Você é capaz de influenciar?

Crédito: Divulgação

Jorge Sant’Anna: "Autoridade formal, cargo, artefatos de poder, não são instrumentos de influência e sim de exercício de controle, incapazes de entregar excelência ao longo do tempo" (Crédito: Divulgação)

Por Jorge Sant’Anna

Liderança é essencialmente uma arte. A arte de realizar atividades complexas, através de outras pessoas. Um CEO, na verdade não faz nada, não executa. Ele inspira pessoas, aloca recursos e sobretudo garante que todos tenham as condições de fazer da melhor forma o seu trabalho. Ao assistirmos uma orquestra sinfônica performando uma obra clássica, fica muito claro o papel do líder, do maestro. Ele é responsável pelo timming de cada instrumento, pelo ritmo, a direção e o alinhamento geral e harmonia entre todos os instrumentos.

Todo grande maestro, assim como todo grande líder, somente consegue alcançar a excelência (ou, como dizemos atualmente, a alta performance) quando tem a capacidade de exercer influência legítima sobre seus liderados. Influência é o instrumento mais poderoso da liderança.

É a habilidade de provocar um impacto positivo nas outras pessoas, persuadindo e convencendo os liderados a suportá-lo e apoiá-lo de forma verdadeira em suas ideias e seus projetos. Quando a influência legítima se faz presente no ambiente de trabalho, não existe mais o ‘plano do líder’ ou o ‘projeto da empresa’. Todos tomam para si os ideais, a visão e as consequências. Isso leva a excelência.

Existe uma literatura ampla a respeito dos mecanismos e princípios fundamentais da influência. Robert Cialdini, psicólogo na Universidade do Arizona nos Estados Unidos, especialista na arte da influência e persuasão, enumera o que ele denomina as “armas da influência”, isto é, comportamentos básicos que nos auxiliam a ampliar nossa capacidade de influenciar os outros. Estes comportamentos são a reciprocidade, comprometimento e consistência, busca por aprovação social, entre outros. Mas na verdade o tema não é tão simples assim.

A influência é uma competência social. Segundo o escritor e jornalista científico Daniel Goleman, “Líderes que possuem autoconsciência emocional, autocontrole de suas emoções e comportamentos, são adaptáveis e possuem alto grau de empatia, são capazes de expressar usas ideias, visões e conceitos de forma altamente convincente e persuasiva”.

Os líderes empáticos são capazes de sentir o estado emocional dos membros da sua equipe e responder com compreensão e apoio. Essa conexão emocional promove confiança, cooperação e um ambiente de trabalho positivo. A pergunta deste tipo de líder ao liderado é: Como posso te ajudar, para que você faça melhor o seu trabalho?

É muito pouco provável que executivos centrados no estilo de liderança de comando e controle, tão comum no mundo empresarial, possam gerar alta performance de forma sustentável. Autoridade formal, cargo, artefatos de poder, não são instrumentos de influência e sim de exercício de controle, incapazes de entregar excelência ao longo do tempo.

Por ser uma competência emocional, o poder de influência se origina e é reconhecido pelo nosso sistema límbico, área mais antiga de nosso cérebro e responsável pelo processamento de emoções, formação de memórias e regulação do comportamento. Líderes visionários e que privilegiam a atuação como coachs e mentores tendem a ter um poder de influência muito maior.

Seja em liderando uma orquestra sinfônica, ou liderando um pequeno departamento em sua empresa, a sua capacidade de influenciar e mobilizar seu time em direção de suas ideias e visões, vai depender muito mais de suas competências emocionais do que de seu conhecimento técnico, posição e autoridade.

Se você pretende ser um líder capaz de influenciar e mobilizar sua equipe em torno de sua visão, inicie pela mudança de suas emoções. Seja humilde e se coloque a serviço de todos de sua equipe. O líder influenciador é aquele que alcança a excelência sem ser o protagonista da história. Ao contrário, aprende a delegar o protagonismo.

Parece difícil (e na verdade é!), por isso existem tão poucos maestros de grande sucesso no mundo. Comece sua jornada já ou se acomode no mundo finito do comando e controle.

Jorge Sant’Anna é diretor-presidente e cofundador da BMG Seguros e membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Bancos