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Compra do Ano – GWM Ora 03 GT: quando mais é mais

Por R$ 34 mil a mais que sua versão de entrada, GWM Ora 03 GT compensa o valor adicional com uma lista de equipamentos mais generosa e uma autonomia superior. Será que vale a pena?

Crédito: Divulgação

Ora 03 GT: ágil, o hatch cumpre bem seu papel urbano (Crédito: Divulgação )

Por Guilherme Silva e Flávio Silveira 

Há alguns meses, passei uma semana ao volante de um BYD Dolphin e compreendi por que o compacto chinês se tornou um verdadeiro fenômeno de vendas – a ponto de liderar as vendas do segmento de carros 100% elétricos e até vender mais do que alguns modelos a combustão já consolidados no mercado. Só no primeiro semestre deste ano, ele teve nada menos do que 9.600 unidades vendidas no Brasil, feito considerável em um mercado que ainda se adapta aos veículos a bateria – e bem mais que o dobro das 3.687 unidades do vice-líder GWM Ora 03, que pude utilizar agora pelo mesmo período.

Muita agilidade no desempenho urbano, silêncio ao rodar e menor custo por quilômetro rodado são algumas das principais virtudes que cativam quem experimenta qualquer carro elétrico em sua rotina – e eles ainda costumam ter a cabine espaçosa por conta da mecânica mais compacta. Apesar desses atributos, pessoalmente, acho que faltam ao líder de vendas um toque de personalidade no visual (que lembra mais uma minivan) e, principalmente, alguns sistemas de assistências ao motorista (ADAS). São esses predicados que, levando em conta o meu gosto, fazem do GWM Ora 03 Skin uma opção mais interessante entre os elétricos com preços na faixa de R$ 150 mil.

No entanto, se eu fosse investir na compra de um automóvel a bateria, pechincharia um desconto para levar este Ora 03 GT de R$ 187 mil, a configuração mais equipada e com maior autonomia do modelo. No final das contas, o conteúdo mais recheado e a capacidade de rodar distâncias maiores antes de precisar recarregar fazem a diferença de preços não parecer tão expressiva assim.

(Divulgação) (Crédito:Divulgação )
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No alto, a cabine com desenho clean: o quadro de instrumentos é bom, mas muitas funções só podem ser acessadas pela tela, como o ar-condicionado (à direita, os comandos “virtuais’). Acima, o seletor de câmbio juntos dos comandos do freio de mão e auto-hold e os bancos mais esportivos da versão top. Abaixo, as teclas que imitam as dos modelos da Mini e o porta-malas de apenas 220 litros (menor que o do Renault Kwid)

(Divulgação)
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Motor e desempenho

O Ora 03 GT é movido pelo mesmo motor de 171 cv e 250 Nm da configuração Skin, que permite acelerar de 0-100 km/h em bons 8,2 segundos. Mas o grande diferencial está sob o assoalho: a bateria de 48 kWh da versão mais barata dá lugar a outra maior, de 63 kWh. Isso reflete no alcance declarado, que na versão Skin é de apenas 232 quilômetros, enquanto na GT ele roda 319 quilômetros.

Ágil, o hatch cumpre bastante bem o papel de veículo urbano, mas também entrega bom desempenho e ótima estabilidade quando precisa encarar rodovias em viagens curtas. O Ora 03 GT também se destaca pelo visual esportivo, com para-choques exclusivos, aerofólio e rodas de 18 polegadas. O interior é predominado pela cor vermelha no painel e nas portas, enquanto o teto panorâmico reforça a sensação de amplitude.

Os bancos dianteiros com ajustes elétricos e massagem dão um toque a mais de sofisticação, e ainda há carregador por indução e sistema de estacionamento semiautomático, ausentes na Skin.

Guilherme Silva | Repórter

Contraponto

● Embora não seja a proposta aqui, a comparação é inevitável. Como meu colega, convivi, em momentos diferentes, com BYD Dolphin e GWM Ora 03, e concordo que o design deste último é mais atraente. Mas sou racional nas escolhas, então, diferentemente do Guilherme, se fosse comprar um elétrico, seria para uso urbano ou viagens de menos de 100 km – único uso que considero viável para modelos a bateria. Sendo assim, ficaria na faixa de R$ 150 mil e levaria o Dolphin.

Por menos que este valor, Dolphin Mini e Kwid E-Tech deixam a desejar, mas também não vejo por que gastar mais – afinal, dispenso os intrometidos assistentes ao motorista do Ora, e, para tal uso, o desempenho do Dolphin de entrada é suficiente, com vantagem do consumo mais moderado e da autonomia maior.

Falando nisso, a diferença na faixa de R$ 37 mil no “upgrade” de qualquer deles permite pagar eletricidade para rodar mais de 200 mil quilômetros. E, mesmo que fosse para subir de faixa de preços, compraria o Dolphin Plus, que tem mais alcance e é mais potente e forte que o Ora 03 GT – que ainda fica atrás em porta-malas e interface homem-máquina (um dos pontos que mais me decepcionou).

Flávio Silveira | Editor

COMPRE SE…

Você deseja um carro elétrico com alto nível de tecnologias semiautônomas, mas não quer gastar muito dinheiro.
Você quer um carro com bom espaço para passageiros no banco traseiro, mesmo que signifique ter um porta-malas pequeno.

NÃO COMPRE SE…

Você precisa de um carro para viajar longas distâncias, uma vez que a autonomia dos elétricos cai muito em uso rodoviário – o pior cenário também para recarregar o carro (e a do Ora já não é grande).
Você prefere carros mais discretos, que não chamem atenção nas ruas: o Ora 03 tem um design incomum, que atrai muitos olhares.

GWM Ora 03 GT

Preço básico (SKIN) R$ 150.000
Carro avaliado R$ 187.000

Motor: elétrico, síncrono, dianteiro
Combustível: eletricidade
Potência: 171 cv
Torque: 250 Nm
Câmbio: caixa redutora com relação fixa
Direção: elétrica Suspensão: McPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: discos ventilados (d/t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,254 m (c), 1,848 m (l), 1,603 m (a)
Entre-eixos: 2,650 m
Pneus: 215/50 R18
Porta-malas: 228 litros
Bateria: íons de lítio, 63 kWh
Peso: 1.580 kg
0-10:0 km/h: 8s2
Velocidade máxima: 160 km/h (limitada eletronicamente)
Consumo: 4,9 km/kWh (média)
Autonomia: 319 km
Recarga máxima: 11 kW AC e 67 kW DC
Nota do Inmetro: A
Classific.na categoria: A (Médio)