Executivos brasileiros precisam perder medo da IA generativa, diz Accenture
Accenture lança em São Paulo o primeiro estúdio de tecnologia da América Latina para destacar potencial da inovação às empresas do Brasil
Por Patrícia Basilio
Imagine ser recepcionado por um cão-robô, receber as boas-vindas de uma assistente virtual com Inteligência Artificial projetado por LED e dirigir uma Lamborghini por meio de realidade aumentada? É nesse ambiente futurista que executivos de grandes empresas nacionais e internacionais visitam o Gen AI Studio da Accenture, primeiro laboratório de Inteligência Artificial generativa da consultoria na América Latina, lançado no início de maio, na Zona Sul de São Paulo.
Criado em Davos, na Suíça, o Gen AI Studio faz parte de uma estratégia da Accenture para desenvolver e escalar soluções em IA generativa em parceria com mais de 1 mil empresas globais. No Brasil, o desafio é ainda maior: destacar o potencial da inovação para os executivos diante do receio da adoção de novas tecnologias.
Segundo Vivek Lutra, líder da data e IA da Accenture para mercados em crescimento, os executivos brasileiros estão adotando soluções com IA generativa cautelosamente porque têm dúvidas sobre como escalá-la sem elevar o risco de reputação da companhia.
Uma pesquisa elaborada pela própria consultoria mostra que 98% das empresas contam com algum projeto de IA generativa, mas 95% ainda estão na primeira etapa de adoção segura.
Para Arnab Chakraborty, líder global de responsible AI da Accenture, os executivos precisam enfrentar suas inseguranças para crescer. “Os riscos sempre vão existir, mas estamos vendo uma movimentação global para a regulamentação da IA, que ficará ainda mais segura e responsável”, afirmou.
“Técnicas e ferramentas de IA irão trazer à tona a necessidade de evolução e adaptação do conhecimento nas corporações.”
Flavia Picolo, líder da Accenture Technology para Brasil e América Latina
Flavia Picolo, líder de Accenture Technology para Brasil e América Latina, explicou que a própria natureza estatística dos modelos de linguagem em larga escala (LLM) não permite eliminar alucinações (erros não justificados por dados), mas é possível fazer seu gerenciamento. “É sempre necessária a revisão de um modelo operacional em que especialistas em um determinado processo ou atividade que está sendo automatizada por técnicas de IA generativa estejam envolvidos”, alertou a executiva.
Ela reforçou também importância da qualificação e constante adaptação dos profissionais que atuam com essas ferramentas: “A adoção de técnicas e ferramentas de IA generativa nos processos corporativos irá trazer à tona a necessidade de evolução e adaptação do conhecimento em muitos departamentos das corporações.”
De acordo com a Accenture, a expectativa é que parte dos US$ 3 bilhões investidos pela consultoria até 2026 em dados e IA ajude a ampliar o capital humano, dos atuais 50 mil profissionais especializados para 80 mil no período.
VELOCIDADE
Cliente da Accenture na Itália, a icônica marca italiana Lamborghini adotou uma combinação de IA generativa e de realidade mista para potencializar o desempenho de pilotos de corrida. Pelo simulador, o profissional dá uma volta gravada com o piloto sérvio Milos Pablovic, em um circuito, e tem seus batimentos cardíacos monitorados.
O projeto foi apresentado neste ano no Techvision na Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas (EUA). “No futuro, a IA generativa pode te ajudar a pensar em como dirigir um pouco melhor, como gastar menos combustîvel e onde ganhar mais velocidade. Atualmente, os carros autônomos ainda não fazem isso”, ponderou Daniel Franulovic, líder de Metaverso para a América Latina na Accenture. Fato é que a IA generativa está sendo colocada à prova.