Conheça a história do rei do azeite brasileiro
Depois de trazer a rede Burger King para o mercado nacional, Luiz Eduardo Batalha fez da paixão pela olivicultura um negócio de sucesso. Com mais de 50 prêmios internacionais, sua produção superou 200 mil litros em 2023
Por Celso Masson
Em 2010, quando decidiu plantar os primeiros pés de oliveira em uma de suas fazendas no Rio Grande do Sul, o santista Luiz Eduardo Batalha já era um empreendedor bem-sucedido em diversas áreas. Engenheiro de formação, havia trabalhado no mercado financeiro e enveredado para os negócios do campo após visitar uma fazenda em que havia 1 milhão de pés de café, ainda na juventude. Fisgado por aquela paisagem, passou a investir em áreas rurais. “Tivemos fazendas espalhadas pelo Brasil inteiro”, disse Batalha à DINHEIRO. “Estamos completando 51 anos no agronegócio.”
Curiosamente, o que o tornou mais conhecido foram duas iniciativas fora do agro: o Hotel Estância Barra Bonita, no interior paulista; e a rede de lanchonetes Burger King, que ele trouxe para o Brasil em 2004, numa corajosa iniciativa de brigar com o McDonald’s. Com uma campanha publicitária criada por Nizan Guanaes, a chegada da segunda maior rede de fast food do planeta se tornou um dos maiores cases de sucesso do setor no País. “Pouco depois de o grupo do Jorge Paulo Lemann ter comprado o Burger King mundial, vendemos nossa operação também”, afirmou.
Sua chegada à olivicultura, setor em que hoje é líder no Brasil, com mais de 200 mil litros engarrafados em 2023 (cerca de 40% da produção nacional) foi quase sem querer.
Batalha havia comprado uma propriedade em Pinheiro Machado (RS), a 60 km da divisa com o Uruguai, para criar gado da raça angus. Além dos rebanhos bovinos, a região, cortada pelo Paralelo 31, está em uma das melhores latitudes do planeta para o cultivo de uvas para vinhos finos, com produtores no Chile, Argentina, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e, no Brasil, vinícolas como a Miolo Wine Grup.
“Um belo dia, o Adriano Miolo me chamou e disse: ‘vou te mostrar um negócio aqui que eu mantenho segredo’. Eram oliveiras que ele havia plantado três anos antes e que já estavam com frutos.” Ao olhar aquilo, Batalha tomou uma decisão: rodar todo o Paralelo 31 para entender como era a olivicultura ao redor do mundo nas mesmas condições climáticas. “Voltei convencido de que era o lugar ideal para as oliveiras.”
Inicialmente, plantou 10 mil pés, depois mais 30 mil e foi expandindo a cada ano. Hoje são 500 hectares plantados – área que irá dobrar nos próximos anos. Além dos olivais, Batalha investiu no maquinário para extrair azeite de qualidade.
E com uma grande vantagem sobre os demais produtores que aderiram ao cultivo, seja no Sul ou em outras regiões do País: o relacionamento que Batalha já possuía com o mercado. Há oito anos, seus produtos estão nas prateleiras do Grupo Pão de Açúcar. Depois, no Zaffari. “Até hoje sou o único produtor de azeite nacional nesses dois grandes supermercadistas”, disse Batalha. E não é só.
Ele também fornece para os restaurantes Coco Bambu e para a rede de pizzarias Braz, entre outros. O reconhecimento do mercado se confirmou na coleção de prêmios internacionais, que hoje passam de 50. “A gente entrou nos concursos para testar nossa qualidade, competindo com produtores de países que estão 2 mil anos na nossa frente. E estamos batendo esses caras”, afirmou.
Comprovada a qualidade, resta equilibrar o fator preço. Até pouco tempo, o posicionamento do azeite nacional o tornava um produto de boutique, caro e para poucos. Agora, com a disparada de preço dos importados após uma quebra de safra na Europa, a tendência é que a diferença de preço, menor, favoreça a produção brasileira. “Temos um mercado potencial de 200 milhões de consumidores domésticos. Se uma pequena parte provar o que fazemos e perceber que nosso produto é premium, será difícil atender à demanda”, disse Batalha.