Revista

O PAC que empacou

Crédito: Mateus Bonomi

Carlos José Marques: "Um ano depois de anunciado com pompa e circunstância, o PAC 2 virou a quimera de um plano grandiloquente" (Crédito: Mateus Bonomi )

Por Carlos José Marques

A versão dois do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma invencionice que Lula lançou propagandisticamente como forma de mostrar comprometimento com a retomada econômica do País, não passou mesmo de conversa fiada. Mais uma vez. O anterior, no original, também não foi além da intenção, e esse, agora, pelo visto, reeditando a sina, segue a mesma trilha, coroando de forma enganosa a terceira edição de governo federal do demiurgo de Garanhuns.

Um ano depois de anunciado com pompa e circunstância, o PAC 2 virou a quimera de um plano grandiloquente. Dos 11.656 empreendimentos previstos para decolar em suas asas, 5.666 ainda seguem no que, na Esplanada dos Ministérios, é chamada de “ação preparatória”. Em outras palavras, ainda não venceram sequer a fase de formalização, adequação à lei e planejamento. A Casa Civil informou que tais projetos avançam na ordem do dia, mas poucos estão com o status de “em execução”. Nesse bloco, estão apenas 4.908 e, para variar, com o cronograma atrasado. Apenas 936 foram concluídos, informa a pasta. A falta de recursos para investimentos é notória, ainda mais em tempos de orçamentos secretos e emendas PIX para o uso descontrolado de parlamentares. O engajamento da iniciativa privada, com a participação efetiva via parcerias, também está aquém do desejado. Não por falta de interesse, diga-se de passagem. Mas por ausência de estrutura clara do que o Estado quer em cada uma das licitações que ainda nem saíram.

Uma fama, quase como sina, dá conta de que os decantados projetos petistas que embarcam nos tais PACs nunca são concluídos na integralidade. As obras sofrem majoração de preços, rios de dinheiro são gastos, e nada, entregue. É um exagero, mas os problemas nesses casos parecem frequentes e ilustram a péssima impressão e descrença que causam na população. Lula reclama que a burocracia sempre atrasou ou comprometeu seus objetivos nesse sentido. Ele argumenta que quando comunicou a volta do PAC, com R$ 18,3 bilhões em obras, atendendo 91 municípios, queria dar um choque de retomada no Brasil e colocá-lo de volta à rota do crescimento. Ainda não conseguiu, mas continua acreditando. Na sua primeira gestão, as medidas ficaram mais circunscritas à esfera institucional, para melhorar o gasto público em infraestrutura. Na reedição do governo, veio finalmente o PAC, porém a tentativa de mudança de ideologia dentro da administração federal sofreu diversas críticas, como a de que o Planalto desperdiçava dinheiro sem critério. Havia de tudo um pouco: desde investidas em logística e energia até aquelas de cunho mais social e urbano. Foi nessa fase que o governo começou a construir as grandes hidrelétricas da Amazônia.

A memória que tudo deixou não é das melhores, embora muitos advoguem que, com os PAC, ao menos essas gestões petistas demonstram a vontade de apostar na infraestrutura, sem a qual realmente não há como esperar crescimento econômico. A dúvida que fica: passado um ano de lançamento, conseguirá o PAC 2 cumprir as metas que traçou? Com a palavra o pai da criança, Lula em pessoa.