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Montadoras chinesas invadem shoppings em busca de consumidor de elétricos

Crédito: Divulgação

Loja da BYD no Park Shopping São Caetano (acima), e estande da GWM no Shopping Higienópolis (abaixo), ambas na Grande São Paulo (Crédito: Divulgação )

Por Allan Ravagnani

Está cada vez mais frequente se deparar com lojas de carros nos shoppings centers. E não estou falando das lojas de usados, localizadas nos estacionamentos, estou falando de lojas, literalmente, nos corredores internos dos shoppings, especialmente se tratando das marcas chinesas BYD e GWM, que fabricam carros elétricos e híbridos. Além da exposição da marca e dos produtos, a ideia das montadoras é se apresentar ao cliente antes de esperá-lo ir até uma concessionária de rua.

De acordo com o levantamento realizado pela DINHEIRO, a fabricante de carros elétricos BYD têm hoje 103 concessionárias em atividade, com 23 lojas em shoppings pelo Brasil, sendo algumas delas estandes com duração temporária. Já a GWM, famosa por suas caminhonetes e SUVs híbridas, dispõe de 70 concessionárias no País, 47 de rua e 23 lojas em shoppings. A maioria das lojas nesses centros comerciais dispõem de test-drive no estacionamento e vendedores especializados, que ajudam na conversão do interesse de venda.

A administradora de shoppings Allos, uma das maiores do Brasil, detalhou que no ano de 2023 foram dez operações da BYD e nove da GWM em seus shoppings, totalizando 19 lojas. Já em 2024, são oito da BYD e 14 da GWM, totalizando 22 pontos de venda.

• Segundo a GWM, esse tipo de operação serviu na chegada da marca ao Brasil como uma solução de abrir uma loja rapidamente, antes de iniciar a construção de uma concessionária de rua.

No projeto inicial, a maior parte dessas lojas seria desativada para dar lugar à concessionária de rua, mas algumas tiveram um desempenho de vendas tão bom que permaneceram.

Além disso, a companhia sabia desde o início que eram públicos diferentes: o cliente tradicional iria à loja de rua, o novo cliente iria ao shopping.

23
tanto a BYD quanto a GWM têm o mesmo número de lojas abertas dentro shoppings espalhados pelo Brasil

60 dias
é o tempo que uma loja de shoppings leva em média para ser montada, contra 120 dias de uma loja de rua

“Nossa estratégia de lojas de shopping segue uma lógica simples, mas também inovadora: se uma parcela dos clientes de veículos eletrificados é formada por um tipo de consumidor de carro completamente novo, precisamos também de uma nova maneira de vender carro. Assim, veio a ideia do formato, em que, ao invés de esperar o cliente ir à concessionária para conhecer nossos modelos, a concessionária vai até o consumidor, no momento em que ele já está na sua jornada tradicional de consumo”, afirmou Alexandre Oliveira, diretor de vendas e desenvolvimento de rede da GWM Brasil.

(Divulgação)

O proprietário do Grupo Viamar de concessionárias, Carlos Gurgel, que atua com carros novos das marcas Chevrolet, Nissan, Hyundai e BYD, afirmou que, neste momento de entrada dos carros elétricos no Brasil, no qual os consumidores que ainda não tiveram acesso a experiência de dirigir um carro elétrico, a estratégia de ‘invadir’ os shoppings e levar o carro até lugares com grande circulação tem objetivo de fazer com que os consumidores tenham contato com o carro. “Mais que expor a BYD, queremos que os consumidores vivam a experiência de dirigir um carro elétrico, por isso disponibilizamos seis modelos para test-drive”, afirmou.

Gurgel ainda ressaltou o fato de algumas lojas ainda estarem em construção, sendo a tendência de longo prazo fortalecer as concessionárias locais, nas melhores ruas das cidades, para entregar uma experiência mais completa e personalizada aos interessados. “Em termos de resultados, para nós a exposição nos shoppings foi uma aposta que deu certo. Estamos conseguindo acelerar o entendimento do produto pelo consumidor. Milhares de pessoas que não conheciam ou pensavam em BYD, hoje conhecem e se interessam na compra dos nossos excelentes carros”, completou Gurgel.

O especialista em gestão empresarial e CEO do grupo Acelerador, Marcus Marques, afirmou que esse é um movimento estratégico das marcas, aumentando a visibilidade da empresa, ampliando os pontos de venda, melhorando a experiência do consumidor e podendo resultar em mais lucratividade. “Para as montadoras chinesas, esta estratégia é particularmente vantajosa, pois permite uma rápida inserção no mercado e exposição direta aos consumidores”, afirmou Marques.

Embora os custos de aluguel possam ser elevados, a alta rotatividade de visitantes e o potencial de vendas compensam esse investimento, segundo o especialista. Além disso, espaços menores e mais eficientes podem reduzir custos operacionais comparados a grandes concessionárias tradicionais.