FII e Fiagro na mira das taxas
Por Paula Cristina
Os únicos fundos de investimentos que passaram incólumes das novas regras do mercado financeiro promovidas pelo governo Lula, o FII e Fiagro podem estar na berlinda. Fontes ligadas ao ministério do Planejamento confirmaram à DINHEIRO que há estudos sobre implementar algum nível de tributação nos fundos, como forma de fortalecer a arrecadação do governo Lula. A ação se daria para repor os recursos abdicados com a desoneração da folha. A incidência, o valor e a expectativa de envio ao Congresso, no entanto, seguem incertas.
Até agora, o governo estaria conversando sobre a viabilidade do plano e, segundo a fonte, uma ideia seria incluir o imposto em um dos projetos de lei complementares de regulamentação da Reforma Tributária (PLP 68/2024). Nesse caso, o IR no dividendo distribuído para pessoa física seria mantido, e a taxas aplicadas nas receitas desses fundos.Depois do assunto começar a circular no Congresso, o deputado Reginaldo Lopes, da base governista, afirmou que tal discussão não passou pelo grupo de trabalho da Reforma Tributária na Câmara, o que não impede, na prática, de o governo pensar em outras formas de avançar com o assunto.
R$ 4,3 bilhões Foi o total retirado pelos estrangeiros da Bolsa no mês de junho. O resultado foi o pior para o período desde 2018. No ano, o capital externo está negativo em R$ 40,122 bilhões, o pior desempenho desde 2020, quando havia reflexos da pandemia, que levaram a uma saída de R$ 76,504 bilhões em seis meses.
R$ 1 bilhão Em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) devem ser distribuídos por empresas listadas na Bolsa brasileira em julho. A maior cifra virá da Alupar, que deve pagar pouco mais de R$ 230 milhões ainda este mês. A TIM, o Itaú, Bradesco e Aura Minerals são alguns dos destaques da agenda.
Termômetro
Pequenas indústrias em alerta
O mau humor que parece ter dominado o mercado financeiro também tem aparecido entre as indústrias, em especial as de menor porte. Segundo dados do Simpi, sindicato que representa as pequenas e micro do Estado de São Paulo, houve uma sensação de piora na macroeconomia no final do primeiro semestre, levando o indicador, que varia de 0 a 200 pontos, de 98 para 93 pontos.
Pelas métricas, sendo zero o pessimismo absoluto e 200 o otimismo absoluto, números inferiores a 100 indicam uma visão mais negativa dos empresários. Segundo Joseph Couri, Presidente do Simpi, a incerteza indicada pelos empresários está relacionada aos ruídos que o governo federal tem causado e os reflexos disso com o fim do ciclo de cortes da Selic. “A taxa de juros afeta acesso ao crédito, eleva o nível de inadimplência, restringe o mercado produtivo, afetando também a empregabilidade, além de instrumentalizar a política contracionista”, disse.
Se a política monetária parece problemática, a política econômica requer igual atenção. Dos aumentos de taxas, revisão de subsídios, até a polarização que as eleições municipais devem trazer, a mensagem dos empresários tem sido esperar para ver. Esse movimento, explica Couri, resulta em um ambiente de negócio desfavorável e que impede o Brasil de atingir o crescimento potencial para 2024.