Finanças

Fintech Ume quer escalar negócio com mais oferta de crédito via Pix

Fintech Ume levanta US$ 15 milhões em Série A liderada pelo PayPal e cria um FIDC de US$ 20 milhões para expandir oferta

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Berthier Ribeiro CEO da Ume, diz que rodada de investimentos fortalece plataforma de serviços via Pix (Crédito: Divulgação)

Por Jaqueline Mendes

A utilização do Pix como meio de pagamento tem crescido exponencialmente nos últimos anos, mas ainda não alcançou todo o seu potencial. A próxima fronteira, ao que tudo indica, é o Pix no mercado de crédito. A fintech Ume, plataforma brasileira de crédito e pagamentos via Pix, é prova disso. A empresa levantou US$ 15 milhões em sua rodada de Série A, liderada pela PayPal Ventures, com participação da NFX, Globo Ventures, Clocktower Ventures, Big Bets, FJ Labs, Endeavor e Norte Ventures. A fintech também captou um FIDC de US$ 20 milhões, em parceria com a Verde, Wersten Asset, Itaú, Credit Saison e Milenio. Os recursos serão destinados às áreas de vendas, marketing e, principalmente, tecnologia, para acelerar a aquisição de novos varejos à rede e aumentar a oferta de produtos para clientes, tudo via Pix.

Com os aportes, a empresa fortalecerá sua plataforma de serviços centrados no Pix, permitindo que pequenas e médias empresas (PMEs) ofereçam maior flexibilidade de pagamento para seus clientes, segundo Berthier Ribeiro, cofundador e CEO da Ume. “Nossa visão é construir a principal plataforma de pagamentos e serviços focados no Pix, que ofereça aos consumidores mais facilidade na hora de pagar e ajude milhares de varejistas a expandirem seus negócios”, afirmou o CEO. “Ao colocar o Pix no centro de nossa estratégia, conseguimos entregar às PMEs uma variedade de serviços financeiros que elas podem oferecer de maneira fácil e conveniente para seus clientes. Assim, ajudamos os varejistas a crescer e melhoramos a forma como o brasileiro compra.”

Em parceria com pequenas e médias varejistas, como concessionárias de veículos semi-novos, Ume faz a ponte para a oferta de crédito, e media o relacionamento com o cliente (Crédito:Divulgação)

Na prática, a Ume permite que pequenos e médios varejistas ofereçam crédito de forma simples e rápida, enquanto a fintech assume todo o relacionamento com o cliente final, inclusive a análise de perfil do consumidor, riscos de fraude e o processo de cobrança. Atualmente, mais de 200 mil consumidores utilizam o crédito Ume para realizar compras em uma ampla rede de mais de seis mil varejistas parceiros. Esse modelo apresenta um forte comportamento de uso do crédito, com 85% das compras provenientes de clientes recorrentes.

Construir sua infraestrutura ao redor do Pix permite à Ume escalar seu negócio, por meio da inclusão instantânea de novos varejistas e consumidores em sua base. Isso possibilita que uma parcela dos consumidores realize compras on-line e off-line em varejistas fora de sua rede de parceiros. Hoje, 80% das compras com Ume acontecem em lojas físicas, enquanto 20% são on-line.

Desde a adoção do Pix na plataforma Ume, no início de 2023, a empresa aumentou sua base de varejistas parceiros em cinco vezes, cresceu a recorrência de consumidores em três vezes e reduziu a taxa de inadimplência em 33%. “A Ume capitalizou a onipresença do Pix no Brasil e ganhou força impressionante”, disse Ian Cox, sócio da PayPal Ventures. “Estamos entusiasmados em apoiar a empresa à medida que continuam construindo o futuro dos pagamentos no Brasil.”

Para grande parte de seus consumidores, a Ume é sua única ou principal fonte de crédito. A empresa cresce mantendo uma carteira saudável, aprovando 30% mais clientes do que a média do mercado. Esse desempenho pode ser atribuído, em grande parte, ao modelo de avaliação de crédito da Ume, que utiliza uma rede neural proprietária para avaliar o risco ao longo da jornada do consumidor e adaptar rapidamente as condições e políticas de crédito de cada cliente.

EVOLUÇÃO

Desde que entrou em vigor, há quatro anos, o Pix gerou grandes ganhos e inovações para os bancos digitais, segundo análise do Bradesco BBI. O banco de investimentos avalia que o sistema fez com que novas marcas ganhassem espaço, especialmente entre clientes de baixa renda e em nichos de crédito. Além disso, obrigou as credenciadoras a transformarem seus modelos de negócios. No segmento de crédito pessoal, a participação dos maiores bancos do País caiu de 65,1%, em 2019, para 45,2%, no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período, os cartões de crédito nas mãos dos grandes bancos recuaram de 75,6% para 59,2%.

No ano passado, os brasileiros realizaram quase 42 bilhões de transações via Pix, o que representa um crescimento de 75% em relação ao ano anterior, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com base em levantamentos divulgados pelo Banco Central (BC) e pela Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs). Assim, o Pix se tornou o meio de pagamento mais popular do Brasil, superando cartões de crédito, débito, boleto, Transferência Eletrônica Disponível (TED), o extinto Documento de Crédito (DOC), cheques e TEC, que juntas somaram quase 39,4 bilhões de operações.