Ambipar transforma lixo em lucro
Por Alexandre Inacio
Líder em gestão ambiental no Brasil, a Ambipar destinou no ano passado pouco mais de 51 mil toneladas de resíduos sólidos para reciclagem. O volume representou uma evolução de 54% em comparação às 33 mil toneladas de 2022. Para 2024 a meta é um pouco mais ousada. A empresa quer dar um novo uso para 90 mil toneladas de vidro, plástico, papelão e alumínio descartados pelo Brasil. “Temos o objetivo de liberar a economia circular de baixo carbono até 2030. O elo do pós-consumo é o mais difícil, um verdadeiro pesadelo logístico e, por isso, estamos estruturando, capacitando e formalizando a governança e a gestão das cooperativas”, disse à DINHEIRO Rafael Tello, diretor de sustentabilidade da Ambipar. Só em 2023, a companhia desembolsou R$ 4,7 milhões para modernização de instalações das centrais de triagem. Os recursos foram destinados para melhorar a infraestrutura e adquirir novos equipamentos, buscando agregar valor. Apesar do trabalho bem-sucedido da empresa, o executivo considera que a política nacional de resíduos sólidos, de 2010, precisa ser modernizada para ir além da simples gestão dos resíduos. “A discussão precisa estar na promoção da economia circular”, disse.
Aquecimento
Mais empresas na causa ambiental
Entre as 1.136 empresas brasileiras que reportaram publicamente dados sobre mudanças climáticas no ano passado, 42% declaram ter alguma iniciativa efetiva para reduzir suas emissões de gases que provocam o aquecimento global. O levantamento é do Carbon Disclosure Program (CDP), entidade internacional que administra o maior sistema de divulgação de dados ambientais corporativos do mundo. Em 2022, o índice foi de 35%. Apesar da melhora, ainda há muito o que ser feito. Apenas 22% das empresas têm metas de redução de emissões. Dessas, 25% foram alcançadas, 31% estão reduzindo suas emissões conforme o planejado e 9% ultrapassaram as suas metas. Porém, para 4%, apesar do andamento, as metas ainda não estão na velocidade definida. “Mesmo com importantes progressos, o atual retrato está aquém do necessário para reduzirmos os impactos estimados das mudanças climáticas”, disse Rebeca Lima, diretora-executiva do CDP Latin America.
Crédito
Caramuru emite US$ 10 milhões em AOC Verde
A Caramuru Alimentos, uma das maiores indústrias de processamento e exportação de grãos do Brasil, fechou seu primeiro Adiantamento de Operações de Câmbio (AOC) Sustentável, no valor de US$ 10 milhões. A operação foi conduzida pelo Banco BV, que antecipou à empresa uma parte do valor de uma exportação a ser realizada pela companhia. Os recursos serão utilizados pela Caramuru para aquisição de soja, milho e girassol dentro da política de sustentabilidade da companhia. Entre as regras está a originação de matéria-prima de produtores rurais que cultivam grãos de maneira sustentável, contratação de serviços de transporte com baixa emissão de gases de efeito estufa e transporte das mercadorias em modais com baixa emissão. “Ao firmar o AOC, garantimos a adequação do uso dos recursos para pilares importantes, como a compra de soja destinada à produção de biocombustível ou a de milho e girassol com fornecedores que tenham o Selo Sustentar, nosso atestado de sustentabilidade da produção”, disse Júlio César da Costa, presidente da Caramuru.
Green Deal
Europa aprova lei de restauração da natureza
Após meses de impasse e um placar bastante apertado, os países da União Europeia aprovaram a sua lei de restauração da natureza. O novo regulamento estabelecerá metas juridicamente vinculativas para restaurar 20% dos ecossistemas terrestres e marinhos degradados do bloco até 2030. O objetivo é cobrir 100% dos ecossistemas até 2050. O avanço na aprovação só foi possível depois da mudança de posição da Áustria. A Eslováquia, que já tinha manifestado publicamente dúvidas sobre a proposta, também apoiou o texto, permitindo que a lei fosse aprovada por uma margem estreita, de 20 países que representam 66% da população da UE. O limiar para aprovação por maioria qualificada é de 65%.No entanto, o texto final desidratou os compromissos para o setor agrícola. Na prática, foi criada uma espécie de “trava de emergência”, que permite que as metas ao setor possam ser suspensas “em circunstâncias excepcionais” que ameacem a segurança alimentar.
Enchentes
Resíduos do RS vão virar eletrodomésticos
Com o nível dos rios baixando no Rio Grande do Sul, os municípios gaúchos começam a lidar com um outro problema: o que fazer com os resíduos. O volume de entulho, móveis destruídos, eletrodomésticos danificados e outros pertences chega a 47 milhões de toneladas. A paulista BLZera foi uma das primeiras selecionadas pela prefeitura de Porto Alegre para dar uma destinação aos resíduos. A empresa pretende recolher nos próximos quatro meses cerca de 90 mil toneladas, dando início a um dos maiores projetos sócio-ambientais do país. O primeiro passo está sendo separar o material da lama para ser enviado a São Paulo. Na capital paulista, os resíduos são descontaminados, processados, transformados em matérias-primas e revendidos para as indústrias. Na lista de compradores estão nomes como Ambev, Coca-Cola, Braskem, Dow, Fox eletrônicos, entre outros.