Heineken passa a intermediar energia verde para clientes; entenda
Cervejaria entra no mercado de energia distribuída e avança no seu programa sustentável em parceria com Raízen e Ultragaz, grandes players do setor
Por Beto Silva
A Heineken acaba de entrar no mercado de energia verde. Para anunciar o projeto chamado Spin, a cervejaria realizou no fim de junho um evento de divulgação na maior roda-gigante da América Latina, na Vila Hamburguesa, em São Paulo. E a roda, que geralmente segue no sentido horário, girou em sentido oposto naquele dia, para mostrar que é possível fazer diferente. “É um convite a todos. Para a gente provocar o setor empresarial do Brasil e nós, como seres humanos, que precisamos juntos resolver um problema coletivo. Dá, sim, para ter esperança no futuro”, disse o CEO da Heineken Brasil, Maurício Giamelaro. Para escalar essa nova linha de negócio, a companhia tem grandes players do setor como parceiros. Raízen Power e Ultragaz Energia vão operacionalizar o serviço de energia distribuída.
A Heineken já utiliza energia distribuída desde 2021 em suas 14 cervejarias e 30 centros de distribuição no País, que trabalham as 17 marcas do grupo – entre elas:
• Sol,
• Amstel,
• Eisenbahn,
• Baden Baden,
• Devassa,
• Schin,
• Glacial,
• Lagunitas,
• Blue Moon,
• e Tiger.
Mais do que isso, já tem 40 mil contratos para fornecimento de energia distribuída a clientes (bares e restaurantes) e consumidores (pessoas físicas). No modelo de negócio da Spin, a Heineken entra como intermediária entre quem vai usar e quem vai vender energia. “Os parceiros entram com o fornecimento de energia e a Heineken usa sua base de clientes. É a ponte entre quem está produzindo e quem quer consumir energia distribuída”, disse Rafael Rizzi, diretor de Novos Negócios da Heineken Brasil.
• Com seus 40 mil pontos, a Heineken já é a empresa que mais conecta fornecedores de energia distribuída a clientes no Brasil.
• Com a divulgação e a formalização do negócios em seu ecossistema, o projeto ganha mais força. A meta é chegar a 50 mil contratos ainda neste ano.
• Além disso, o compromisso é fazer com que 50% dos 900 mil pontos de venda cadastrados na cervejaria adotem energia renovável até 2030.
• O desconto na conta de consumo energético é de até 20% para o bar ou restaurante que aderir ao programa, garantem os parceiros.
“Os parceiros entram com o fornecimento de energia e a heineken com a base de clientes. É a ponte entre quem produz e quem consome.”
Rafael Rizzi, diretor de Novos Negócios da Heineken Brasil
Como incentivadora e facilitadora da migração de clientes e consumidores para a energia renovável, a Heineken tem adotado a estratégia de chegar a esses potenciais consumidores por disparo de e-mail e contato direto nos pontos de venda.
Ao aderir ao programa, o contratante começa a receber dos parceiros Raízen Power e Ultragaz Energia a energia proveniente de fonte solar, eólica, de micro usinas ou biogás.
Não muda nada para a pessoa ou estabelecimento que aderir. “A medição e a conta de energia continuam da mesma forma, mas com o desconto na parte de distribuição”, explicou Mauro Homem, vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos do Grupo Heineken.
E a cada contrato fechado, a cervejaria fica com um percentual da venda do serviço. Vira uma receita recorrente para a companhia. “É um projeto autossustentável, pois esses recursos que entram são reinvestidos no programa”, completou o executivo, sem revelar valores.
40 mil
contratos de energia distribuída tem hoje a heineken
900 mil
clientes, entre bares e restaurantes possui a cervejaria
MUDANÇA
A geração distribuída é diferente da energia normalmente consumida nos grandes centros brasileiros.
• O mercado de energia considerado normal chega às casas e estabelecimentos por conexão ao grid nacional, que pode estar em qualquer lugar do Brasil. É energia elétrica que corre pelas linhas de alta tensão de transmissão.
• Já a geração distribuída é produzida em usinas de energia limpa, que têm de estar mais próximas dos consumidores, dentro da mesma área da atuação da concessionária.
O projeto está disponível nos Estados de:
• Minas Gerais,
• Paraná,
• Santa Catarina,
• Rio Grande do Sul,
• Ceará,
• Pernambuco,
• Alagoas,
• Rio Grande do Norte,
• Bahia,
• Mato Grosso,
• Mato Grosso do Sul,
• e São Paulo (Interior e Litoral).
Segundo Rafael Rizzi , o desafio é fazer o consumidor conhecer, acreditar e aderir a esse novo conceito proposto pela Spin. “Mas, com a marca da Heineken e das parceiras Raízen e Ultragaz, esse processo é facilitado”, destacou, ao ressaltar que com a linha de energia a empresa trabalha para liderar um movimento de mercado que incentive pessoas e organizações a fazerem parte da mudança.
Para Bruno Lopes, diretor de Inovação, Comercial e Marketing da Raízen Power, uma das três maiores comercializadoras de energia do País, com mais de 90 mil clientes no seu portfólio, a atuação da Heineken gera capilaridade ao programa. Com a base de contatos da cervejaria, os parceiros não precisam montar equipes de vendas e atendimento, por exemplo. “Ampliamos as possibilidades para os consumidores, transformando o futuro e o modo como pessoas e empresas se relacionam com energia, democratizando o acesso àquelas geradas por fontes limpas”, frisou.
Luiz Fernando Carvalho, diretor de Novos Negócios e Energia da Ultragaz, avaliou que parcerias como essa são fundamentais para que o setor privado colabore com a aceleração do processo de transição energética no Brasil. “Entendemos que esse é o papel das empresas nesse momento e temos fomentado cada vez mais conexões com parceiros que tenham essa sinergia conosco”, disse. “O mercado de energia é grande e tem potencial de ficar ainda maior, com o avanço da oferta de energia limpa, sustentável e mais barata ao consumidor”, enfatizou.
ZERO ÁLCOOL
Enquanto avança em sua plataforma de energia, a Heineken lança novos produtos em seu core business, a cerveja. A companhia anunciou a Sol zero álcool, primeira da marca em 125 anos de história. Mais: o Brasil é o primeiro país a produzir essa versão do rótulo de Sol.
Segundo Cecilia Bottai, vice-presidente de marketing do Grupo Heineken no Brasil, desde o lançamento de Heineken 0.0 em 2020, a cervejaria tem desenvolvido produtos destinados a um estilo de vida mais equilibrado, e concretizado um crescimento e credibilidade dentro da categoria. “O mercado de cerveja zero já atingiu quase R$ 1 bilhão só neste ano e teve crescimento de duplo dígito de 2022 para 2023”, afirmou Bottai, ao colocar a Heineken 0.0 como responsável pelo desenvolvimento do segmento no Brasil. “Líder tanto em valor quanto em volume”, disse a executiva.
Iniciativas que fazem a Heineken ter performance ainda mais relevante no Brasil, seu maior mercado no mundo e onde investiu R$ 4,5 bilhões desde 2017. E contribui de forma substancial para as receitas da companhia, que em 2023 faturou globalmente 30,3 bilhões de euros. Com a roda girando ao contrário e as vendas a favor.