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StartSe vai além da educação e cria consultoria para ajudar empresas

Após se consolidar no mercado de educação para empreendedores, plataforma StartSe lança consultoria para empresas com foco em tecnologia e inovação, projetando receitas robustas no negócio

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Franceschi apontou que o ciclo de aprendizado encurtou com a chegada da IA, elevando a procura por cursos e treinamentos (Crédito: Divulgação )

Por Allan Ravagnani

Transformações culturais e tecnológicas estão encurtando cada vez mais o ciclo da renovação de aprendizagem no mundo corporativo. Antigamente, ter curso superior completo era sinônimo de sucesso e estabilidade, com o tempo, foram surgindo pós-graduações e MBAs, importantes para atualizar conhecimentos, formar networking e turbinar o currículo. Com o advento da Inteligência Artificial e de outras tecnologias, um profissional de ponta tem de buscar atualizações e reciclagens quase que anualmente. É uma jornada de aprendizado constante. Partindo deste princípio, a StartSe, plataforma de educação on-line voltada para tecnologia e empreendedorismo, abriu uma nova frente de negócios, e além da educação, está oferecendo consultoria em estratégia e tecnologia com o objetivo de ajudar as empresas a lidar com esse novo ambiente.

“Criamos a consultoria depois de ter treinado milhares de empresas e líderes, nós dávamos o curso, mas vimos que poderíamos ir além, dar uma ajuda interna, e com o tempo, fomos criando metodologias aplicáveis às empresas e entendemos que a gente poderia ir até elas para ajudar nesta vertical. A consultoria quer ajudar as empresas a construir um caminho de perpetuidade, se reinventando continuamente”, afirmou à DINHEIRO o CEO da StartSe, Piero Franceschi, de 43 anos. Segundo ele, a nova divisão já nasce com 20 clientes, entre eles, empresas como GM, Algar Telecom, PetroRio, Sebrae, Tigre, Kwai, entre outras.

Para montar os programas, a StartSe desenvolveu uma metodologia com base nos desafios que empresas de diferentes setores enfrentaram nos últimos 10 anos.

Suas ações se dividem em duas áreas principais.
A primeira é o Planejamento Estratégico, que visa integrar o conceito de “ambidestria organizacional”, ajudando as empresas a manter o equilíbrio entre as atividades que já realizam e as novas iniciativas voltadas para o futuro.
Já a segunda frente, focada em tecnologia, busca desenvolver estratégias que acompanhem a nova transformação digital, otimizando o uso de inteligência artificial para melhorar a eficiência nos processos.

A própria StartSe sentiu o impacto dessas mudanças: com a incorporação de ferramentas de IA, a empresa teve um crescimento de 72% em um ano, aumentando sua rentabilidade por funcionário em três vezes.

Franceschi afirmou que a integração entre estratégia e tecnologia complementa a transformação cultural que a empresa já promovia. Segundo ele, a inteligência artificial exige uma adaptação constante das empresas, e a nova consultoria visa justamente auxiliar nesse processo de evolução. “Assim, nós deixamos de ser uma empresa de educação, para ser uma empresa de transformação”, completou.

“As empresas têm uma dor de alma muito grande sobre o futuro, para onde vão, o que vai acontecer com seus produtos, então alguém de fora precisa ajudá-las a tangibilizar essa visão de futuro.”
Piero Franceschi, CEO da Startse

A parte de consultoria trabalha especialmente com a transformação cultural e digital.

A primeira busca equilíbrio entre pragmatismo e inovação, enquanto a segunda foca em repensar a arquitetura tecnológica das empresas, com ênfase na implementação de IA em todas as áreas.

● Do ponto de vista cultural, a consultoria visa oferecer uma melhor visão estratégica, especialmente para líderes que estão muito focados na tática, ou que são muito pragmáticos. “A gente acaba se posicionando nesse meio, ajudando a fazer bem o que sempre fez e criar novas alavancas de crescimento”, diz.

No lado digital, Franceschi aponta que a expressão “transformação digital” circula há muito tempo e carrega consigo um problema: os inúmeros sistemas, módulos e estruturas complexas. “As empresas precisam resolver suas arquiteturas de tecnologia, existe muito desperdício de recurso, então a gente ajuda elas a repensar sua estratégia de tecnologia, simplificar, redesenhar e depois implementar a IA no dia a dia, dentro de cada área e departamento. É esperado que no final do processo, tenha soluções para todos os departamentos”, afirmou o executivo.

Em termos de faturamento, a vertical da consultoria deve ser responsável por 10% a 15% das receitas da companhia, segundo as projeções internas. Fundada em 2015, a StartSe trabalha com 400 das mil maiores empresas do Brasil, já expandindo suas atividades para países como Estados Unidos e China.

Ao longo de sua trajetória, a empresa passou a conduzir líderes em jornadas que envolvem decisões difíceis, ajudando-os a entender seu papel no cenário global. O livro Organizações Infinitas nasceu dessa experiência, propondo maneiras de as empresas se reinventarem e garantirem sua continuidade. “Muitas vezes os empresários entram em crise pensando se sua empresa ou se seus produtos irão durar, como se reinventar, então nós ajudamos nesse sentido, tangibilizando essa visão de futuro com eles”, disse.

Entre os principais números que companhia destaca, está o crescimento de 70% do faturamento de 2024 na comparação com 2023, com uma rentabilidade 300% maior, impulsionados pela formação de alunos em IA, que já somam mais de 40 mil. Além de atender 400 das mil maiores empresas do País, a escola já treinou CEOs e C-Levels das 10 maiores.

(Divulgação)

FORMAÇÃO EM IA

E de tanto se falar em inteligência artificial, a StartSe também criou um centro de excelência em IA, composto por 15 pesquisadores do Brasil e estrangeiros, que fornece conhecimento tanto para seus cursos quanto para sua consultoria, além de uma área de governança para IA. “É desse centro que se irradia o conhecimento, IA é uma ciência móvel”, disse.

A companhia criou um centro de excelência em IA com pesquisadores internacionais para insights para os cursos, consultoria e projetos envolvendo a tecnologia (Crédito:Divulgação )

Os movimentos para democratizar a IA no Brasil vão além dos cursos. A empresa está coordenando um “Movimento AI Brasil” para levar o conhecimento sobre as ferramentas de IA gratuitamente para todo o Brasil, e evitar uma nova desigualdade digital.

70% de crescimento em 2024, impulsionado pelos cursos de Inteligência Artificial

Sobre a expansão do negócio, Franceschi afirmou que antes de pensar no exterior, ainda há muito espaço e oportunidade para se crescer internamente. “Nosso foco é expansão dentro do Brasil, a necessidade, o nosso propósito é esse”, completou.