Hitachi Energy investe R$ 1,2 bilhão na produção de transformadores no Brasil

Por Aline Almeida

Gigante global do setor de tecnologia energética, a japonesa Hitachi Energy comemora 70 anos de atuação no Brasil com o anúncio de um investimento de R$ 1,2 bilhão, o maior das últimas décadas no País. Com o aporte, planeja expandir sua fábrica de transformadores em Guarulhos (SP) e construir uma nova planta greenfield nos próximos quatro anos, no eixo Rio-São Paulo. O objetivo é antecipar o aumento da demanda por equipamentos de transmissão de energia tanto no mercado brasileiro quanto no global, para seguir com a maior base instalada desses produtos no Brasil. “O mundo está passando por um superciclo, que também impacta o Brasil. Nossa fábrica de Guarulhos se tornou referência, fornecendo equipamentos tanto para o mercado nacional quanto para os Estados Unidos e Europa”, disse Glauco Freitas, presidente da companhia no Brasil.

O investimento na operação brasileira faz parte de um pacote global de US$ 1,5 bilhão para aumentar a produção de transformadores. Com a ampliação da planta de Guarulhos e a nova fábrica, a empresa espera criar 3 mil empregos, diretos e indiretos. A transição energética é o principal pilar de crescimento do setor, impulsionada pela crescente demanda por energia em áreas como data centers, hidrogênio de baixo carbono e energia eólica offshore. Bruno Melles, vice-presidente executivo, destacou que todo o investimento será financiado pelo caixa da empresa, sem dificuldades. “Não temos problema para gerar capital, pois 100% desse aporte será gerado com recursos próprios.”

100%
dos investimentos no brasil serão feitos com geração de recursos próprios

40%
será o crescimento da capacidade energética do país nos próximos anos

R$ 1,2 bilhão
é quanto a empresa vai investir no brasil para expandir sua produção

Atualmente, a empresa conta com 1,5 mil colaboradores no Brasil, sendo 90% deles alocados na fábrica de Guarulhos e 10% em Blumenau (SC). De acordo com o presidente, o número de funcionários aumentou cerca de 35% nos últimos quatro anos. “Nesse período, ampliamos a planta de Guarulhos três vezes, resultando em um crescimento médio anual de 25%, o que demonstra um desenvolvimento sustentável e consistente nos últimos anos”, afirmou.

Com previsão de entrega em 2028, a nova unidade será construída em uma cidade próxima à Rodovia Presidente Dutra. A empresa está em negociação com prefeituras da região e espera definir o local exato nos próximos três meses, o que adicionará 450 funcionários à operação no Brasil. Alexandre Malveiro, gerente regional da divisão de transformadores na América Latina, afirmou que a escolha do município levará em conta a logística e a acessibilidade, pois a distribuição de equipamentos gigantes, com centenas de toneladas, é complexa. “Estamos buscando cidades com logística facilitada, pela localização, com mão de obra mais especializada, como Senais [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], Fatecs [Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo]… Nós também capacitamos os colaboradores.”

Os produtos fabricados pela Hitachi no Brasil são exportados para todos os continentes, com grande demanda dos Estados Unidos, que investem na conexão entre estados, e da Europa, focada na integração de redes entre países. No Brasil, espera-se um aumento de 40% na capacidade energética. “Nós demoramos 120 anos, no Brasil, para chegar à matriz energética que temos hoje, de aproximadamente 200 gigawatts. O plano decenal [da Empresa de Planejamento Energético, EPE] é que ele aumente 40%, para 270 gigawatts”, disse o presidente.

Esse investimento é também impulsionado pelos leilões de transmissão no Brasil, que somaram cerca de R$ 60 bilhões nos últimos dois anos. A companhia também está presente em projetos estruturantes no País, como os linhões de corrente contínua de Itaipu, Belo Monte e Madeira, o maior elo de transmissão do mundo, com 2.375 quilômetros de extensão.

Além da fábrica em Guarulhos, a empresa opera em Blumenau produzindo transformadores de energia e distribuição, reatores de derivação e componentes essenciais para sistemas elétricos, atendendo mercados nas Américas, Europa e Oriente Médio. Segundo Alexandre Malveiro, o investimento histórico reflete a expertise da empresa, construída ao longo de décadas. “Com a expansão de nossa capacidade produtiva, estaremos ainda mais preparados para apoiar a transição para a energia limpa”, concluiu.