Sustentabilidade: mercado de tintas quer uma nova pintura

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Luiz Cornacchioni, CEO da Abrafati (Crédito: Divulgação )

Por Alexandre Inacio

O mercado brasileiro de tintas está buscando uma nova roupagem para ganhar espaço na onda ESG. Nos últimos anos, a indústria tem buscado desenvolver tintas mais sustentáveis, apostando na substituição de algumas matérias-primas, tanto para pintura de carros quanto de imóveis. O programa setorial de sustentabilidade, desenvolvido pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati) contou com a participação de 93% dos fabricantes no ano passado. Na média, as empresas atenderam 53% dos 44 indicadores criados em conjunto com o Instituto Akatu, o que coloca o setor no nível intermediário do programa. Agora, a meta é dar um passo além e subir para o nível avançado até 2030, para, no futuro, chegar ao estágio de referência, o último previsto. “Estamos fazendo o inventário de emissões do setor. Concluída essa fase, vamos anunciar no fim de 2024 qual será a meta de redução da indústria de tintas do Brasil”, disse Luiz Cornacchioni, CEO da Abrafati.

O interesse da indústria nacional em se posicionar de uma forma mais clara em relação aos aspectos ESG não é por acaso. O Brasil é o quinto maior fabricante do mundo e tem avançado rápido para superar a Alemanha na quarta posição. No ano passado, foram produzidos quase 2 bilhões de litros de tintas, sendo 75% direcionados ao segmento decorativo. Nos primeiros seis meses de 2024, as vendas cresceram 2,1%, sendo a região Centro-Oeste a que mais avançou (3,2%). Fatores como o aumento da confiança do consumidor, baixas taxas de desemprego e a crescente tendência a investimentos em melhorias residenciais têm impulsionado as vendas no varejo e levado a indústria a projetar um crescimento de 2,5% para o ano.

SEBRAE
Microempreendedores mais preocupados

(Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Levantamento realizado pelo Sebrae mostra que os microempreendedores individuais (MEI) estão ficando mais atentos aos assuntos relacionados à sustentabilidade. A pesquisa mostra que o controle do consumo de energia (75% dos entrevistados) é a medida mais praticada pelos microempresários, seguida pelo controle do consumo de água (67%) e separação de lixo para coleta seletiva (64%). Esse último, aliás, foi o indicador que mais cresceu desde 2022, quando era adotado entre 52% dos entrevistados. A pesquisa relacionou 10 ações de sustentabilidade e questionou quais delas eram praticadas nas empresas. No caso dos MEI, houve crescimento em todas as práticas. “Para além de uma questão de respeito ao meio ambiente e às demandas de consumidores, a pauta da sustentabilidade ambiental também diz respeito à redução dos custos de operação dos pequenos negócios, com a diminuição do desperdício e aumento da eficiência”, disse o presidente do Sebrae, Décio Lima.

CARBONO
Mercado voluntário perde força

(Divulgação)

Enquanto o mercado de crédito de carbono não é regulamentado no Brasil, o mercado voluntário dá sinais de enfraquecimento. Um estudo do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV mostra que o mercado voluntário no Brasil foi 90% menor em 2023 sobre 2021, ano em que o País registrou o recorde de emissão na série histórica. Em 2023, houve um pouco mais de dez projetos e 3,38 milhões de créditos emitidos. Esse resultado representa o menor número de projetos de emissão de créditos nos últimos três anos. “A redução no volume de créditos emitidos e de projetos entre 2021 e 2023 sugere uma instabilidade e falta de confiança no sistema atual. Um dos principais desafios é assegurar que os créditos realmente representem reduções reais, adicionais e permanentes de emissões de gases de efeito estufa”, disse a autora do estudo, Fernanda Valente.

DESMATAMENTO
Cerrado reduz a derrubada do bioma

(Nelson Almeida)

O desmatamento no Cerrado brasileiro totalizou 347 mil hectares nos primeiros seis meses do ano. A área representa uma redução de 29% em comparação ao mesmo período do ano passado, conforme dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Apesar da redução no desmatamento, os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba) responderam por 77% de toda a vegetação nativa perdida no primeiro semestre — aproximadamente 266 mil hectares. Na Bahia, Estado que concentra alguns dos municípios que mais desmataram em 2023, a queda foi de 53%. Já Goiás perdeu 15 mil hectares, uma redução de 59% em relação a 2023 e registrou a maior queda dentre todos os Estados do Cerrado.