Negócios

A bola oval vem aí: futebol americano da NFL estreia em gramado brasileiro

Jogo da NFL em São Paulo vai movimentar US$ 60 milhões. No País, são 36 milhões de fãs de futebol americano e a liga dos EUA ensaia a jogada para crescer ainda mais

Crédito: Stacy Revere

Neo Química Arena, que já recebeu jogos de Copa do Mundo e Olimpíadas, vai ser a sede da partida histórica entre Eagles e Packers (Crédito: Stacy Revere)

Por Beto Silva

Inaugurada em maio de 2014, a Neo Química Arena já recebeu mais de 350 jogos de futebol. Nesses 10 anos, o estádio do Corinthians, no bairro de Itaquera, em São Paulo, foi palco de partidas icônicas, como a abertura da Copa do Mundo da Fifa do Brasil, embates futebolísticos dos Jogos Olímpicos Rio 2016, das Eliminatórias da Copa de 2018 e 2022 e da Copa América de 2019. A praça esportiva também foi sede de eventos musicais e do Monster Jam, de trucks gigantes com aproximadamente três metros de altura e largura, cinco metros de comprimento e peso de seis toneladas. Agora, a arena se prepara para receber outros gigantes: os jogadores da National Football League (NFL). Na noite de sexta-feira, 6 de setembro, Philadelphia Eagles e Green Bay Packers se enfrentam na abertura da temporada 2024. Será a partida regular da NFL na América do Sul.

Os fãs brasileiros vão desfrutar de tudo o que envolve um jogo de futebol americano como se estivesse sendo realizado nos Estados Unidos, inclusive com requintes do Super Bowl, a finalíssima do campeonato norte-americano que para o país e movimenta os aficionados de todo o planeta.
No intervalo da partida em solo brasileiro estão confirmadas as apresentações Anitta, Luísa Sonza e Zeeba.
No entorno do estádio e dentro, muitas ativações para o público.
No meio disso tudo ainda vai ter um jogo – contém ironia!

Peter O’Reilly, vice-presidente executivo internacional de eventos da liga e negócios dos clubes da NFL, afirmou À DINHEIRO que o crescimento global é uma prioridade estratégica para a NFL e seus 32 times, e o Brasil é um mercado significativo para a expansão internacional da modalidade e da marca. “Já que o jogo em São Paulo, o primeiro jogo na América do Sul, amplia a presença global da NFL. A primeira vez que um jogo foi disputado em uma sexta-feira à noite do fim de semana de abertura da liga tem mais de 50 anos. Há tantas ‘estreias’ históricas no Brasil… O mercado representa nosso compromisso com o país e com a expansão global”, disse o executivo.

(Stacy Revere)

O Brasil tem uma base apaixonada de torcedores do esporte, com cerca de 36 milhões de fãs da NFL, o terceiro maior fandom do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e do México. “Estamos animados para ir a São Paulo e levar aos fãs uma experiência inesquecível”, afirmou O’Reilly. “Estamos comprometidos com o Brasil. Após o que será o primeiro jogo no mercado, estamos focados em continuar a aumentar o fandom e os esforços de expansão no País”, complementou.

O entusiasmo dele está ligado ao crescente número de pessoas que acompanham a modalidade por aqui. Em 2015 eram 3 milhões de torcedores. A liga tem investido por aqui em eventos e parcerias comerciais. Um exemplo é o NFL in Brasa, que já teve duas edições na capital paulista para celebrar as finais das temporadas 2022 e 2023.

Para o jogo na Neo Química Arena, contratos de transmissão foram assinados com a RedeTV!, que será parceira exclusiva para a exibição na TV aberta, a ESPN nos canais por assinatura e a CazéTV, responsável pela exibição no ambiente digital. Os principais patrocinadores locais da partida são XP, Fit e Perdigão. Outros globais também vão ativar o jogo, como Ambev e Visa.

(Ricardo Moreira)

IMPACTO ECONÔMICO

Os detalhes financeiros de todo o projeto do jogo no Brasil não são revelados pela NFL. Mas a SPTuris, empresa oficial de turismo e eventos da Prefeitura de São Paulo e parceria da liga de futebol americano, estima um impacto de US$ 60 milhões na economia local. Os ingressos para a partida foram disponibilizados no dia 13 de junho e acabaram em duas horas. A expectativa é de que aproximadamente 45 mil torcedores acompanhem a disputa entre Eagles e Packers no estádio. A arrecadação com bilheteria pode superar R$ 30 milhões.

Pedro Rego Monteiro, CEO da Effect Sport, agência oficial da NFL no Brasil desde 2015, tem comemorado a representatividade do mercado brasileiro para a marca (Crédito:Luciana Whitaker)

Os números atuais da NFL no País são surpreendentes e estão em evolução. Mas a liga quer mais. Pedro Rego Monteiro, CEO da Effect Sport, agência oficial da NFL no Brasil desde 2015, tem comemorado a representatividade do mercado brasileiro para a marca. “Somos o terceiro maior mercado em base de fãs no mundo. E o potencial de crescimento é ainda muito grande”, projetou.

O objetivo da liga por aqui, com o jogos e os eventos, vai além de retorno comercial, segundo o executivo. “É a realização de um sonho de milhões de pessoas, é a possibilidade de revelarmos novos atletas de futebol americano e/ou de flag football. É mais cultura esportiva para o País, é impacto econômico, é o Brasil mais uma vez no centro do ecossistema esportivo mundial”, disse Monteiro. Na semana da partida da NFL, o País do futebol vai virar o País da bola oval.