Por César Souza

Proliferam, em posições de liderança, indivíduos cujos valores são, no mínimo, questionáveis. Somos surpreendidos diariamente com as peripécias de líderes oportunistas em vários países e em inúmeros negócios e situações.

As constantes turbulências, conflitos e guerras regionais que têm abalado o mundo causando ondas de migração, refugiados, desemprego e afetando a vida de milhões de pessoas, não se originam apenas de uma situação de falta de crédito ou de recursos naturais, mas também da carência de líderes inspiradores e responsáveis. A crise tem sido, em muitos casos… de liderança!

Assistimos ao triste espetáculo de empresas sólidas se desmancharem quando o fundador desaparece. Faltam sucessores preparados capazes de liderar a empresa rumo a um novo patamar. Na maioria delas ainda predominam os chefes, em vez de líderes. As empresas insistem em gastar verdadeiras fortunas apenas para formar gerentes mais eficientes, mas não conseguem formar líderes eficazes. Em muitos casos, faltam até mesmo substitutos imediatos para as posições chave.

O grau de frustração é muito maior do que imaginamos em vários segmentos, não apenas entre executivos, mas também entre profissionais liberais — médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, comerciantes em diversos tipo de negócio. As causas são recorrentes: dificuldades para liderar equipes, falta de comprometimento das pessoas, desavenças entre sócios,problemas de comunicação, resultados insatisfatórios, conflito de valores, dentre vários outros.

A consequência tem sido um elevado e crescente índice de distúrbios de saúde mental, tais como depressão, burnout, insônia e as decorrentes doenças fisiológicas causadas pelos inúmeros problemas emocionais. Até o índice de suicídio no Brasil tem assumido índices alarmantes.

Precisamos evoluir do modelo de liderança herdado da era industrial para um mais apropriado para a intensa dinâmica da época atual. Mas quais são, então, as competências do novo tipo de líder que tanto precisamos desenvolver?
Os líderes inspiradores possuem algumas forças que funcionam como alavancas para o seu sucesso:

Força #1: Oferecem um propósito, em vez de apenas empregos e cobrar tarefas ou metas. Fornecem às pessoas aquilo que mais desejam: significado para suas vidas, uma bandeira, uma razão de ser para suas existências;

Força #2: Formam outros líderes, em vez de apenas seguidores. Não se satisfazem em ter atras de si um grupo de liderados seguindo fielmente o rumo traçado e recompensados pela sua lealdade que as vezes beira à subserviência.

Força #3: Constroem pontes, em vez de paredes. Atuam onde fazem a diferença. Não comandam apenas uma equipe de subordinados dentro dos muros de uma empresa. Atuam em todo ecossistema do negócio exercendo a liderança também “fora” da empresa com clientes, fornecedores, formadores de opinião, comunidades, etc.

Força #4: Surpreendem pelos resultados, em vez de apenas cumprir metas. Fazem mais que o combinado, entregando resultados incomuns obtidos de pessoas comuns. Sabem compatibilizar o hoje com o amanhã. Constroem no presente, a excelência do futuro.

Força #5: Inspiram pelos valores, em vez de se fiar apenas na hierarquia ou no carisma. Criam um clima de ética, integridade, confiança, respeito, transparência, aprendizado contínuo, inovação, paixão e humildade.

Se desejamos construir empresas mais saudáveis, famílias mais felizes e comunidades mais solidárias, precisamos mudar nossa forma de pensar e de exercer a liderança.

César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda