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Afinal, Cimed vai comprar a Jequiti de Silvio Santos? Entenda o mistério

Aquisição da empresa de cosméticos visa diversificar portfólio, ampliar presença no mercado de beleza e da rede de distribuidoras

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Em 2023, a Cimed alcançou R$ 3 bilhões em receitas, tendo como meta chegar aos R$ 5 bilhões de faturamento até 2025 (Crédito: Divulgação )

Por Allan Ravagnani

Na última semana o mercado e a imprensa noticiaram que as negociações entre o Grupo Cimed e o Grupo Silvio Santos, para realizar a transação da Jequiti Cosméticos, estavam em fase final. Avaliada em aproximadamente R$ 450 milhões, segundo informações do mercado, a Jequiti pode representar um passo estratégico para a Cimed, que visa diversificar seu portfólio e ampliar sua atuação no segmento de beleza e higiene pessoal. Procuradas pela DINHEIRO, a Cimed respondeu “não ter nenhuma informação” sobre o negócio, enquanto a Jequiti sequer retornou aos e-mails. Um silêncio que diz muito no mundo corporativo.

A aquisição da Jequiti permitiria à Cimed expandir sua oferta de produtos para além dos medicamentos genéricos. Caroline Sanchez, analista da Levante Inside Corp, falou à DINHEIRO que “essa diversificação permite que a Cimed explore novos segmentos de mercado e reduza sua dependência exclusiva do mercado de genéricos”. A Jequiti, com mais de 500 produtos em perfumaria, maquiagem e cuidados diários, oferece uma ampla gama que complementa a linha da farmacêutica.

Com a compra da empresa de Silvio Santos, a Cimed pretende também fortalecer sua posição no varejo, aproveitando a grande rede de revendedoras porta a porta da marca de cosméticos. “Ao adquirir a Jequiti, a Cimed expande sua presença no varejo e ganha escala, fortalecendo sua posição competitiva no mercado farmacêutico e de beleza, que tem uma demanda muito aquecida”, afirma Sanchez.

Atualmente, a Jequiti conta com cerca de 260 mil consultoras em todo o Brasil, uma rede que a Cimed poderá utilizar para impulsionar suas vendas diretas.

A Jequiti, sendo uma empresa de capital fechado, não divulga seus resultados financeiros, o que torna a avaliação dessa transação um desafio.

Rogério Paulucci Mauad, professor de Finanças nos cursos de pós-graduação da Fipecafi, explica que “para sabermos se o valor de R$ 450 milhões pela aquisição da empresa é justo, precisaríamos ter acesso aos principais números da empresa, tais como lucro líquido por ação, Ebitda e os níveis de endividamento”.

Comparando com concorrentes como a Natura, que negocia a múltiplos mais altos, a Jequiti, com sua marca consolidada e canal de distribuição direto, pode ser considerada um ativo valioso.

Outro ponto observado pelos analistas foram os ganhos com as sinergias operacionais, como o compartilhamento da infraestrutura logística, administrativa e de compras, resultando maior eficiência e redução de custos. “Essa sinergia pode melhorar a rentabilidade da operação combinada”, seguiu Caroline Sanchez. A integração das operações das duas empresas pode potencializar a distribuição e a presença de ambas no mercado.

Ao avançar no segmento de cosméticos e higiene pessoal, a Cimed se torna menos dependente do mercado de medicamentos, o que reduz os riscos e torna a empresa menos suscetível a oscilações específicas desse setor. “Essa diversificação de receitas fortalece a Cimed como player relevante não apenas no mercado farmacêutico, mas também no de beleza e higiene pessoal”, ressaltou Caroline.

Além disso, a transação também pode aumentar a concorrência no setor, beneficiando os consumidores com mais opções e preços competitivos. “Essa movimentação pode impactar positivamente a dinâmica concorrencial do setor, trazendo benefícios aos consumidores finais”, afirmou Caroline.

Jequiti é conhecida nacionalmente e famosa pelas propagandas exibidas no SBT, emissora do fundador Silvio Santos (Crédito:Divulgação )

ROLETRANDO

• Fundada em 2006, a Jequiti é reconhecida nacionalmente e famosa pelas propagandas no SBT, emissora de televisão do fundador Silvio Santos.
 Com mais de 500 produtos e uma rede de 260 mil consultoras, a marca tem um forte apelo no mercado brasileiro.
Em 2023, a Cimed alcançou R$ 3 bilhões em receitas e um lucro de R$ 248 milhões, tendo como meta chegar aos R$ 5 bilhões de faturamento até 2025. A aquisição da Jequiti é parte dessa estratégia de crescimento.

Hoje o Grupo Cimed tem muito a cara de João Adibe Marques, 52 anos, presidente da empresa que tem bastante atuação e exposição nas redes sociais promovendo os produtos e a companhia.
A empresa, no entanto, foi fundada em 1977, por seu avô João de Castro Marques, que já atuava no setor farmacêutico, tendo fundado o laboratório Prata na década de 1950.
Adibe começou a trabalhar na empresa aos 15 anos, se envolvendo diretamente na operação do negócio.
Nos últimos 30 anos, junto de sua irmã, Karla Marques, está na liderança do grupo.
De acordo com a Forbes, a fortuna de João Adibe é estimada em R$ 4,7 bilhões. Ele entrou para o ranking de bilionários brasileiros da revista em 2023.

João Adibe Marques, CEO da Cimed, tem interesse em explorar mais o canal de vendas diretas da farmacêutica (Crédito:Claudio Gatti)

Em entrevista concedida à edição de maio da revista Exame, João Adibe Marques, CEO da Cimed, revelou seu interesse em explorar o canal de vendas diretas. Adibe mencionou que sua aposta para o último trimestre de 2024 é a venda porta a porta de perfumes e maquiagens, usando farmácias como pequenos centros de distribuição para a venda direta ao consumidor final.

O mercado de venda direta no Brasil atualmente emprega mais de 3,5 milhões de empreendedores independentes, conforme dados da Associação Brasileira de Venda Direta (ABDV). Esse modelo de negócios ganhou popularidade com revendedoras de marcas renomadas como Natura, Boticário, Avon e Jequiti.

Em 2023, o volume de negócios girado por essas trabalhadoras foi de aproximadamente R$ 47 bilhões.