Tecnologia

Conheça a primeira foodtech do País criada para combater a fome

Connecting Food já destinou 15 mil toneladas de alimentos, completando 27 milhões de refeições, para famílias em vulnerabilidade social de todo o País

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Para conectar a indústria ao varejo, a empresa realiza o levantamento de dados, mapeando os processos internos da indústria alimentícia (Crédito: Freepik)

Por Aline Almeida

Não é novidade o impacto da tecnologia na vida das pessoas, a partir da facilidade na comunicação e do aumento da produtividade. Ao perceber que poderia utilizar a tecnologia para mitigar o desperdício de comida, a engenheira de alimentos Alcione Pereira resolveu deixar o setor corporativo e ingressar no empreendedorismo de impacto. Segundo ela, o que a motivou foi saber que um terço dos alimentos do mundo são perdidos. “Pensei no meu país. Com tanta gente passando fome decidi criar uma solução relacionada à redução do desperdício, mas que tivesse impacto social”, contou a fundadora e presidente da Connecting Food, primeira foodtech brasileira que tem como objetivo combater a fome.

A plataforma conecta empresas com excedentes às Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social. Alimentos que não foram comercializados por estarem com algum defeito estético são recolhidos e distribuídos para as famílias, incluindo frutas, verduras e legumes aptos para consumo.

Para conectar a indústria ao varejo, a empresa realiza o levantamento de dados, mapeando os processos internos da indústria alimentícia para identificar em quais momentos ocorrem os desperdícios e como melhorar a eficiência no tratamento dos alimentos, fornecendo inteligência às etapas de distribuição.

Para Alcione Pereira, da Connecting Food, a tecnologia é essencial para a redistribuição de alimentos (Crédito:Marcelo S. Camargo )

Dessa maneira, é possível realizar uma gestão eficiente, impedindo que os excedentes que ainda estão bons não sejam descartados em aterros sanitários. De acordo com Alcione, a Connecting Food desenvolveu seu próprio sistema operacional para, entre outras coisas, saber qual organização social deve receber o alimento, considerando métricas como tamanho, quantidade e distância. “A tecnologia para nós é essencial. Somos uma empresa que traz inteligência de redistribuição de alimentos e essa inteligência é o que permite que tenhamos menos perdas”, explicou a executiva.

PERDA GLOBAL

Segundo um relatório divulgado este ano pelo programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o mundo desperdiça mais de 1 bilhão de refeições por dia. A ONU estima que cerca de 17% dos alimentos produzidos globalmente para consumo humano se perdem entre a colheita e as prateleiras dos supermercados anualmente.

Além disso, também geram de 8% a 10% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) – quase cinco vezes mais do que o setor de aviação – e resultam em um grande prejuízo de biodiversidade, ocupando quase um terço das terras agrícolas do mundo. O custo econômico global da perda e do desperdício de alimentos é estimado em cerca de US$ 1 trilhão.

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Reparar os danos ambientais causados pelo descarte é um trabalho árduo que requer, acima de tudo, o compromisso e a conscientização da indústria e do varejo. A educação ambiental no meio corporativo tem se mostrado uma alternativa eficaz para contribuir na construção de negócios mais sustentáveis e comprometidos com o futuro do planeta. Desde sua fundação em 2016, a foodtech conseguiu destinar 15 mil toneladas de alimentos, complementando 27 milhões de refeições.

17% dos alimentos produzidos globalmente para consumo humano se perdem entre a colheita e as prateleiras dos supermercados anualmente

Além de promover uma gestão inteligente às doações de alimentos e reduzir os impactos negativos da exclusão de excedentes, a Connecting Food coloca o ESG no centro da estratégia das empresas da cadeia de alimentos, direcionando suas ações para apoiar o setor a cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas).

Em 2021, a Connecting Food fundou a iniciativa ‘Movimento todos à mesa’ em parceria com o iFood, sendo a primeira fusão do País entre empresas e organizações com o objetivo de fortalecer as redes de redistribuição e articulação para o combate à fome. Atualmente, a empresa atende 600 OSCs em todos os estados brasileiros. Entre seus clientes está o Assaí Atacadista, que destinou, de acordo com o seu relatório anual de sustentabilidade do ano passado, 250 toneladas, que beneficiaram mais de 23,7 mil famílias em parceria com 119 instituições sociais. Assim, a Conneccting Food usa sua fome de dados para diminuir a fome das pessoas.