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Nissan foca em SUVs para crescer no País

Presidente da divisão latino-americana diz que ‘brasileiros amam os SUVs’ e, por isso, vai ampliar a gama desse tipo de veículo oferecido por aqui, com novas opções de tamanho e de motorização

Crédito: Divulgação

Guy Rodriguez, CEO do grupo para a América Latina, junto ao Kicks, que teve boa aceitação do público e é aposta da empresa para ganhar mercado (Crédito: Divulgação )

Por Allan Ravagnani

A fabricante japonesa Nissan vai dobrar a aposta nos veículos SUV para crescer no Brasil nos próximos anos. A montadora do Kicks, sucesso de vendas no País, sabe o que quer. Em 2023 as vendas da companhia cresceram 35% por aqui, enquanto o mercado geral avançou 11%. A meta é chegar a 7% de participação de mercado em 2025.

Para seguir essa trajetória, a montadora vai lançar dois modelos novos para o próximo ano:
o Novo Kicks, que será maior e terá diferentes motorizações, como turbo e talvez híbrido;
e uma nova SUV, cujo nome ainda não foi revelado, mas que deve brigar nos segmentos mais premium.

O Kicks atual não sairá de linha e deve ser mantido como o modelo de entrada no segmento e para o público PCD.

Guy Rodriguez, presidente da Nissan para a América Latina, esteve no Brasil no final de junho e conversou com alguns jornalistas sobre os planos da companhia, que em 2021 descontinuou a produção do compacto March, após dez anos de vendas, para focar nos veículos de maior valor agregado e tecnologia embarcada, que também são responsáveis pelas maiores margens.

Rodriguez anunciou ainda o lançamento de uma nova picape para 2025, que será fabricada na Argentina, em parceria com a Renault. Na última vez que esteve no Brasil, no final de 2023, o executivo anunciou, junto ao presidente Lula, um investimento de R$ 2,8 bilhões no biênio 24-25 na fábrica da companhia em Resende (RJ).

A planta de Resende, inclusive, já está 90% preparada para iniciar a fabricação dos novos modelos, que deverão ser exportados para mais de 20 países, segundo o executivo.

O que ficou no ar foi a questão dos veículos eletrificados. Afinal, por que a Nissan, que tem a tecnologia exclusiva e-Power, uma “evolução” do modelo de carros híbridos, não produz por aqui esses modelos?

Rodriguez tratou de acalmar os jornalistas e falou em trazer a tecnologia “no momento certo”. “A Nissan vai trabalhar bastante com o modelo híbrido, mas vamos por partes. O ano de 2024 é fundamental em nossa preparação para seguir crescendo no mercado latinoamericano. Estamos fazendo as coisas de forma consistente. Por isso, vamos deixar para anunciar o e-Power no momento certo, quanto a fábrica e os fornecedores estiverem preparados para a tecnologia, para fazer da maneira correta”, completou.

O complexo industrial de Resende (RS) vai receber mais R$ 2,8 bilhões em investimentos em expansão e modernização, visando o futuro (Crédito:Divulgação )

Tecnologia exclusiva da Nissan, o e-Power combina um motor a gasolina (que pode vir a ser Flex no Brasil), que carrega a bateria e um motor elétrico, que faz mover as rodas.
Comporta-se de forma semelhante a um veículo elétrico, reduzindo as emissões e custos de circulação, mas uma vez que não precisa ligá-lo à tomada, não há nenhuma mudança nos seus hábitos de condução.
Além do motor de combustão, o e-Power também usa travagem regenerativa para ajudar a manter a bateria carregada. O motor a gasolina produz a energia que carrega a bateria quando o veículo precisa.
É a bateria que alimenta o motor elétrico para fazer mover as rodas.
E a fricção causada pela travagem produz energia que não é desperdiçada.
O sistema de travagem regenerativa converte a energia e devolve-a à bateria, melhorando a eficiência energética.

São 199 concessionárias Nissan pelo País, um número que ainda dá para aumentar, segundo o executivo. Mas a cobertura geográfica já está em 85% do território. “Talvez umas 10 lojas a mais sejam suficientes”, completou.

A separação da aliança entre Nissan e Renault, anunciada e concluída em 2023, foi positiva, aos olhos de Rodriguez, pois uma das vantagens agora é cada marca ter mais autonomia. “Ainda continuamos com alguns projetos em comum, como picapes. Vamos continuar, mas apenas com os projetos que forem bons para as duas empresas, agora cada uma pode ter negócios mais variados e com diferentes parceiros”, completou.

MOVER

O programa Mobilidade Verde do Governo Federal – que prevê, entre outras medidas, crédito para quem investir em pesquisas, desenvolvimento e produção tecnológica facilitadores da descarbonização da frota de carros, ônibus e caminhões – foi bastante elogiado pelo executivo.

“O Mover é muito importante por dar previsibilidade ao setor, ele é um marco para ajudar a trazer novas tecnologias ao Brasil”, afirmou.

Para isso ele citou a chegada de fabricantes chinesas ao Brasil. “Não estamos preocupados com a questão de impostos para elétricos importados. Se eles [chineses] abrirem suas fábricas aqui, para concorrer em igualdade, que sejam bem-vindos. O mais importante é ter regras claras e previsibilidade, regras justas”, salientou. “Daqui a 10 anos estaremos aqui, maiores, e no meio disso tudo, muita coisa vai acontecer”.