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Pivotagem, rebranding… Como a Alloyal passou a dobrar de tamanho anualmente

A mineira Alloyal alcança 1 mil programas de retenção de clientes construídos, com 8 milhões de usuários e 25 mil estabelecimentos parceiros. Pontos, cashback, sorteio, clubes de descontos e até gamificação estão entre as soluções oferecidas

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"Tão importante quanto o desafio de ganhar mercado com mais consumidores na base, é aplicar uma estratégia eficiente para reter os que já existem”, diz Aluisio Cirino, CEO da Alloyal (Crédito: Divulgação)

Por Beto Silva

Quando a Lecupom nasceu em Minas Gerais, em 2016, o modelo de negócio era simples: uma empresa que oferecia cupons de desconto para o consumidor final. Um B2C tradicionalíssimo. O cliente se cadastrava no app, pagava uma mensalidade e tinha à disposição dezenas de oportunidades para pagar mais barato em marcas parceiras e produtos selecionados. Em 2019, um pouco antes da pandemia de Covid, a companhia fez um movimento importante para pivotar o negócio. Ao invés de focar na pessoa, começou a se relacionar com empresas. Um B2B convencionalíssimo.

A Nike, gigante de calçados e vesturários esportivos, é uma das clientes da Alloyal no Brasil para fidelizar seus consumidores (Crédito:Jakub Porzycki / NurPhoto / NurPhoto via AFP)

Mas que gerou resultados mais efetivos para a empresa. A Lecupom passou, então, a oferecer soluções de fidelização de clientes para as marcas. O nome, portanto, já não fazia tanto sentido. E o rebranding foi inevitável. Recentemente passou a se chamar Alloyal. Uma nomenclatura que remete ao termo loyalty, estratégia de marketing que cria um relacionamento estável e de fidelidade entre uma empresa e os seus clientes.

Com a virada de chave, em 2020 cresceu incríveis 2.000%.
De lá para cá, dobrou de tamanho ano a ano.
 E em 2024 vai dobrar mais uma vez, com previsão de faturamento na casa dos R$ 20 milhões.
A projeção de vendas de seus parceiros é de R$ 500 milhões, mais de três vezes os R$ 150 milhões registrados ano passado.

“Estamos nos aprimorando e aperfeiçoando nossas ferramentas para oferecer soluções cada vez mais personalizadas”, disse Aluisio Cirino, CEO da Alloyal, de produtos personalizados de engajamento e retenção de usuários como programas de pontos, cashback, sorteio, clubes de descontos e até gamificação.

83% das pessoas acreditam que os programas de fidelidade melhoraram a experiência de compra, segundo a Abemf

Atualmente, são 1 mil programas de fidelidade construídos, com 8 milhões de usuários e R$ 68 milhões em economia estimada. Entre os clientes da loyalty tech estão Nike, Renner, Centauro, O Boticário e Booking, além de Reserva, Sicoob e instituições como OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ao todo, são mais de 25 mil estabelecimentos em todo o País, de 19 setores, que usam as soluções da Alloyal.

O mercado de fidelização joga a favor da empresa mineira. Segundo estudo da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), em 2023 o resgate de pontos e milhas pelos participantes aumentou 18,3% em comparação a 2022. Entre os consumidores, 83,2% dos entrevistados acreditam que os programas de fidelidade melhoraram sua experiência de compra.

Globalmente, as companhias estão cada vez mais interessadas em aumentar seus investimentos na retenção de clientes do que na aquisição deles, de acordo com o Global Customer Loyalty Report 2024 da Antavo. Já a consultoria Gartner projeta que até 2027 uma em cada três empresas que ainda não possuem um programa de fidelidade deverá implementar e 9 em cada 10 empresas que já têm esses programas planejam reformulá-los nos próximos três anos. “Tão importante quanto o desafio de ganhar mercado com mais consumidores na base, é aplicar uma estratégia eficiente para reter os que já existem”, disse Cirino, que largou a carreira no mercado financeiro para empreender no mundo dos descontos.

PERSONALIZAÇÃO

Para o executivo, não existe uma receita de bolo pronta. Cada cliente tem um objetivo, seja para engajar seus consumidores, vender mais ou garantir a satisfação de permanecer como cliente o sócio de empresas e instituições. Para cada um deles, uma solução personalizada é criada. Foi o caso da OAB de Minas Gerais, que tinha dificuldade de manter satisfeitos os advogados que pagam uma taxa anual para a entidade e não observavam muitas vantagens nisso. A Alloyal criou, então, o programa Anuidade Zero, em que os profissionais mineiros de Direito que comprassem em varejistas parcerias recebiam cashback para abater do valor da contribuição anual – em alguns casos o valor recebido cobria o custo total da taxa. “Desde 2021, cerca de 3 mil advogados não pagaram a anuidade, que foi liquidada pelo cashback de suas compras corriqueiras em lojas como Magalu, Netshoes e Amazon, por exemplo”, disse Cirino.

E a gamificação? Ela entra como diferencial no programa de fidelidade em casos de engajamento e experiência do cliente. É mais real do que lúdica. “Uma pessoa que compra passagem aérea assiduamente não enfrenta filas”, salientou o CEO. “É uma maneira de premiar aquele cliente que tem maior relação com a empresa.” Esse é o jogo da fidelidade da Alloyal para fazer os parceiros venderem mais para os mesmos consumidores.