Santa harmonização: Páscoa, bacalhau e grandes vinhos; confira
Bacalhau, colomba e ovos de chocolate são presenças quase obrigatórias nas mesas brasileiras durante as festividades de Páscoa. Saiba quais vinhos acompanham cada um deles
Por Celso Masson
Uma passagem do áudio-livro Nem Leigo, Nem Expert: Manual Básico do Mundo do Vinho, escrito e narrado por Didú Russo, desfaz um mito sobre a harmonização de bacalhau com vinho verde, dois itens consagrados da culinária portuguesa. Segundo o autor, foi em terras lusitanas que um garçom o advertiu: “Vinho verde com bacalhau é coisa de português no Brasil ou de brasileiro em Portugal”.
Para as boas mesas locais, o pescado mais popular da Semana Santa deve ser acompanhado de um branco ou mesmo tinto, dependendo da receita. A que o chef Ícaro Rizzo, do restaurante Neto, localizado no lobby do JW Marriott Hotel São Paulo, traz uma posta de bacalhau servida com arroz negro, tomates confitados, farofa de alho e ervas.
A combinação de ingredientes pede um branco encorpado como os portugueses da região do Douro. E por que não escolher um produzido lá por brasileiros? É o caso do Menin Grande Reserva Branco, elaborado na vinícola que o empresário mineiro Rubens Menin, dono da construtora MRV e do banco Inter, construiu na mais antiga região demarcada de vinhos. Vendido a 50 euros no mercado local, chega ao Brasil por cerca de R$ 750. Um pouco mais em conta, o Tapada de Coelheiros branco 2020 (R$ 530,07, na Mistral), é elaborado a partir das castas Arinto e Roupeiro provenientes da Vinha da Sobreira. Reconhecido pela sua elegância, untuosidade e capacidade de envelhecimento, é cremoso, com final longo e persistente. Ótimo para acompanhar bacalhau.
Ainda que regras de harmonização sejam flexíveis, alguns princípios básicos ajudam a nortear as escolhas de menus típicos da Páscoa, em que a tradição aponta invariavelmente para bacalhau, chocolate e colomba.
Sommelière da Henkell Freixenet, Clara Mei, elaborou uma lista de possibilidades com espumantes e vinhos da marca. Se a escolha for chocolate com pistache, Mei sugere o Freixenet Malvasía 2011 (R$ 219,90), espumante safrado mais antigo da marca. Segundo a especialista, sua produção aproveita técnicas dos vinhos de Jerez, como o envelhecimento em barricas de madeira de castanheira por 20 anos, o que aporta características únicas. Para quem prefere chocolate branco com frutas vermelhas, que aporta na boca uma agradável sensação devido à mistura de acidez e dulçor, a dica é o espumante Freixenet Asti DOCG (R$ 139,90, no e-commerce).
PORTO
Assim como a Henkell Freixenet, diversos produtores e importadores de vinhos e espumantes veem a Semana Santa como uma oportunidade para impulsionar as vendas. A Grand Cru, com mais de 130 lojas espalhadas pelo País, criou a campanha Páscoa recheada com Harmonia, em que os clientes têm condições especiais em rótulos exclusivos durante todo mês de março. Na compra de três garrafas selecionadas, a Grand Cru entrega quatro.
Uma das sugestões é um Porto ideal para antes ou depois das refeições: o Niepoort Ruby (R$ 169,90). Com aroma vibrante de frutas vermelhas e caráter quase mineral vai bem com ovos de chocolate meio-amargo e recheados com avelãs, amêndoas e castanhas.
Além dos ovos de chocolate, outro item que não pode faltar à mesa nessa época do ano é a Colomba Pascal. A importadora Mistral tem no portfólio uma versão produzida artesanalmente pela família Albertengo na região do Piemonte, na Itália. Com fermentação de três dias, realizada a partir de uma levedura-mãe cultivada há muitos anos e alimentada diariamente, ela tem um segredo na preparação: antes de a massa começar a crescer, ela recebe o líquido de garrafas de Moscato D’Asti Moncalvina, da vinícola Coppo.
Elas são abertas uma a uma e incorporadas ao preparo, assim como as famosas amêndoas típicas da região. O resultado é uma massa bem molhada, leve e saborosa (R$ 259,00).
Também importado pela Mistral, o chileno Boya Rosé 2022, da Garcés Silva Family Vineyards (R$ 170,79), é leve, refrescante e fácil de gostar. Elaborado com corte majoritário de Pinot Noir na fria região do Vale do Leyda não passa por barrica de carvalho e pode ser apreciado a qualquer momento, mesmo sem escoltar uma refeição.