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Ao vencedor, as batatas (ou como a Bem Brasil virou líder em fritas congeladas)

Maior fabricante de batatas fritas congeladas do País vem crescendo acima de dois dígitos por ano e projeta aumentar em 22% seu faturamento em 2024, para R$ 4,4 bilhões

Crédito: Claudio Gatti

"Queremos ser sinônimo da categoria e acredito que, se mantivermos os resultados obtidos e o cuidado com o cliente, chegaremos lá", diz Dênio Oliveira, CEO da Bem Brasil (Crédito: Claudio Gatti)

Por Allan Ravagnani

O título desta reportagem não se refere à literatura ou à teoria do “Humanitismo”, elaborada pelo personagem Joaquim Borba dos Santos e apresentada no livro Quincas Borba, de Machado de Assis, lançado em 1881, no qual Quincas explica ao amigo Rubião sua filosofia baseada na sobrevivência dos mais aptos. O enunciado aborda, sim, uma empresa vencedora, que soube se adaptar ao meio e hoje, com apenas 17 anos de existência, já lidera o mercado de batatas.

Você pode não lembrar dela pelo nome, mas a Bem Brasil é a líder de vendas de batatas fritas congeladas no País, com 53% de participação de mercado, segundo a Comex Stat+Fat, além de estar presente em 32,7% dos lares brasileiros, conforme uma pesquisa da Kantar. Esse mercado de batatas congeladas é bastante promissor. Uma pesquisa da Insight Partners apontou que o mercado global do produto deve chegar a US$ 92 bilhões até 2030, com uma taxa média de crescimento anual de 4,6%.

De passagem por São Paulo para participar da feira Apas Show, o CEO da Bem Brasil, Dênio Oliveira, separou um tempo para conversar com a DINHEIRO, e falou das avenidas de crescimento da empresa. Ele lembra que, em 2006, quando a Bem Brasil foi fundada, o consumo per capita de batatas no Brasil era de 500 gramas por ano. Atualmente, esse volume é de 3,9 quilos por pessoa. “A título de comparação, nos Estados Unidos o consumo médio é de 10 quilos e na Europa cerca de 15 quilos. Ou seja, temos um mercado com muito potencial de crescimento.”

RESULTADOS

Em 2023 a Bem Brasil fechou o ano com receita de R$ 3,5 bilhões, a empresa cresceu 10% em volumes de vendas na comparação com 2022, e pretende crescer mais 22% em 2024, atingindo R$ 4,4 bilhões em faturamento. Para continuar crescendo, a companhia investiu mais de R$ 1 bilhão em sua quarta linha de produção na planta de Perdizes (MG), que elevou sua capacidade de produção de 450 mil para 500 mil toneladas de produtos por ano. O ano passado também apresentou um crescimento surpreendente de 63% no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda).

Investimentos de R$ 1 bilhão na ampliação da fábrica de Perdizes, em Minas Gerais (foto acima), aumentou a capacidade produtiva para 500 mil toneladas ao ano (Crédito:Divulgação Bem Brasil)
(Divulgação)

Dênio Oliveira falou que as principais estratégias do grupo para crescer passaram por aumentar a participação em clientes estratégicos ­— varejo e redes de restaurantes —, realizar ações para aumentar o market share em todo o Brasil, e uma gestão estratégica do negócio e dos recursos, primando pela eficiência e trazendo ganhos operacionais.

Perguntado sobre crescimento inorgânico e uma possível abertura de capital na bolsa, Oliveira afirmou que não está nos planos da companhia realizar um IPO e que está atento a oportunidades de mercado para possíveis aquisições ou movimentos estratégicos. “Os nossos números têm sido muito positivos e temos crescido acima da média do mercado, o que demonstra a solidez da empresa”, afirmou.

A respeito dos investimentos realizados, Oliveira afirmou que a Bem Brasil tem utilizado alta tecnologia e automação em várias áreas, permitindo a integração de sistemas, otimização de processos e tomada de decisões baseada em dados. “Nossas plantas industriais são altamente automatizadas, melhorando a precisão, reduzindo erros e aumentando a produtividade, inclusive com interferência manual zero nos processos de armazenagem de produtos acabados”, afirmou.

Outro pilar relevante da Bem Brasil são as exportações, que representam 3% da receita da empresa — 90% dos países compradores recebem produtos com a marca Bem Brasil. Dênio afirmou, no entanto, que exportar é um negócio relativamente novo para a companhia, pois começaram a atuar em 2020. “Estamos satisfeitos com o progresso de acordo com as metas que estabelecemos para os cinco primeiros anos de trabalho no mercado exterior. Em 2023, aumentamos em 66% o volume exportado, mas sem dúvida, temos muito espaço para crescer”, disse.

Atualmente, a empresa embarca produtos para:
Uruguai,
Paraguai,
Japão,
Bolívia,
Peru,
Tailândia,
Taiwan,
Vietnã,
Malásia,
Guiana,
Chile,
México,
e Estados Unidos.

A companhia opera com duas unidades fabris, a de Araxá (foto acima) e de Perdizes, ambas localizadas no Triãngulo Mineiro (Crédito:Divulgação )

MIX DE PRODUTOS

A marca possui uma grande variedade de produtos, com 21 itens sendo comercializados, como dadinhos de batata com queijo, anéis de cebola, batatas carinhas e polentas. Tudo é produzido em duas unidades fabris, localizadas no Triângulo Mineiro, uma em Araxá e a outra em Perdizes, com mais de 1,3 mil funcionários, e capacidade produtiva de 500 mil toneladas de produtos por ano, podendo atender até 55% da demanda nacional.

A empresa mineira tem parcerias com mais de 125 distribuidores, tanto para atender restaurantes quanto para mercados. “Buscamos sempre atender com relação custo-benefício excelente e precificação justa, temos disponível um serviço de trade marketing ativo para garantir reposição no ponto de vendas, assim como realizamos um trabalho de branding importante, investimos em novas áreas de plantio para garantir aumento do fornecimento ano a ano, entre outras diversas ações que incentivam o mercado de batatas”, disse. Com isso alinhado, por meio de um relacionamento próximo e eficiente com os clientes, a empresa busca ampliar a base e ter maior penetração nos lares e estabelecimentos.

O diretor comercial da companhia, João Ricardo Coleoni, afirmou que o mercado está aquecido e é preciso aproveitar as oportunidades que aparecerão nos próximos anos. “A batata é um produto muito querido pelos brasileiros e as novidades são sempre muito bem aceitas. Temos a batata mais vendida do país e um market share que cresce anos após ano”, frisou. O executivo afirmou que espera manter a liderança no Brasil e ampliar na América Latina, aproveitando que o setor está em alta.

Recentemente, a Bem Brasil fez um movimento para se aproximar do consumidor. Patrocinou o Masterchef Brasil por dois anos e também o time feminino de vôlei do Praia Clube. “Queremos ser sinônimo na categoria e acredito que, se mantivermos os números positivos dos últimos anos e o cuidado em atender sempre melhor o nosso público, chegaremos lá”, completou Oliveira.