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Intercâmbio vive seu melhor momento e brasileiros mudam suas preferências

No Brasil, setor registra aumento de 22% em 2023 e novos destinos preferidos dos estudantes

Crédito: Prochasson Frederic

Depois do Canadá, Reino Unido é o segundo local na preferência dos brasileiros para estudar, superando os EUA (abaixo) em 2023, graças a maior facilidade na obtenção de visto (Crédito: Prochasson Frederic)

Por Allan Ravagnani

Viajar, conquistar o mundo e aprender um idioma novo segue sendo um dos grandes sonhos do jovem brasileiro. Nem mesmo a crise econômica pós-pandemia e a disparada do dólar nos últimos anos foi capaz de frear o mercado brasileiro de intercâmbios. De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta), o sonho de aprender e vivenciar experiências no exterior segue muitíssimo presente na pretensão dos brasileiros, com 85,7% dos estudantes tendo interesse em realizar um programa fora do País. O estudo mostrou ainda que o setor cresceu 22% em 2023 e movimentou R$ 4,6 bilhões.

Segundo o levantamento, o Reino Unido ultrapassou os Estados Unidos no ranking dos Países preferidos pelos intercambistas e agora é o vice-líder de preferência. “Essa mudança possivelmente está ligada às novas regras de visto. Dependendo do programa de estudo, como os de curta duração, o estudante não precisa dessa documentação para o Reino Unido, enquanto os Estados Unidos exigem taxas e processos de visto”, afirmou o presidente da Belta, Alexandre Argenta.

A pesquisa revelou mais dados importantes, como o fato de que o Reino Unido e os Estados Unidos estão próximos do Canadá em termos de popularidade como destino de estudos. Desde 2017, o Canadá tem ocupado posição de topo, mas há uma indicação que essa diferença tem diminuído ano após ano. Em 2023, 58,1% dos clientes que viajaram eram do mulheres, a média de clientes por agência foi de 441, e o investimento médio foi de US$ 8.316.

Além disso, o curso de graduação se tornou o quarto tipo de intercâmbio mais desejado em 2023, uma tendência que não existia anteriormente. No quesito vendas, o programa continua na sexta posição. Os favoritos seguem sendo os cursos de idiomas, seguidos por cursos com opção de trabalho temporário e cursos de férias. O idioma mais buscado é o inglês, seguido por espanhol, francês e italiano.

(Divulgação)

Para Celso Luiz Garcia, cofundador e CEO da CI Intercâmbio, uma das maiores agências do País, o momento é bom, sem dúvidas, mas talvez não o melhor da história. “A pandemia foi muito impactante para nós, então havia muita demanda represada”, afirmou Garcia, citando outros momentos, como do lançamento do Plano Real, época que o mercado aumentava mais de 100% ano após ano.

Apesar disso, a CI já cresceu 17% no primeiro trimestre de 2024 em relação a 2023, e projeta avançar 25% no consolidado do ano. Garcia citou o aumento na procura por cursos de High School, que tem tido bastante aceitação pelos brasileiros que querem passar um ano do ensino médio estudando fora.

Marina Ribeiro, da UpStudy, e Celso Garcia, da CI, concordam que 2023 foi um ano muito bom para o setor (Crédito:Divulgação )
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Na visão de uma agência de menor porte, a UpStudy Intercâmbios, que não é filiada à Belta, concordou que 2023 foi um ano sem precedentes, no qual a empresa — com foco em Austrália, Canadá e Irlanda — obteve um crescimento de 30% faturamento, com projeção de avançar mais 20% em 2024. “Foi um ano excepcional, como a Austrália, que detém 80% das nossas vendas estava completamente fechada na pandemia, 2022 foi um ano de retomada e 2023 foi a consolidação”, diz Marina Ribeiro, da UpStudy.

Para ela, apesar de problemas macroeconômicos, como a alta do dólar, desemprego e juros altos, o setor conseguiu compensar essa potencial perda de clientes com facilitações no pagamento. “Hoje em dia nós conseguimos parcelar em 12 vezes sem juros no cartão ou em mais vezes via boleto, a pessoa consegue se planejar melhor financeiramente”, disse. Ela citou também a possibilidade de o estudante ter permissão de trabalho nesses países, reduzindo os custos totais da viagem, já que ele consegue se manter com trabalhos em meio período.

Apesar do bom momento, Ribeiro sente que o mercado para Austrália e Canadá está em leve desaquecimento, por isso a projeção de crescimento para 2024 é menor. “Depois da pandemia esses países estavam mais abertos a receber estudantes, até porque o turismo educacional é um dos pilares da economia australiana, no entanto, desde novembro, eles vêm endurecendo um pouco o processo de visto”. O país dos Cangurus, por exemplo, elevou a taxa de visto para 800 dólares australianos.