Revista

O clima e a economia

Crédito: Evaristo Sa

Carlos José Marques: "O próprio Distrito Federal arde em chamas com imagens de um apocalipse espantoso" (Crédito: Evaristo Sa)

00Por Carlos José Marques

A gravidade climática que assola o mundo e particularmente o Brasil nos últimos tempos atingiu níveis insuportáveis. Em todos os aspectos. E está a exigir recursos volumosos para conter sua escalada. Já se sabia disso há tempos, mas governos, autoridades em geral e a população como um todo parecem ter resolvido dar as costas ao problema, ignorar, simplesmente negar que poderia existir. E lavaram as mãos.

O drama das queimadas e da devastação que hoje consome o Brasil já atinge mais de 30% de seu território. É uma barbaridade. Os custos dessa destruição são imensuráveis. Mananciais inteiros, reservas florestais do tamanho de um Estado, fauna e flora estão sendo consumidos inapelavelmente sem controle. Somente a atividade agropecuária, responsável por boa parte do crescimento de quase 3% do PIB, sofrerá um revés tremendo e em escala crescente caso nada seja posto como medida para resolver.

Não há alternativa. Os constantes ataques ao equilíbrio climático estão cobrando o seu preço. A seca registrada por aqui já é a maior em 70 anos, de acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), e vai, gradativamente, destruindo riquezas, fontes de renda familiar e até ameaçando de sobrevivência milhões de famílias. Sem contar o impacto que essa seca causa na produção de energia elétrica, também outro fator de crescimento exponencial do capitalismo bananeiro.

O ministro do STF Flávio Dino, em uma ação que mistura voluntarismo com consciência sobre o drama, autorizou que o governo Lula abrisse créditos extraordinários para o combate às queimadas, tanto na Amazônia como no Pantanal, realizando despesas fora do limite de gastos do arcabouço fiscal. Por assim dizer, um regime de exceção extraordinária por conta do insuportável cenário nacional. O ar está irrespirável em muitas capitais e cidades. O próprio Distrito Federal arde em chamas com imagens de um apocalipse espantoso.

Existe no momento uma autêntica “pandemia de incêndios”, como bem definiu o ministro. O fornecimento de água em diversas regiões vem sendo prejudicado. Entrou na ordem do dia a discussão sobre o horário de verão que modifica todo o ecossistema operacional da economia, especialmente de grandes empresas e no chão de fábrica. É o impacto ambiental ditando na prática os resultados do PIB. Daqui para a frente, que ninguém duvide, será sempre assim.