Veja como deve ficar o BMW iX3, depois da revolução que vem por aí
O novo BMW iX3 vai romper com o passado em design e desempenho: sem derivar do modelo a combustão, vai estrear a ambiciosa plataforma elétrica Neue Klasse
Reportagem Luca Cereda
Tradução e edição Flávio Silveira
Projeções Marcelo Poblete
Tudo vai mudar, menos o nome. E, neste caso, não é só um modo de dizer. Na próxima geração, o BMW iX3 será um modelo revolucionário. Não espere que o sucessor 100% elétrico de um dos maiores best-sellers da marca seja simplesmente uma “versão verde” do modelo a combustão, como hoje. A segunda geração deste SUV elétrico será um verdadeiro marco. Parafraseando Frank Weber, responsável pelo desenvolvimento de produtos da fábrica alemã, não se trata de um novo capítulo para a marca, mas de “um livro totalmente novo” – ou pelo menos o começo dele. No caso, se resume a duas palavras: Neue Klasse.
A novidade chega já no ano que vem, quando essa nova plataforma elétrica nativa estará em produção, como resultado de uma renovação profunda, e não apenas do iX3. O nome Neue Klasse (nova classe, em alemão), por si só, já aponta sua importância. Afinal, ele remonta à família de sedã e cupês que, entre os anos 60 e 70, foi decisiva para o renascimento da BMW, afligida pela longa crise financeira do pós-guerra.
Nos próximos 15 anos, a Neue Klasse 2.0 não vai ficar atrás, como diz Weber, sem rodeios: “Com esta plataforma, realizamos o maior investimento da história da empresa”. O designer número um da marca, Adrian van Hooydonk, vai pelo mesmo caminho: “Será tão inovador que parecerá ter saltado uma geração”.
Na quarta geração, X3 e iX3 serão diferentes entre si, e não mais um derivado do outro.
• Ainda construído sobre a plataforma CLAR, o modelo a combustão acaba de ser exibido, e é similar aos SUVs “descolados” da marca, como X2, com direito a tela curva e tudo mais.
• Já o BEV (veículo a bateria, na sigla em inglês), surpreendentemente, será o primeiro modelo com a Neue Klasse, e seguirá uma linguagem estilística nova (“phygital”) que combina elementos digitais e físicos para criar uma estética sofisticada e futurista, o que inclui uma carroceria “essencial” (leve e aerodinâmica).
• A exagerada grade dupla será suavizada e a cabine terá mais materiais reciclados.
• A marca ainda promete um salto em digitalização, experiência do usuário, design e interface homem-máquina (aspectos que têm sido “estragados” por diversas marcas, novas e tradicionais, recentemente).
Tudo indica que a bateria será elemento estrutural da carroceria, com células de nova geração (não prismáticas, mas cilíndricas). Além de tornar a bateria mais eficiente, elas aumentam a densidade energética em 20%.
A BMW quer aumentar a autonomia, a eficiência e a velocidade de carregamento, respectivamente, em 30%, 25% e 30%.
• No iX3, as baterias teriam de 75 a mais de 100 kWh, chegando a 700 quilômetros no ciclo WLTP.
• A rede de bordo de 800V vai acelerar a recarga.
• A potência chegará a 250 kW: hoje, iX e i5 não passam muito de 200.
• A gama será variada, com um ou dois motores e uma versão M Sport (de 350 a 550 cv).
• A produção começa no ano que vem na Hungria, em uma fábrica construída para a Neue Klasse.
A questão para a BMW do Brasil é se vale a pena adaptar a planta de Araquari (SC) para a nova plataforma – algo quase inevitável.