Brasil vê multiplicação de edtechs e ecossistema ganha maturidade
Plataformas digitais brasileiras prometem revolucionar os métodos de ensino, tornando o aprendizado mais acessível e cada vez mais personalizado, de olho num mercado em franca expansão
Por Allan Ravagnani
A indústria de tecnologia educacional passa por uma impressionante expansão. De acordo com a Expert Market Research, estima-se que o mercado global de edtechs, avaliado em US$ 230,6 bilhões em 2024, alcance US$ 542,4 bilhões até 2032. Esse crescimento, com uma taxa composta anual de 9,5%, é impulsionado pelo aumento da adoção de plataformas de aprendizado digital, que entregam flexibilidade e interatividade para os usuários.
• Entre 2018 e 2024, o volume de investimento nas edtechs brasileiras acumulou quase US$ 500 milhões, representando cerca de 80% dos investimentos na América Latina, segundo levantamento da Distrito.
• Esse cenário reflete a maturidade e o dinamismo do ecossistema brasileiro de plataformas educacionais na comparação com os países da região.
• O grande pico de investimentos ocorreu em 2021, durante a pandemia, quando o mercado de startups em geral registrou recorde de aportes e o setor global passou a adotar mais soluções que envolviam o ensino digital.
“Nossa missão é levar a educação como impacto social, tornando o ensino mais acessível e, consequentemente, ampliando a empregabilidade.”
Alexandre Max, CEO da Vivae
Recentemente, um levantamento da BlinkLearning e do Ministério da Educação mostrou que, no Brasil, 83% dos professores já adotam materiais digitais em suas aulas.
Nesse contexto, a edtech brasileira Reeducation tem se destacado como líder em projetos de transformação digital para instituições de ensino. A plataforma já atendeu mais de 90 instituições públicas e privadas em todo o País, impactando mais de 2 milhões de alunos e registrando crescimento de 372% em 2023. A meta para 2024 é dobrar o faturamento, passando dos R$ 12 milhões.
Em parceria com o Google, e utilizando recursos como Inteligência Artificial e realidade virtual, a Reeducation afirmou ter ajudado escolas a aumentar em 35% o número de estudantes e reduzir em 30% o trabalho operacional dos professores.
Neste ano, a empresa tem trabalhado no desenvolvimento de uma plataforma de IA generativa para oferecer soluções mais personalizadas para seus clientes. O diferencial é adaptar suas abordagens às necessidades específicas de cada escola.
No Rio de Janeiro, a Hashtag Treinamentos foi criada na universidade em 2015, para servir como suporte aos alunos que tinham dificuldades com Excel e procuravam vagas de estágio. A procura foi tanta que o fundador, João Martins, percebeu o potencial do negócio.
Hoje, ela é uma das principais empresas especializadas no ensino de ferramentas da América Latina, com mais de 100 mil alunos na plataforma paga, mais de 2 milhões de inscritos nos canais do YouTube e um faturamento de R$ 48 milhões em 2023, um aumento de 60% em relação a 2022.
Com o crescimento da procura pelo curso de Excel, João Martins se uniu a João Lira para ampliar a atuação da empresa. Abriram filiais em Niterói e no Rio de Janeiro, começaram a oferecer aulas on-line e passaram a incluir novas ferramentas. Hoje, a escola atua apenas virtualmente e oferece duas trilhas de curso. A primeira com Excel, Power BI, VBA, Python, Javascript, HTML e CSS, e SQL. E outra específica para a formação em Ciência de Dados, que inclui o uso das ferramentas na análise de dados.
“Explicamos de forma simples para que o acesso a essa qualificação seja democrático e independente da idade, formação ou origem.”
João Martins, CEO e fundador da Hashtag
PROFISSIONALIZANTE
Joint Venture entre as gigantes Vivo e Ânima Educação, a Vivae chegou ao mercado em março de 2023 com foco em cursos rápidos para capacitação, empregabilidade e impulsionamento de carreira, feitos totalmente pelo celular. Para isso, toda a linguagem e estrutura são adaptadas ao formato mobile.
Atualmente, oferece 49 cursos de curta duração nas áreas de Marketing, Produto Digital, Carreira, Vendas, Negócios, Tecnologia, Empreendedorismo e Turismo. Os conteúdos estão conectados às principais tendências do mercado do futuro, incluindo uso de Inteligência Artificial para potenciar a carreira e capacitação em negócios digitais, entre outros.
Segundo Alexandre Max, CEO da empresa, a Vivae tem como propósito fazer da educação uma ferramenta para resolver dois gargalos do mercado: a escassez de mão de obra qualificada apontada por empregadores e a dificuldade que grande parte da população tem para iniciar uma trajetória profissional ou se recolocar no mercado. “Nesse cenário, nossa missão é levar a educação como impacto social, tornando o ensino mais acessível e, consequentemente, ampliando a empregabilidade”, afirmou.