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Com camisetas de tecido tecnológico, Insider cresce mais de 100% ao ano desde 2017

Fabricante de camisetas premium está em todos os cantos do YouTube, conquista o mercado e atrai o interesse de grandes players. Mas segue na sua essência

Crédito: Divulgação

Insider: marca deve avançar 165% em receitas em 2024 (Crédito: Divulgação )

Por Allan Ravagnani

Quem já assistiu algum podcast ou os vídeos de alguns dos maiores canais do YouTube não passou batido pela Insider. A empresa de camisetas básicas premium investe pesado em publicidade na plataforma de vídeos e já é um dos maiores players on-line de seu setor. Superando recentemente a Hering em roupas básicas na internet, já vendeu mais de 4,4 milhões de produtos, tem 600 mil clientes em sua base e uma taxa anual de crescimento acima de 100% desde sua fundação, em 2017. Para 2024, a projeção é avançar 165% em receitas.

A Insider nasceu a partir da necessidade e soluções para o vestiário. Incomodado com as manchas nas camisas utilizadas para o trabalho, as famosas ‘pizzas’, Yuri Gricheno, CEO e cofundador da companhia, teve a ideia de desenvolver uma undershirt com tecnologia para controle de suor.

Foi com este produto que entrou no mercado sete anos atrás, juntamente à sua sócia, Carol Matsuse, cofundadora e COO da marca. O ponto de virada da marca se deu em 2020, quando, durante a pandemia, a venda de camisetas para serem usadas por baixo de camisas despencou.

A resposta foi dada com tecnologia. A Insider criou máscaras com tecnologia antiviral nos tecidos e no ano seguinte lançou a Tech T-Shirt, carro-chefe do grupo, com fibra de origem natural que promete não desbotar, ser antiodor e desamassar no corpo.

Carol Matsuse e Yuri Gricheno participaram do programa Stanford Ignite, da Y Combinator’s Startup School e do programa Endeavour Outliers Scale-Up (Crédito:Divulgação )

Olhando hoje para a Insider, a marca está em grande exposição com o marketing de influência nas redes sociais. O CEO, no entanto, afirma que não faz nenhuma loucura com o dinheiro e que a empresa precisa ser sustentável.

Gricheno recebeu a DINHEIRO em uma sala de reunião no moderno escritório da empresa, que ocupa um andar inteiro de um prédio no final da Avenida Paulista, no coração de São Paulo, onde falou sobre a filosofia da empresa, posicionamento de marca, planos para o futuro, entre outros temas.

Inicialmente concebida para atender à demanda masculina, a empresa ampliou o portfólio e hoje a linha feminina já tem 57 produtos, contra 28 voltados para o público masculino, além de quatro opções unissex.

No lado financeiro, Gricheno afirmou que a empresa sempre deu lucro e nunca recebeu investimentos. “No início a gente se financiava com empréstimos de bancos, nunca tivemos uma rodada de investimentos, até por isso nós não podemos nos dar ao luxo de operar no prejuízo”, afirmou.

Além disso, os sócios preferem trabalhar sem divulgar algumas informações financeiras como faturamento e margem Ebitda. “A gente não divulga por conta da concorrência. Passamos a Hering e já existem grandes players de olho na gente. Então, não damos muita pista”, completou, reiterando que não pensam em vender a empresa para que não seja modificada sua identidade.

“Nós somos uma empresa on-line, não pensamos em ir para o varejo físico agora, também somos uma empresa de produtos premium, um produto que agrega mais valor. Nossas camisetas não são feitas com algodão, são feitas com modal, que é um tecido mais nobre, mais caro, porém, mais confortável e que garante as principais características dos produtos da marca”, disse.

Segundo o executivo, se a empresa fosse comprada por um grande grupo, ela perderia sua essência, passaria a vender no varejo físico, teria produtos em tecidos menos nobres, como poliéster e algodão, podendo perder clientes fiéis em troca da massificação.

O escritório central ocupa um andar na Avenida Paulista e concentra as principais operações administrativas (Crédito:Divulgação )

PRODUÇÃO

Em modelo Asset Light, a Insider não tem uma estrutura fabril. A empresa trabalha com parceiros estratégico em toda a cadeia têxtil, desde a importação da fibra, passando pelas fiações que produzem o fio, as mais de dez malharias e 20 confecções que fazem a montagem final do produto.

“Toda a cadeia é fiscalizada e auditada para se garantir condições de trabalho dignas”, afirmou. Apesar de não centralizar a produção, Gricheno garante que todo o processo é acompanhado de perto, trabalhando a quatro mãos, seguindo os parâmetros do time interno, que desenvolve o produto desde o estilo das roupas até as tecnologias têxteis que podem ser incorporadas em todo o processo, para garantir a qualidade final.