Finanças

Como esse brasileiro conquistou Jeff Bezos

Stark Bank, que oferece serviços financeiros para empresas, registra R$ 155 bilhões em pagamentos, lucra R$ 71,5 milhões e quer ofercer serviço de ponta a ponta para o consumidor

Crédito: Daniela Toviansky

"Vamos expandir o portfólio de produtos e aprimorá-los para ser a principal conta do cliente”, diz Rafael Stark, CEO do Stark Bank (Crédito: Daniela Toviansky )

Por Letícia Franco

Enquanto nas histórias da Marvel, Tony Stark, também conhecido como Homem de Ferro, cativou o público com sua inteligência e armaduras de alta tecnologia, na vida real, mais especificamente no Brasil, o empresário Rafael Stark, que carrega o mesmo sobrenome do super-herói, chamou a atenção de um dos homens mais poderosos do mundo: Jeff Bezos. Em 2022, o Stark Bank, instituição financeira fundada por Rafael, levantou US$ 45 milhões de investidores, incluindo do Bezos Expeditions, o family office do fundador da Amazon. Uma das poucas startups na América Latina e a única no Brasil a receber recursos do megainvestidor bilionário. “Confiança”, disse o empreendedor à DINHEIRO.

Depois de tal impulso, a empresa registrou R$ 155 bilhões em pagamentos em 2023, crescimento de 300% sobre 2022, e dobrou seu lucro líquido, chegando a R$ 71,5 milhões. Para o futuro, mais resultados e confiança. O banco, que oferece serviços para médias e grandes empresas, quer conquistar a principalidade das contas.

R$ 155 BILHÕES
Foi o valor que a empresa movimentou em pagamentos ano passado, alta de 300% sobre 2022

R$ 71,5 MILHÕES
foi o Lucro em 2023, marcando aumento de 2,2 vezes contra o de 2022

Segundo o executivo, a entrada nessa disputa deve acontecer em até dois anos a medida que o leque de ofertas é ampliado, segundo o executivo. Escalar como um multiproduto foi a rota definida pela startup desde o início, em 2018. Sediada em São Paulo, a instituição ajuda empresas no processo de pagamentos, faturas e contas a receber, combinando serviços de um banco convencional, como Pix e cartão, e soluções integradas para otimizar tempo e recursos de seus clientes. Atualmente, o Stark Bank opera como uma Sociedade de Crédito Direto (SCD), e em julho deste ano obteve aprovação do Banco Central para funcionar como instituição de pagamento (IP). A licença vale para as modalidades emissor de moeda eletrônica, credenciador (adquirente), emissor de instrumento de pagamento pós-pago e iniciador de transação de pagamento (ITP).

Hoje, cerca de 60% da base de clientes da startup — que atende mais de 600 empresas, entre elas Ultragaz, Localiza, Buser, Loft e Daki — usa três ou mais produtos da casa. Até o fim do ano, a meta é chegar a 90%. “Ter tudo em um só lugar para brigar pela principalidade da conta. Estamos expandindo produtos, além de aprimorá-los individualmente”, afirmou Stark, que também visa novas modalidades de créditos e câmbio para reforçar ainda mais a estratégia de ser um “corporate bank completo para as empresas”, ao disponibilizar conta-empresa, formas de pagamento, cobranças, recebimentos, renda fixa digital e limite de crédito, entre outros recursos. Para ele, quanto mais, melhor.

INVESTIMENTOS

Há quase seis anos no mercado, o Stark Bank já captou US$ 61 milhões em investimentos.

Foi em sua rodada de Série B em 2022 que a empresa atraiu os olhares e cifras de Bezos, em um aporte de US$ 45 milhões liderado pela Ribbit Capital, que a avaliou em mais de US$ 250 milhões.

A lista de investidores ainda contou com a gestora SEA Capital, a empresa Kavak, fundadores do Airbnb e executivos de companhias como Visa, K5 Global, Lachy Groom e Coinbase.

O aporte ocorreu quatro meses após a última captação feita pela Stark Bank, em dezembro de 2021, no valor de US$ 13 milhões, liderado pela gestora de Lachy Groom.

Captações importantes para a entrada em novos mercados e expansão do portfólio, além da visibilidade obtida com esse reforço de peso.

ORIGENS

Fundada em 2018, quando Rafael decidiu ter seu próprio produto digital após trabalhar tanto no mercado financeiro quanto no setor de tecnologia, a empresa registrou volume transacional de R$ 300 milhões ao final de 2019.
Já a sequência de rentabilidade começou em 2021, na época o número registrado foi de R$ 3 milhões.
Em 2022, mais de R$ 30 milhões, e no último ano, R$ 71,5 milhões.

Sem revelar as metas fiscais para 2024, o executivo à frente do Stark Bank quer manter o ritmo de crescimento ao longo dos últimos anos apresentando soluções inovadoras e contato com o cliente. Nas histórias em quadrinhos, isso também é conhecido como jornada do herói.