Negócios

Fundo americano quer vender St. Marche

L Catterton pretende levantar pouco mais de R$ 1 bilhão com a venda de 70% do capital da rede varejista

Crédito: Demian Golovaty

Grupo expandiu suas lojas nos últimos anos, mas resultado segue negativo (Crédito: Demian Golovaty)

Por Alexandre Inacio

Com 29 lojas na Grande São Paulo, uma em Santos e outra em Campinas, a rede paulista de supermercados St. Marche foi colocada na prateleira por seus controladores. Depois de oitos anos, o fundo americano L Catterton quer agora se desfazer do ativo e contratou a Vinci Partners para conduzir o processo de M&A. A ideia é levantar R$ 1,1 bilhão com a venda de 70% do capital que possui na varejista, conforme apuração do Valor Econômico.

Essa não é a primeira vez que o fundo americano tenta sair do negócio. Em 2021, representantes do L Catterton chegaram a se reunir com os fundadores do St. Marche, Bernardo Ouro Preto e Victor Leal — que devem seguir na sociedade com uma participação conjunta de 20% ­—, para adequar o estatuto social da empresa a fim de realizar um IPO na bolsa de valores do Brasil.

A expectativa era listar as ações no Novo Mercado da B3, mas não deu tempo. Só que a maré virou, a volatilidade do mercado cresceu e a janela para listagem dos papeis acabou fechando. Contudo, a estrutura de governança da empresa foi mantida até agora, inclusive com a publicação dos balanços trimestrais.

Fundador da rede de supermercados, Bernardo Ouro Preto permanecerá como sócio do St. Marche mesmo após a venda da controladora (Crédito:Ana Paula Paiva)

Algumas razões justificam o movimento do L Catterton.
• A primeira são os resultados do St. Marche. Ainda que a varejista tenha elevado em 15% sua receita líquida em 2023 para R$ 1,1 bilhão, a empresa fechou o ano passado no vermelho, com prejuízo de R$ 62 milhões. E essa não foi a primeira vez que o resultado foi negativo. Em 2022, as perdas anuais já haviam somado R$ 66 milhões.
O segundo motivo é operacional. O prazo do fundo criado pelo L Catterton para captar os recursos para investir no St. Marche está perto do fim e a gestora precisa devolver o capital aos investidores.

Ainda não foi definido como o negócio se dará. Seja uma venda secundária de toda participação do fundo ou uma tranche primária que injete recursos no caixa, todas as propostas serão ouvidas.

Seja como for, o eventual comprador provavelmente terá que injetar recursos para acelerar o processo de crescimento da rede e manter os índices de alavancagem sob controle. Há alguns anos, o St. Marche tomou medidas para ajustar sua dívida para melhorar sua estrutura de capital. Nos últimos meses, a empresa alongou sua dívida de curto prazo com os bancos para melhorar o caixa e manter os investimentos. Entre empréstimos e debêntures, as dívidas somavam pouco mais de R$ 300 milhões.

Agora, resta saber se o L Catterton vai conseguir negociar o St. Marche pelo preço exposto na gôndola ou se terá que negociar com os interessados algum tipo de desconto. Afinal, como manda a tradição, certos clientes pagam um pouco menos quando já possuem alguma relação com o supermercado.