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Taco Bell Brasil quer ser segunda maior operação da rede, atrás apenas dos EUA

Rede de comida mexicana vai investir R$ 36 milhões no Brasil neste ano para abrir 15 unidades. Plano prevê chegar a 200 lojas até 2030 e tornar o País o maior operador da marca fora dos Estados Unidos

Crédito: George Gargiulo

Aumento da rede se concentrará no Centro-Oeste, Nordeste e Sul, mas sem deixar de fortalecer a atuação no Sudeste (Crédito: George Gargiulo)

Por Letícia Franco

Tortilla, carne ou feijão, sour cream, queijo prato, alface e tomate. Esses são os ingredientes do taco supreme, responsável por 60% das vendas da Taco Bell no Brasil. Lojas drive-thru, franquias e popularização da marca. Esses são os ingredientes que devem colocar o País como a maior operação da rede de comida mexicana fora dos Estados Unidos. Com 30 unidades nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a companhia vai investir R$ 36 milhões para a abertura de 15 lojas só neste ano e prevê crescimento de 10% no faturamento ­— os cifras não são revelados.

Para 2025, a expectativa é de que outras 20 unidades sejam inauguradas. E, assim, alcançar a meta de 200 até 2030. Avaliada em US$ 7,10 bilhões, a Taco Bell é a quinta marca de restaurante mais valiosa do mundo, segundo o ranking Brand Finance Restaurant de 2024. São 8 mil lojas em 32 países.

Com operações espalhadas pelas Américas, Europa, Ásia e Oceania, a expansão ambiciosa da rede de fast-food no mercado brasileiro se deve a três fatores principais:
economia,
extensão territorial,
 política externa.

“Os números da economia têm melhorado. A gente torce para um bom desempenho da Selic [taxa básica de juros, que está 10,75%]. É fundamental. Além disso, trata-se de um País grande em termos territoriais e sem conflitos externos”, disse à DINHEIRO Jeferson Mariotto, diretor-geral da Taco Bell Brasil. No cargo desde fevereiro do ano passado, Mariotto está à frente da nova fase da marca, pertencente ao grupo Yum Brands (dono da Pizza Hut e do KFC).

Um ciclo que deu seus primeiros passos em outubro de 2023, quando a companhia inaugurou em Campinas (SP) a primeira unidade drive-thru no País — formato de sucesso nos Estados Unidos, principal mercado da rede. Segundo o executivo, as cidades de Bauru (SP) e Goiânia (GO) também vão receber lojas nesse formato no segundo semestre.

O investimento médio em uma franquia desse modelo é de R$ 3 milhões, com faturamento mensal de R$ 500 a 600 mil. Números superiores ao investimento nas lojas express, estimado em R$ 1,8 milhão, com rendimento médio de R$ 300 mil. “O drive-thru é a nossa aposta. Os investimentos são maiores e o retorno também. O formato vende 40% mais que as unidades de shopping. Além de outras vantagens, como horário de funcionamento, que pode ser estendido”, afirmou o diretor.

MUDANÇAS E DESAFIOS

Outra aposta da Taco Bell é a expansão por meio de franquias. Atualmente com 22 lojas próprias e oito franqueadas, a rede visa aumentar o número de franquias nos próximos anos. De acordo com Mariotto, 12 das 15 unidades previstas para este ano serão franquias. Em 2025, estão previstas 13 franquias e sete lojas próprias.

Segundo o diretor, a bandeira não vai abrir mão das unidades próprias. “Isso nos permite uma base fortalecida para falar com o franqueado, estudando e repassando nossos serviços, sem perder o padrão e a qualidade”, disse. A empresa busca fortalecer sua presença em um setor em alta.

Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o faturamento do segmento no País atingiu R$ 240,6 bilhões em 2023, um crescimento de 13,8% em relação a 2022. Já o número de redes chegou a 3.311, aumento 7,6% frente ao ano anterior.

(Divulgação)

“O drive-thru é a nossa aposta. Os investimentos são maiores e o retorno também. O formato vende 40% mais que as unidades de shopping.”
Jeferson Mriotto, diretor-geral da Taco Bell Brasil

Para atingir a meta de crescimento acelerado, a rede, que chegou ao Brasil em 2016, tem pela frente o desafio de fazer com que seu cardápio picante caia no gosto de um número maior de brasileiros.

Segundo Mariotto, há dois caminhos principais para atingir o objetivo:
popularizar a marca entre as classes C e D, já que as lojas de maior faturamento estão no público A e B;
e levar as lojas para outros estados.

“A expansão se concentrará no Centro-Oeste, Nordeste e Sul, em cidades como Brasília (DF) e Maringá (PR), mas sem deixar de fortalecer nossa atuação no Sudeste”, disse.

O apetite de expansão começou em 2020, mas o plano foi adiado pela pandemia. Na época, a empresa precisou realocar sete lojas, mas viu o negócio crescer e atingir novos consumidores. O delivery foi de 7% em janeiro de 2020 para 27% do faturamento da empresa hoje, contribuindo para as estratégias. Além disso, há promoções para incentivar o consumo entre estudantes e lojistas de shoppings, que hoje têm 15% de desconto nas unidades da marca.

Outra estratégia da Taco Bell é adaptar o cardápio de acordo com o paladar e bolso do brasileiro. A rede incluiu a calabresa entre as opções de ingredientes nos produtos oferecidos. Sempre mantendo a principal característica da gastronomia mexicana, que é o seu sabor picante. Isso é o que não falta para o plano de expansão da Taco Bell. Uma picância na medida certa para elevar o Brasil ao status de segunda maior operação de uma das maiores redes de fast-food do mundo.