportunidade de juntar pessoas interessantes.