Gympass muda tudo. Até o nome. Entenda o reposicionamento da (ex) rede fitness
Dos check-ins em academias a uma plataforma de bem-estar corporativo, Wellhub, avaliado em US$ 2,4 bilhões, oferece mais categorias para os clientes, com recursos de saúde física e mental disponíveis on e off-line
Por Letícia Franco
Fundado em 2012, o Gympass revolucionou o mercado fitness ao oferecer acesso a uma ampla rede de academias por meio de um único benefício corporativo. Agora, depois de mais de uma década, o Gympass se despede para dar lugar a Wellhub. Muito mais que passe de academia, a empresa decidiu mudar nome para se posicionar como um hub de bem-estar corporativo, ofertando novas categorias, desde nutrição a terapia, para os 2,7 milhões de usuários, que são colaboradores das 15 mil empresas assinantes, entre elas Riachuelo, Sebrae e Amazon. Com uma nova experiência, a startup unicórnio, avaliada em US$ 2,4 bilhões, prevê crescimento na casa dos dois dígitos em 2024 — o faturamento não é revelado.
Apesar de parecer uma mudança radical, a decisão por um novo posicionamento no mercado não foi tomada de forma repentina. Desde 2020, a empresa passou a combinar soluções físicas e digitais, com serviços para o bem-estar mental e físico dos usuários. Segundo Priscila Siqueira, CEO do antigo Gympass e atual Wellhub no Brasil, o rebranding visa aproximar a marca dos produtos ofertados atualmente.
“Nos últimos anos, ampliamos o nosso portfólio. Era uma questão de revisitar a marca e posicioná-la de acordo com o que já entregamos”, afirmou à DINHEIRO. Com a nova marca e identidade visual, que entrou em operação na quinta-feira (4), o desafio agora é garantir que os consumidores reconheçam no Wellhub toda a expertise do Gympass.
Até o final de fevereiro, o Gympass obteve um aumento de 37% no número de usuários desde 2023 e somava 15 mil clientes. Para a nova era, a empresa ampliou sua rede de mais de 55 mil parceiros ao incorporar marcas de diversos segmentos, desde saúde feminina, como Clue, até de qualidade do sono, como o SleepCycle e SleepScore.
Segundo Cesar Carvalho, cofundador e CEO global da Wellhub, a proposta é atender as diversas necessidades de uma organização. “É um recurso que permite estabelecer uma cultura em que os colaboradores se conectem com o bem-estar diariamente”, afirmou. De sua fundação até hoje, o antigo Gympass alcançou a marca de 400 milhões de check-ins na plataforma.
O CAMINHO ATÉ AQUI
Em sua trajetória, o Wellhub seguiu os passos de toda startup: um modelo de negócios disruptivo com crescimento em grande escala e alta capacidade de adaptação.
• No início, a marca funcionava no modelo B2C, com serviços direcionados a pessoas físicas, dando acesso a diferentes espaços através de pagamento mensal.
• Em 2014, decidiu mudar sua estratégia de negócios e focar no B2B. Isso ocorreu depois que uma empresa, ao contratar o Gympass, dobrou o tamanho da startup.
• Além da expansão do portfólio durante a pandemia, quando a marca começou a se estruturar para atingir o novo patamar: uma plataforma de bem-estar corporativo.
Ao longo dos anos, a startup passou por seis rodadas de investimentos — principal ferramenta utilizada para acelerar o crescimento do negócio. A última arrecadação ocorreu em agosto de 2023, quando a EQT Growth, com a participação da Neuberger Berman, liderou uma rodada de financiamento Série F, no valor de US$ 85 milhões.
Grupos como General Atlantic, Moore Strategic Ventures e Softbank também aparecem no quadro de investidores. Esses aportes possibilitaram sua expansão global, que começou pelo México, em 2015.
Hoje, a companhia opera em 11 países:
• Brasil,
• Estados Unidos,
• México,
• Argentina,
• Chile,
• Espanha,
• Alemanha,
• Reino Unido,
• Irlanda,
• Romenia,
• e Itália.
Segundo Priscila Siqueira, o Brasil ainda é a maior operação da empresa.
89%
das companhias brasileiras possuem estratégias de bem-estar
MERCADO
Para a executiva, o rebranding está atrelado às mudanças do mercado e ao comportamento do trabalhador. De acordo com o Panorama do Bem-estar Corporativo 2024, realizado pelo Gympass, 93% dos profissionais consideram o bem-estar tão importante quanto o salário. Isso reflete na necessidade das companhias de disponibilizar serviços de saúde e bem-estar à equipe.
No Brasil, 89% das empresas possuem estratégias nesse sentido, segundo levantamento da consultoria britanica Aon plc. Dessa forma, o ecossistema se transforma, como no caso das academias. Antes pequenas e concentradas em bairros, elas ganharam corpo, se profissionalizaram e passaram a fazer parte de grandes conglomerados, com diversidade de serviços.
Um estudo da Cortex Intelligence apontou que o Brasil possui 32 mil unidades ativas, as quais são frequentadas por 21% da população. Agora, embora as academias e empresas sejam as mesmas, a pergunta é outra: “Aceita Wellhub?”.