Tecnologia

Davi contra Golias: a disputa entre a Meta brasileira e a Meta de Zuckerberg

Empresa nacional de tecnologia enfrenta Facebook em disputa por identidade, mas não se intimida e permanece focada na transformação e evolução digital com suas startups investidas

Davi contra Golias: a disputa entre a Meta brasileira e a Meta de Zuckerberg

Meta: o universo tecnológico entre salas de tribunais

Por Aline Almeida

Inovação. Essa palavra define a era da transformação digital. Muitas empresas se empenham arduamente em quebrar paradigmas e moldar o futuro. Na corrida por clientes e consumidores está uma intensa competição entre concorrentes. Ao mesmo tempo em que há uma obsessão para alcançar o topo da expansão tecnológica. Uma era de avanços e disputas. Entre as rivalidades que emergem, uma chama a atenção pela disparidade. Uma empresa brasileira de tecnologia tem enfrentado grandes desafios no mercado e também uma queda de braço jurídica com uma gigante norte-americana que decidiu adotar o mesmo nome: Meta.

No final de 2021, Mark Zuckerberg, dono do Facebook, anunciou a mudança do nome de sua empresa justamente para Meta. Uma alusão ao metaverso, uma de suas apostas para ganhar ainda mais mercado.
Mas, bem antes dessa mudança, em 1990, nascia a Meta brasileira. Começou como uma empresa de consultoria tradicional e ao longo dos anos se transformou em uma digital company.

“Vimos a necessidade e a oportunidade de nos conectarmos com todo esse movimento que estava acontecendo no mundo e no Brasil também”, explicou o vice-presidente da Meta brasileira, Claudio Carrara, sobre o movimento de transformação digital.

Desde então, a Meta brasileira é uma companhia de tecnologia e inovação, focada em transformação e evolução digital de outras empresas, tendo como objetivo conectar soluções tecnológicas em todos os lugares. Não à toa, durante toda a sua jornada a empresa tem estabelecido sua presença no Brasil e também no exterior.

Já atua em mais de 100 cidades do mundo. Entre 2020 e 2021, foi certificada como uma das melhores de tecnologia para se trabalhar pelo Great Place to Work e uma das 10 empresas que mais cresceram no segmento de tecnologia no Brasil pelo “Anuário Informática Hoje”.

Para o diretor de Corporate Venture Capital & Open Innovation da Meta, a Meta Ventures nasceu da intenção de conectar o grupo à inovação (Crédito:Ze Paulo Cardeal)

No meio disso tudo, a companhia – com receita de R$ 500 milhões – também precisa lutar para desassociar seu nome da Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, que registrou receita de US$ 134,9 bilhões em 2023.

Em 2008, a Meta brasileira teve seu registro concedido pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).

No entanto, desde a decisão de Mark Zuckerberg de adotar o mesmo nome, já foram iniciados 258 processos judiciais nos quais a brasileira consta erroneamente como ré.

Por isso, de acordo com Carrara, a empresa ingressou com processo judicial pedindo que a companhia de Zuckerberg fosse impedida de utilizar a marca no Brasil.

No início de fevereiro, o judiciário paulista atendeu à demanda dando um prazo de 30 dias para que a dona do Facebook parasse de utilizar o nome.

Mas o Facebook conseguiu uma suspensão da ordem judicial. E a briga – ao melhor estilo de Davi contra Golias – segue aberta.

“Somos confundidos e citados em situações e processos que não se referem à nossa empresa, mas sim ao Facebook. Acredito que a nossa companhia tomou a posição correta. Aguardamos os desfechos judiciais”, discorreu Carrara.

AVANÇO

Enquanto aguarda o desfecho da disputa judicial com a Meta americana, a brasileira continua a avançar na transformação digital, inaugurando uma nova fase em sua vertical de Corporate Venture Capital. Após quatro anos investindo em nove startups, a Meta Ventures agora se concentra na aceleração dessas empresas e busca sinergias para desenvolver ferramentas tecnológicas que atendam aos desafios dos principais setores econômicos.

Segundo Márcio Flôres, diretor de Corporate Venture Capital & Open Innovation da Meta, o braço de investimentos tem a intenção de conectar o grupo à inovação. “Definimos que esse seria nosso ponto de partida”, disse. Porém, logo surgiu uma segunda oportunidade: além de investir em startups, criar um novo negócio a partir de um produto já existente. Assim nasceu a Netrin, startup própria da Meta que fornece soluções de big data e inteligência da informação.

O vice-presidente acredita que a Meta brasileira tem seu direito consolidado e está tratando a situação da forma adequada, por meio do processo judicial (Crédito:Ze Paulo Cardeal)

A Meta Ventures já possui exemplos de sucesso, como a Manfing, investida há três anos.

É especializada em Inteligência Artificial (IA) para análise preditiva de consumo e já obteve um crescimento de 400%.

Além disso, já realizou quatro edições do desafio Bring Your SaaS, programa que busca negócios inovadores com alto potencial de crescimento, contempla organizações de todo o Brasil que tenham um modelo de Software as a Service, orientado aos mercados B2B e B2C.