Robustez e altura livre do solo ainda fazem do Duster Turbo uma boa compra
O Renault Duster sempre teve excelente custo-benefício entre os compactos, mas devia na mecânica – até chegar o motor 1.3 turbo. Agora se renova, mas a nova geração vem aí
Por Flávio Silveira
Derivado dos antigos Logan/Sandero, o Duster, como eles, nasceu de um projeto de baixo custo (da romena Dacia)para disputar o segmento de SUVs compactos – em busca do mesmo sucesso dos irmãos sedã e hatch. Com porte respeitável, quase de SUV médio (tem praticamente o mesmo tamanho do Jeep Compass), espaço de sobra (o entre-eixos é maior que no Jeep) carroceria com formas de SUV de verdade e até tração 4×4 (tirada de linha só no Brasil), o modelo se tornou um sucesso. Vendido há quase 15 anos sem mudanças significativas, já chegou perto da liderança de vendas, mas hoje está longe dela – embora ainda tenha um público fiel.
• Um fator que atrapalhava as vendas, em muitos momentos, eram as opções mecânicas: até 2022, era preciso optar entre a fraca versão 1.6 (manual ou CVT) e a 2.0 com o velho câmbio automático de quatro marchas e consumo alto.
• Muitos consumidores acabavam optando por modelos rivais, ainda que menos espaçosos.
• A solução chegou tarde, apenas na linha 2022, e só nos modelos top, como o avaliado: o motor 1.3 turbo, desenvolvido junto com a Mercedes-Benz. E, pior, bem quando sua oferta ficou mais interessante, começaram a surgir pistas da nova geração, que estreou na Europa. Então, em vez de comprar o SUV agora, muitos preferem esperar a nova geração chegar aqui, provavelmente já no ano que vem.
Hoje, este Renault parte de R$ 125.890 na opção Intense Plus 1.6 manual e chega a R$ 143.890 na Iconic Plus automática com o mesmo motor – ou R$ 157.990 na versão Iconic com o motor “certo”. E quem decidir levar o Duster 1.3 pra casa agora não vai se arrepender. O motor turbo flex tem 170 cv e 270 Nm, o que garante um desempenho empolgante, com acelerações e retomadas imediatas e vigorosas (até demais: na cidade, ativei o modo Eco pra andar no ritmo mais lento do trânsito e economizar combustível, chegando a boas marcas de 6 a 7 km/l com etanol). Ajuda na boa dirigibilidade o câmbio CVT com oito marchas simuladas, que une eficiência e conforto de rodagem e evita o efeito “enceradeira”.
A escolha deste cenário para as fotos não é “forçar a barra” como nas propagandas dos hatches fantasiados de SUV: o Duster tem ótima altura livre do solo e robustez acima da média, garantindo ao seu motorista valentia para encarar um cotidiano de estradas rurais ou mesmo pequenas aventuras, mesmo que sem o 4×4. A cabine, ampla e funcional, tem espaço de sobra para até cinco passageiros e suas bagagens
Na linha 2025, o SUV traz mudanças visuais e nos equipamentos.
• Tem novos faróis e lanternas em LED,
• grade renovada,
• barras de teto e “extratores” com novos desenho e cores,
• retrovisores em preto brilhante e laranja,
• rodas aro 17” com desenho inédito,
• e novas padronagens dos bancos e painel,
• além de ganhar sensor de chuva e carregador por indução.
A versão top ainda pode ser equipada com o Pack Outsider, de R$ 1.800, que inclui faróis auxiliares no para-choque (com molduras cinza e frisos laranja). Um belo visual, ainda simpático e robusto.
Internamente, todas as versões trazem agora o console elevado no lugar do apoio de braço, um novo desenho do cluster e mais entradas USB, além de seis airbags. Os botões do ar-condicionado são bonitos e fáceis de usar, e ainda há fácil acesso para câmera, travamento das portas e outras funções básicas.
Ele ainda não adotou a plataforma RGMP, por enquanto exclusiva do Kardian no Brasil.
Então, ao volante, apesar do ótimo desempenho, continua com pontos negativos.
• A posição de dirigir, por exemplo, é problemática: a coluna de direção precisava ter um ajuste mais amplo de profundidade (além de o sistema de assistência elétrica ainda ser meio pesado, não muito melhor que o antigo eletro-hidráulico),
• seu consumo rodoviário não é nenhuma maravilha por causa da aerodinâmica ruim (mas ainda satisfatório: fiz cerca de 9 km/l na estrada, a 110 km/h e com etanol no tanque).
Para compensar, o SUV tem a robustez garantida pelas boas suspensões e pela altura livre do solo acima da média, além das qualidades já apontadas. Mesmo prestes a mudar, é uma ótima compra.
Renault Duster Iconic Plus 1.3 TCe
Preço básico R$ 125.890
Carro avaliado R$ 161.690
Motor: quatro cilindros em linha 2.0, 16V, comando continuamente variável, injeção direta, turbo, start-stop
Combustível: flex
Potência: 162 cv (g) e 170 cv (e) a 5.500 rpm
Torque: 270 Nm de 1.600 a 3.750 rpm
Câmbio: automático CVT, opção sequencial, oito marchas simuladas
Direção: elétrica
Suspensão: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: discos ventilados (d) e tambores (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,376 m (c), 1,832 m (l), 1,693 m (a)
Entre-eixos: 2,673 m
Pneus: 215/60 R17
Porta-malas: 475 litros
Tanque: 46 litros Peso: 1.353 kg
0-100 km/h: 9s2
Velocidade máxima: 190 km/h
Consumo na cidade: 10,8 km/l (g) e 7,7 km/l (e)
Consumo na estrada: 11,5 km/l (g) e 8,4 km/l (e)
Nota do Inmetro: C
Classificação na categoria: A (SUV Grande)