Desfile olímpico: saiba que grifes vestem as delegações

Por Latícia Franco

Da estilista Gabrielle Chanel ao criador Christian Dior. Da antiga Gazette de Bon Ton à Vogue France. Da Paris Fashion Week ao Premiére Vision. São personalidades, marcas e eventos que ao longo da história transformaram Paris em uma das capitais mais influentes da moda. E agora, em 2024, o berço da indústria da moda se torna palco dos Jogos Olímpicos pela terceira vez. A moda e o esporte prometem se encontrar durante todo o evento, que ocorre de 26 de julho a 11 de agosto.

Os trajes e acessórios usados na cerimônia de abertura no Rio Sena, nas competições e no pódio projetam o estilo, símbolos e cores de cada país. Tudo isso altamente influenciado pela história e sofisticação da Cidade Luz e de suas grifes.

Exímio couturiere e fundador de uma das maiores maisons francesas, Hubert de Givenchy dizia que “o luxo está em cada detalhe”. E são nos detalhes que o grupo de luxo francês LVMH, dono de marcas como Louis Vuitton, Givenchy e Tiffany, desfila seus nomes icônicos. O acordo de patrocínio de 150 milhões de euros, cerca de R$ 900 milhões, entre a Olimpíada de Paris e o conglomerado de luxo, inclui o design e a fabricação de baús que transportam as medalhas e as tochas oficiais.

As peças foram inspiradas na célebre Malle Coiffeuse da Louis Vuitton, que custa mais de 165 mil euros (R$ 1 milhão). Ainda para o pódio, a LV desenvolveu os uniformes dos voluntários que levam os prêmios, também apresentados em bandejas feitas pela grife. Já a Place Vendome Chaumet, joalheria da LVMH, desenhou as medalhas.

Acima, Louis Vuitton e Place Vendome Chaumet para o pódio. Abaixo, clássicos da Ralph Lauren marcam o time dos EUA. Mais abaixo, Brasil aposta em clássicos nacionais com Riachuelo e Havaianas

● França
Quem assina o uniforme da delegação francesa é a grife masculina do grupo, Berluti, em uma parceria com a editora de moda Carine Roitfeld. Combinando alfaiataria e sportswear, o resultado são dois modelos de uniformes e 1,5 mil peças, como smokings para as cerimônias de abertura e encerramento, camisas, lenços e calçados. Os artigos, pensados para cada modalidade, foram desenhados em Paris e confeccionados na Itália. Os looks carregam as cores bandeira da França, azul-marinho com detalhes em vermelho e branco.

● EUA
Quando se trata de esportes, moda e estilo americano, apenas um nome vem à mente: Ralph Lauren. É a nona vez que a marca é a estilista oficial da equipe dos Estados Unidos. Para este ano, a grife se inspirou na dinâmica e vibrante cidade anfitriã, nos esportes olímpico e paralímpico, e claro, no espírito patriótico em uma paleta de cores assinada em vermelho, branco e azul. Há blazer clássico de lã, camisa oxford listrada, camisa Polo e jeans em calças e jaquetas. “Por quase 60 anos, Ralph Lauren tem sido um pioneiro na interseção de estilo e esporte, que têm sido um ponto central de inspiração para nossa marca”, disse David Lauren, diretor de branding e inovação da Ralph Lauren Corporation.

● Itália e Canadá
Outras etiquetas conhecidas, como Emporio Armani e Lululemon, também foram escaladas para desenvolver o visual de seus países, Itália e Canadá, respectivamente. Combinando a moda a la parisiense e os símbolos e cores de seus países, Giorgio Armani aparece nos conjuntos de alfaiataria da cerimônia de abertura e nos agasalhos, enquanto a etiqueta canadense de activewear Lululemon se destaca principalmente com o design gráfico totalmente vermelho e branco do look mais cobiçado pelos atletas: o do pódio.

● Brasil
Por aqui, o time Brasil foi vestido pela Riachuelo. Os looks geraram controvérsia nas redes sociais, com críticas sobre as peças, vistas pelos usuários como simples. Para a cerimônia de abertura, a composição é feita por uma camisa com listras em amarelo, saia branca e jaqueta jeans para as atletas mulheres e calça branca, camisa com listras em verde e jaqueta jeans bordadas para os homens.

Segundo Cathyelle Schroeder, CMO da Riachuelo, a marca e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) uniram elementos da França e do Brasil. “Temos a jaqueta como o item principal porque somos [Brasil] o maior produtor de jeans. Além disso, os bordados da peça valorizam a biodiversidade. Já os tons mais claros, as listras e a saia foram inspiradas na moda parisiense”, disse à DINHEIRO. Os bordados resultam de um trabalho que contou com as mãos de 80 bordadeiras da Cooperativa das Mãos Artesanais de Timbaúba dos Batistas, no Rio Grande do Norte. Mais uma vez, a equipe brasileira será calçada pela Havaianas. O modelo escolhido foi o clássico chinelo com as cores do País e a bandeirinha na ponta. Seja pelo esporte ou pela moda, Paris está (outra vez) sob os holofotes.