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Logística: BBM aposta pesado em tecnologia para “sair na frente”

Transformação digital impulsiona crescimento e eficiência na companhia, uma das maiores operadoras logísticas do Brasil e Mercosul

Crédito: Divulgação

'Quem, neste ramo, não investir em novas tecnologias, está fadado a quebrar em menos de cinco anos”, diz Antonio Wrobleski, CEO da BBM Logística (Crédito: Divulgação )

Por Allan Ravagnani

Desde suas origens, há 27 anos, a BBM Logística percorreu um longo caminho, firmando-se como uma das cinco maiores operadoras logísticas do Brasil e do Mercosul. Com uma frota de 4,5 mil veículos e mais de 20 milhões de entregas anuais, a empresa se destaca pela escala de suas operações e pela ousadia de transformar seu modelo de negócios. A partir de sua sede em São José dos Pinhais (PR), a BBM, com um faturamento anual superior a R$ 2 bilhões, lidera o que chama de “revolução silenciosa” ao se propor a ser uma empresa de tecnologia que transporta cargas.

No mercado brasileiro de transportadores, onde 95% são pequenos negócios ou entregadores individuais, a BBM, figura entre as cinco maiores companhias do setor, que somadas detêm apenas 5% de todo o bolo. Antonio Wrobleski, presidente da companhia, conversou com a DINHEIRO sobre esse imenso potencial de crescimento. “O setor de logística cresce, historicamente, três pontos percentuais acima do PIB, o e-commerce não para de ganhar espaço, então o trabalho vai continuar existindo, mas quem aprender a utilizar a tecnologia nesse negócio vai sair na frente”, afirmou.

A BBM não nasceu grande, mas sempre teve grandes ambições. Liderando a companhia há 10 anos, Wrobleski implementou um grande salto de crescimento.

Nos últimos anos, para se enquadrar entre as maiores do País, a empresa passou por um ciclo significativo de aquisições, incorporando a Transeich em 2018, a Translovato em 2019, a Translag e a Diálogo em 2020, consolidando sua presença no mercado. Listada no Bovespa Mais desde 2020, que permite um acesso gradual ao mercado de capitais, o CEO prepara a abertura de capital (IPO) da companhia para 2026.

O uso da tecnologia na logística reduz os custos de viagem, economiza tempo, combustível e reduz a poluição e o desgaste da frota (Crédito:Divulgação )

O executivo, faixa preta de jiu-jitsu há 15 anos, exemplifica utilizando a disciplina e a determinação necessárias para guiar essa transformação. “Se não utilizar tecnologia na área de transportes, a empresa morre em pouquíssimos anos”, completou.

A fala de Wrobleski, filho de um refugiado polonês, faz ainda mais sentido quando ele exemplifica. “Digitalizar não é só ter um site, mas é automatizar o processo de logística, conectando todas as pontas, otimizar a mão de obra, reduzir gargalos e dar mais transparência aos envolvidos, desde a empresa que vende, o transportador e o consumidor final.”

A introdução de Inteligência Artificial, análise de dados e gestão automatizada têm desempenhado um papel bastante relevante na redução de custos e no crescimento financeiro da companhia. “Dentro dos investimentos da empresa, estão IA e Big Data para ajudar na implementação de soluções que conectam e gerenciam os processos em tempo real. A partir disso, usaremos os dados coletados para gerar as melhores soluções para o cliente”, disse o executivo.

Entre as tecnologias já implementadas estão:
Sistemas de rastreamento que monitoram veículos, cargas e motoristas, garantindo maior controle e segurança nas operações.
IoT (Internet das Coisas), que permite a troca de informações entre diferentes dispositivos e equipamentos, ampliando a conectividade e a eficiência.
 IA está sendo utilizada tanto por funcionários quanto por clientes. Internamente, a tecnologia auxilia na produtividade ao fornecer respostas rápidas sobre a logística, como identificação de cargas que possam não cumprir os acordos de nível de serviço (SLA) e determinação dos melhores horários e rotas para envio.

“O grande benefício é que a IA vai trazer as informações até as pessoas em vez das equipes analisarem dados do passado de forma manual. A solução faz isso e traz insights para aprimorarmos o processo, reduzindo cada vez mais as perdas”, destacou Wrobleski.

Para os clientes, a IA está disponível através do portal, permitindo consultas e simulações como previsão de entrega e rastreamento de cargas. Isso proporciona maior visibilidade e transparência nas operações logísticas.

Há também a aplicação de ferramentas de IA na manutenção preventiva dos veículos. Fato este que já está trazendo resultados positivos. A combinação de inteligência artificial com análise preditiva permite identificar possíveis problemas antes que eles ocorram, como o desgaste dos pneus dos caminhões, o que garante maior segurança nas estradas.

Além disso, com a digitalização, a BBM também está otimizando suas rotas e planejamentos de viagens, analisando dados sobre tráfego, demanda de clientes, restrições de transporte e condições climáticas, melhorando cada vez mais a eficiência e a rapidez nos processos.

PROJEÇÕES

Para 2024, a BBM prevê continuar otimizando suas operações e investindo em tecnologias avançadas.

A empresa planeja expandir o uso de sua plataforma digital para garantir que todas as operações de carga fracionada estejam integradas até o final do primeiro semestre. Wrobleski não abriu os números do investimento. “Como ainda não temos capital aberto, podemos segurar um pouco a curiosidade da concorrência. Mas é bastante”, ressaltou.

Na ponta da redução de custos, aumento da produtividade, rentabilidade e gestão das despesas administrativas, o CEO tem promovido uma racionalização dos processos e maior sinergia entre as áreas. O projeto Plataforma Digital segue em andamento, e o programa de excelência operacional, BBM Lean, em execução, com treinamento de pessoal e introdução de novos controles. Durante o primeiro trimestre, a BBM otimizou a estrutura da operação no setor florestal, reduzindo seu tamanho nesse segmento. A execução da Torre de Controle continua em evolução, com a introdução de controles mais rígidos sobre os custos com pneus, combustível e manutenção dos equipamentos. Os treinamentos das equipes através dos programas de “kaizens” seguem em andamento, além da aplicação de um roteirizador próprio, que vai trazer uma redução na quantidade de quilômetros rodados, além dos projetos de reorganização da malha logística, que tem o objetivo de reduzir em até 25% os custos com armazéns logísticos e melhorar a eficiência e competitividade da rede logística.