R$ 30 bilhões em emendas, um recorde polêmico
Por Paula Cristina
O que se acostumou chamar de governo de coalizão no Brasil tem se provado, cada vez mais, um erro crasso. Na prática, o governo vigente precisa regar com dinheiro o Congresso Nacional, em troca de apoio. Também ficam nas mãos dos legisladores o destino de mais recursos livres do que o próprio Executivo, em uma distorção dos princípios básicos determinados pela Constituição de 1988 para cada um dos Poderes da República. E essa relação que se retroalimenta aumenta ano a ano. Só no primeiro semestre, Lula colocou no Congresso recursos da ordem de R$ 30 bilhões, um recorde histórico e um efeito claro da necessidade de o governo tentar avançar com a agenda econômica, que segue engessada nas mãos dos parlamentares. Os R$ 30 bilhões representam 60% do total previsto para o ano, que deve receber, ao todo, R$ 50 bilhões. Tendo em vista que Orçamento livre para investimento do governo ter ficado em R$ 225,8 bilhões em 2024, o Legislativo tem livre acesso a 22% do bolo e segue incólume das eventuais projeções de corte de gastos da União. Não há coalização quando o que une é o dinheiro, e não o entendimento republicano.
Investimentos
Eduardo Paes abre espaço para bolsa de valores no Rio
O prefeito Eduardo Paes já falou, mais de uma vez, que tem “tino empresarial, visão de negócios e foco em empreendedorismo”. Pois bem. Para trazer o Rio de Janeiro, cidade que governa, para a mesma veia, ele sancionou na quarta-feira (3) a lei que cria incentivos e abre espaço para a instalação da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Caso saia do papel, a iniciativa seria uma concorrente à B3. No melhor estilo carioca despojado, Paes fez um vídeo em suas redes sociais, onde brinca com o que chamou de “amigos faria limers” e diz que a bolsa carioca está chegando. Uma correção! A bolsa, na verdade, se entrar em atividade, estaria voltando. A capital fluminense foi a sede, entre 1820 e 2002, da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Depois de encerrar sua operação, os ativos foram incorporados pela B3, em São Paulo. No melhor estilo carioca, Paes se diz confiante, e fala em inauguração em 2025. Vamos ver.
Climão diplomático
Milei chama Lula de “dinossauro idiota”
Na terça-feira (2), o presidente da Argentina, Javier Milei chamou o presidente Lula de “perfeito dinossauro idiota” e o acusou de tentar interferir na eleição argentina ano passado. O argumento foi usado após Milei desistir de participar da Cúpula do Mercosul na próxima segunda-feira (8), em Assunção, no Paraguai. Integrantes da Casa Rosada confirmam que Milei participará, entretanto, da Conferência de Ação Política Conservadora, que será realizada em Camboriú (SC) e terá palestra do ex-presidente Jair Bolsonaro. Milei embarca para o Brasil no sábado (6) e retorna para a Argentina no domingo (7).
Indicador
Inflação em alta
Pela oitava semana seguida, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do País – teve elevação, passando de 3,98% para 4% este ano. A estimativa está no Boletim Focus da segunda-feira (1º). Para 2025, a projeção da inflação também subiu de 3,85% para 3,87%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente. A estimativa para 2024 está acima da meta de inflação, mas ainda dentro da tolerância definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A partir de 2025, entrará em vigor o sistema de meta contínua, assim, o CMN não precisa mais definir uma meta de inflação a cada ano. Na semana passada, o colegiado fixou o centro da meta contínua em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Política Monetária
Campos Neto diz que ruídos seguram a Selic
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou na terça-feira (2) que a interrupção do ciclo de corte de juros pela instituição, em junho deste ano, “tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia].” A declaração foi dada durante palestra no Forum on Central Banking, promovido pelo Banco Central Europeu (ECB), em Portugal (Sintra). “Os ruídos estão relacionados com dois canais: um é a expectativa do caminho da política fiscal [arrecadação e gastos públicos], e o outro é a expectativa sobre o futuro da política monetária [decisões sobre a taxa de juros]”, disse. De acordo com Campos Neto, há uma “grande desconexão” entre os dados correntes da economia, como as informações sobre as contas públicas, e as informações sobre política monetária e as expectativas dos agentes do mercado financeiro. “O que aconteceu é que as expectativas subiram apesar de os dados correntes [de inflação] estarem conforme o esperado”, disse Campos Neto.
R$ 6,9 trilhões
É o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) ao fim de maio, alta de 3,1% em relação a abril. Esse resultado foi impulsionado por uma emissão líquida de R$ 147,33 bilhões e pela apropriação de juros de R$ 55,80 bilhões. As informações constam do Relatório Mensal da Dívida (RMD) feita pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN).