Finanças

Fintech Simplic busca superar marca de R$ 2 bi em empréstimos pessoais em 2024

Uma das principais fintechs especializadas em crédito pessoal supera a marca de R$ 1 bilhão em empréstimos voltados ao público de baixa renda, negativados e sem acesso a crédito em bancos tradicionais

Fintech Simplic busca superar marca de R$ 2 bi em empréstimos pessoais em 2024

Brasil é tereno fértil para a Simplic: mercado de empréstimos ao consumidor é estimado em R$ 43 bilhões

Por Jaqueline Mendes

A persistência dos juros altos não tem esfriado o apetite da baixa renda em buscar crédito. Os números da Simplic, uma das maiores plataformas de crédito pessoal do País, comprovam isso. No primeiro trimestre deste ano, a fintech recebeu mais de 1 milhão de solicitações de empréstimos por mês – o melhor resultado desde sua fundação, em 2014. Foram analisadas mais de 10 mil propostas por dia. Com isso, a empresa superou a marca de 14 milhões de pessoas em sua plataforma e emprestou mais de R$ 1 bilhão. Boa parte do dinheiro tem sido utilizada para quitação de dívidas antigas e mais caras. A Simplic é subsidiária da americana Enova, empresa líder em tecnologia financeira que já concedeu mais de US$ 53 bilhões empréstimos e alcançou uma receita de US$ 2,1 bilhões no ano passado.

Segundo o diretor-executivo da Simplic, Rogério Cardozo, a companhia planeja chegar ao segundo bilhão ainda este ano. “A demanda está muito aquecida. A população das classes C, D e E é particularmente vulnerável a despesas inesperadas, as quais podem causar um impacto significativo em suas finanças pessoais”, disse o executivo. “Muitas vezes, estão negativadas ou possuem pontuações de crédito muito baixas, o que resulta em recusas automáticas por parte de bancos e outras instituições financeiras.”

Para operar no Brasil, a Simplic, que foi precursora dos modelos de crédito digital no País, teve como aliada o Pinheiro Neto, um dos maiores escritórios nacionais de advocacia. Na época de sua fundação, apesar de possuir toda estrutura, capacidade e expertise, a atividade de empréstimo demandava autorização prévia do Banco Central, um desafio para uma fintech recém-chegada no mercado.

A solução encontrada foi utilizar uma instituição financeira parceira já aprovada pelo BC para realizar as operações. “Dessa forma, o risco de crédito era transferido pela Simplic, como subsidiária da Enova, que por sua vez disponibilizava os recursos e assumia os riscos”, disse Bruno Balduccini, sócio do Pinheiro Neto, que teve um papel relevante na formatação jurídica do modelo de negócio.

“Uma vez que a burocracia legal estava resolvida, fomos surpreendidos com a velocidade com que os brasileiros tomaram empréstimos, alcançando a mesma cobertura nacional dos grandes bancos sem uma única agência física”, disse Balduccini. “Era o início de uma revolução no sistema bancário e colocava a Simplic como vetor de competição, o que agradou muito o BC.”

(Divulgação)

“A demanda está muito aquecida. As classes C, D e E são particularmente vulneráveis a despesas inesperadas.”
Rogério Cardozo, diretor-executivo da Simplic

A empresa utiliza tecnologia de inteligência artificial, machine learning e big data para analisar os dados dos usuários com mais de 200 variáveis, dando respostas precisas às solicitações de crédito, em até três segundos, além de trazer uma melhoria de 40% na previsibilidade de pagamento em comparação às instituições financeiras tradicionais.

Com um mercado de empréstimos ao consumidor estimado em R$ 43 bilhões no Brasil, a Simplic está, segundo Cardozo, bem posicionada para continuar sua trajetória de crescimento e inovação, oferecendo soluções financeiras que atendam às necessidades dos brasileiros de forma rápida e confiável. A plataforma oferece empréstimos entre R$ 500 e R$ 3,5 mil, que podem ser pagos em três, seis, nove ou doze vezes, tudo de forma digital.

CRÉDITO

A Simplic tem surfado no embalo do mercado.
O volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 5,8 trilhões no ano passado, aumento de 7,9% sobre 2022, segundo dados do Banco Central (BC).
Em 2023, o crédito livre alcançou R$ 3,4 trilhões, expansão de 5,2% no ano e desaceleração em relação a 2022 quando variou 14,9%.
O crédito direcionado atingiu R$ 2,4 trilhões ao final do ano, com incremento de 11,8% no ano.
Já o crédito livre às famílias atingiu R$ 1,9 trilhão, crescimento de 7,9% no ano – entre as modalidades crédito pessoal não consignado, crédito consignado de servidores públicos e de beneficiários do INSS, aquisição de veículos, cartão parcelado e cartão à vista, bem como a redução no cartão rotativo.