Campos Neto afasta tensão política
Por Paula Cristina
Depois da tensão ideológica que dividiu o time de diretores do Banco Central na última reunião do Copom, que firmou a redução da Selic em 0,25 ponto percentual (para 10,5%), após seis quedas de meio ponto consecutivas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que, mesmo diante da divisão, prevaleceu a visão técnica sobre a política econômica. Em almoço com empresários na segunda-feira (27) na capital paulista, Campos Neto disse que o entendimento de que houve uma mudança no cenário macroeconômico foi unânime. Já a decisão pela queda, não. Segundo ele, houve uma discussão sobre se valeria a pena tomar uma decisão diferente do que havia sido anunciado na reunião anterior. Em março, o BC comunicou que promoveria um corte de 0,5 ponto percentual, mas decidiu por 0,25 em maio. “Entendemos que a divisão gerou ruído. O que temos que fazer é comunicar que foi técnica. O comitê pesou o custo e benefício de se manter um guidance que tinha sido comunicado na reunião anterior e entendemos que existia espaço para mudar o guidance [diante das alterações de cenário]”, afirmou. Segundo ele, há uma tentativa de politizar as decisões. “Não foi isso que aconteceu. É só mais um momento que temos que manter a serenidade, falar que foi técnico. O tempo é o melhor remédio, acho que as nossas decisões vão mostrar que são técnicas.” Sobre o cenário de incertezas, o argumento do presidente do BC é de que há um aumento de anomalias climáticas em todo mundo e que isto dificulta o trabalho da autoridade monetária. O presidente do órgão disse que este tipo de acontecimento impacta diretamente as decisões monetárias, já que questões no clima podem encarecer o preço dos alimentos e de energia elétrica, por exemplo.
Mercado de trabalho
5,4 milhões de nem-nem
Um dado preocupante para quem pensa no futuro da economia: Aumentou o número de jovens, entre 14 e 24 anos, que não trabalham, não estudam nem buscam trabalho. Se nos três primeiros meses do ano passado o contingente de jovens “nem-nem” somava 4 milhões de pessoas, no mesmo período deste ano alcançou 5,4 milhões. O levantamento foi feito pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego. Os dados foram divulgados durante o evento Empregabilidade Jovem, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) na segunda-feira (27), em São Paulo. Cerca de 17% da população brasileira é formada por jovens entre 14 e 24 anos, que somam 34 milhões de pessoas. Desse total, 18 milhões de jovens estavam em ocupação e/ou procurando emprego no primeiro trimestre deste ano.
R$ 3 trilhões
Brasil no centro da recuperação climática
O Brasil tem potencial para ser um centro global de soluções climáticas, com oportunidades de investimento que podem chegar a US$ 3 trilhões até 2050. A estimativa é do estudo Seizing Brazil’s Climate Potential (Aproveitando o Potencial Climático do Brasil), divulgado na segunda-feira (27), pela Boston Consulting Group (BCG). Em relação ao potencial teórico para soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês), o País aparece na dianteira na comparação com outras oito economias:
• China,
• Indonésia,
• União Europeia,
• Índia,
• Rússia,
• México,
• Estados Unidos,
• e Austrália, que complementam, respectivamente, o ranking.
Mundo
Indústria chinesa reage em Abril
Os lucros das indústrias da China voltaram a subir em abril, enquanto o crescimento nos primeiros quatro meses se manteve estável. Foi o que informou na terça-feira (28) o Escritório Nacional de Estatística, autarquia do governo chinês. A alta indica que as políticas estatais para impulsionar a economia já mostram seus efeitos. Entre janeiro e abril houve incremento de 4,3%, sobre um ano antes. Em abril, os lucros subiram 4,0%, após uma queda de 3,5% em março. A melhoria indica “uma recuperação na demanda do mercado, apoio da política macroeconômica e a base baixa do ano passado”, disse Zhou Maohua, pesquisador macroeconômico do China Everbright Bank.
IPCA
Mercado eleva previsão de preços ao consumidor
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – teve elevação, passando de 3,8% para 3,86% este ano. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (27). Para 2025, a projeção da inflação também variou de 3,74% para 3,75%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,58% e 3,56%. A estimativa para 2024 está dentro do intervalo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas de inflação estão fixadas em 3%, com a mesma tolerância. A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano permaneceu em 2,05%.
R$ 53 bilhões
Foi o volume negociado nos 10 meses de duração do programa Desenrola Brasil, informou o Ministério da Fazenda. Ao todo foram revistas as dívidas de mais de 15 milhões de pessoas. O resultado corresponde a um alcance de metade das 30 milhões de pessoas aguardadas inicialmente
Errata
Diferentemente do publicado no último parágrafo da matéria “Nova luz no mercado financeiro”, na edição 1376, a frase exata da presidente da ABBC, Silvia Scorsato foi: “Teremos estudos isentos, imparciais. Não é porque estamos fazendo via ABBC que vai ter interferência sobre o tema. Vamos mostrar pontos favoráveis e desfavoráveis sobre o assunto, analisando cada um deles.”