Como a Marfrig avança na reciclagem de resíduos gerados por embalagens
Companhia compensa mais de 2 mil toneladas de materiais recicláveis, com aumento de 49% em relação ao ano anterior e parceria com cooperativas
Por Allan Ravagnani
Nos últimos anos, a gestão de resíduos e a busca por práticas mais sustentáveis se tornaram temas centrais nas operações das grandes empresas, especialmente em setores com grande impacto ambiental. No Brasil, a Marfrig, uma das gigantes globais na produção de carne, vem implementando medidas para otimizar a reciclagem de resíduos gerados por suas embalagens. Somente em 2023, a empresa deu um passo significativo ao aumentar em 49% a quantidade de embalagens recolhidas por meio da logística reversa, uma prática que visa reduzir o volume de lixo descartado, além de reintegrar os materiais ao ciclo produtivo.
A parceria com o Instituto Rever desempenha um papel central nesse processo. A entidade colabora com cooperativas especializadas na triagem e no reencaminhamento de resíduos para reciclagem, além de emitir os certificados que comprovam o retorno dos materiais à indústria. A operação envolve a homologação de cooperativas e o apoio a seus processos internos, como o acondicionamento de materiais e sua destinação apropriada para uso em novos ciclos de produção.
O diretor de sustentabilidade da Marfrig, Paulo Pianez, destacou que a logística reversa tem sido uma iniciativa importante dentro das políticas socioambientais da companhia. Pianez mencionou que, além de mitigar os impactos ambientais, a prática também contribui para a geração de renda e a profissionalização dos trabalhadores que atuam nas cooperativas parceiras. O fortalecimento das cooperativas permite que estas invistam em infraestrutura e na capacitação de seus trabalhadores, melhorando suas operações e ampliando a capacidade de triagem de resíduos.
A logística reversa não é uma novidade para empresas que seguem a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), implementada em 2010.
• A norma estabelece que fabricantes, distribuidores e comerciantes devem ser responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos gerados após o consumo dos produtos.
• Além disso, decretos recentes, como o 11.413, reforçam a exigência de certificação e compliance ambiental, criando instrumentos como o Certificado de Crédito de Reciclagem, que comprova a reintegração de materiais no ciclo produtivo.
• No Brasil, o sistema de logística reversa já abrange diversos setores, incluindo o de embalagens plásticas, latas de alumínio, baterias automotivas e até medicamentos vencidos.
• A coleta e o direcionamento desses materiais para reciclagem reduzem os impactos ambientais e evitam a contaminação de recursos naturais, como a água e o solo.
• Um exemplo de sucesso é o setor de latas de alumínio, que recicla mais de 97% das latas consumidas no País, colocando o Brasil em destaque internacional.
Ricardo Pazzianotto, diretor do Instituto Rever, ressalta a relevância da parceria com a Marfrig dentro do contexto da conformidade regulatória e responsabilidade ambiental. Ele explica que, além de cumprir com as exigências legais, a companhia fortalece seu compromisso com práticas sustentáveis e gera impacto positivo na sociedade ao promover a profissionalização de trabalhadores ligados ao setor de reciclagem.
Essa realidade é ilustrada pela Cooperativa Eco Guarulhos, uma das cooperativas que integra o sistema de compensação da Marfrig. Erika Gonçalves, sua representante, afirma que a parceria proporciona estabilidade e previsibilidade financeira à cooperativa, permitindo investimentos em treinamentos e equipamentos que aumentam a eficiência e a segurança operacional. Isso é crucial para garantir a continuidade das atividades e melhorar a qualidade do trabalho dos cooperados.
A logística reversa no Brasil segue uma trajetória de expansão, influenciada por avanços tecnológicos e maior conscientização sobre a gestão de resíduos. Ferramentas como big data e inteligência artificial já estão sendo utilizadas para monitorar o fluxo de materiais e aumentar a eficiência das operações de reciclagem.
A tendência é que a tecnologia desempenhe um papel ainda mais significativo no futuro, ajudando a prever demandas e reduzir custos operacionais. Essa combinação de incentivos regulatórios com o avanço tecnológico aponta para um futuro no qual a logística reversa será um componente indispensável em todas as cadeias produtivas mundo afora.