ESG

Goiás avança na geração de energia solar

Fictor & WTT inicia a operação da primeira de oito usinas previstas no Estado até 2025. Empresa está investindo R$ 194 milhões para gerar 77,75 GWh de eletricidade por ano

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Primeira unidade entrou em operação depois de receber R$ 6,5 milhões em investimentos (Crédito: Divulgação )

Por Alexandre Inacio

O projeto de geração de energia solar do Grupo Fictor em parceria com a WTT Participações começa a ganhar tração no interior de Goiás. As empresas iniciaram na quarta-feira (14) as operações da primeira de oito usinas fotovoltaicas, que estarão em operação até o fim de 2025. Batizada de Usina Clima, a unidade está instalada em Cocalzinho — 110 quilômetros de Brasília — é a menor do cluster que está em construção e recebeu investimentos de R$ 6,5 milhões. Ela terá uma potência de 1,4 MWp e capacidade para gerar 2,51 mil MWh/ano de eletricidade a partir do sol.

Ainda em 2024, as unidades instaladas em Águas Lindas de Goiás e Professor Jamil começarão a gerar eletricidade a partir da energia solar. Para o primeiro semestre de 2025 a expectativa é que as usinas de Pirenópolis e Inhumas também iniciem as operações. Outras três unidades (Uruaçu, Padre Bernardo e Bela Vista de Goiás) iniciarão as atividades na segunda metade do ano que vem.

O projeto das oito usinas solares de Goiás está sob o guarda-chuva da Fictor & WTT S\A, joint venture formada pelas duas companhias em abril do ano passado. O cluster estadual está recebendo dos sócios um investimento total de R$ 194 milhões. Juntas, as unidades terão uma potência instalada de 44,02 MWp, o suficiente para gerar 77,75 mil MWh/ano de eletricidade. Essa energia é capaz de atender uma demanda de 42 mil residências por ano e evitar a emissão anual de 2,91 toneladas de CO2.

“Metade dessa energia será consumida por clientes comerciais da Equatorial [distribuidora que atende a região]. Os outros 50% serão para atender a demanda de clientes residenciais”, disse à DINHEIRO Rafael Gois, CEO do Grupo Fictor. Segundo o executivo, todas as usinas estão dentro de um raio de 280 quilômetros a partir de Brasília. Apesar da posição próxima à capital federal, os locais foram mapeados a partir da incidência solar de cada região, garantindo a eficiência e viabilidade de cada unidade.

(Divulgação)

“Energia gerada na usina solar será utilizada tanto por clientes comerciais quanto por consumidores residenciais.”
Rafael Gois, CEO do grupo Fictor

QUEM É QUEM

O Grupo Fictor é uma holding de investimento, com perfil operacional, que adquire participações majoritárias em empresas para atuar na gestão das companhias.
Hoje, o grupo tem atuação no setor de infraestrutura, serviços financeiros, agronegócio e alimentos e energia.
Já a o WTT se especializou no segmento energético, desenvolvendo projetos de engenharia de alta tensão, fazendo consultoria na área regulatória, operando linhas de transmissão e distribuição e criando projetos de energia sustentável.
Na joint venture que criou a nova empresa, o grupo Fictor possui 51% do capital, ficando os 49% restantes com o WTT.

A geração de energia distribuída é hoje a principal aposta da joint venture. Com pouco menos de um ano e meio de vida, a empresa também atual em projetos de descarbonização e em soluções de energia para o agronegócio, sempre usando como base fontes renováveis. “Na região Norte, cidades inteiras ainda são abastecidas pelas distribuidoras com energia gerada a partir de fontes fósseis em usinas termelétricas. No Amazonas, temos clientes de Autazes a São Gabriel da Cachoeira, na fronteira do Brasil com Colômbia e Venezuela, em que encontramos soluções para substituir parte das fontes fósseis por energia renovável, reduzindo custos que podem ser repassados aos usuários finais”, disse à DINHEIRO Renato Amaral, diretor comercial da WTT, se referindo à vertical de descarbonização.

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“O agronegócio será nossa principal fonte de receita. O setor tem dificuldade de acesso e gera muitas oportunidades.”
Renato Amaral, diretor do grupo WTT

Mas a cereja do bolo que a Fictor & WTT almeja está no agronegócio. A empresa acredita que no médio e longo prazo as soluções energéticas para o setor serão responsáveis pela maior parte de sua receita. No centro da estratégia estão os projetos de irrigação, especialmente os voltados para a produção no Cerrado, com atenção especial para os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba), região com baixa disponibilidade de energia.

“O setor tem um problema em acessar energia. Um único projeto no oeste da Bahia, que envolva de 50 a 60 pivôs, por exemplo, pode demandar investimentos equivalentes às oito usinas que estamos fazendo em Goiás. Esse investimento pode ser pago com a própria produção gerada pelo agricultor”, explica Amaral.