Você tem “cabeça de dono”?

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César Souza: autor fornece check list para diminuir a subjetividade de alguns fundadores e acionistas quando se referem a “atitude de dono” (Crédito: Divulgação)

Por César Souza 

Sabemos que “atitude de dono” é um atributo bastante desejado quando avaliamos um profissional, seja um diretor do chamado C-level, um executivo, gerente ou até mesmo quem exerce uma função técnica, qualquer que seja o tipo de negócio.

Porém, nem sempre é claro o que a tão sonhada “atitude de dono” significa. Muitas vezes nos defrontamos com um aparente paradoxo: os fundadores e acionistas de uma empresa exigem a atitude de dono, sem o devido grau de delegação compatível com o nível da sua exigência.

“Como ter atitude de dono se existe aqui uma centralização excessiva e é irrisória a minha alçada no processo decisório que no fundo até nos infantiliza?”, questionam, de forma angustiada, alguns executivos.

O que esses profissionais não percebem é que o grau desejado de delegação e autonomia é algo a ser conquistado e não concedido. Para facilitar esse entendimento, é importante termos em mente cinco características que podem contribuir para que os executivos e gerentes em todos os níveis possam se autoavaliar se possuem ou não o grau desejado da “cabeça de dono”. Esses são alguns atributos que os fundadores de fato valorizam quando tomam decisões no momento de recrutar, avaliar, promover ou até demitir os profissionais de mercado.
Cabeça de dono, para muitos fundadores, acionistas e investidores, significa…

Foco no Resultado: pragmatismo, simplicidade, objetividade, proatividade, ir direto ao ponto, busca de soluções – em vez de foco na descrição de problemas, defensividade, explicacionismo, ênfase nos processos que geram engessamento na empresa através de processos de governança desproporcional ao grau de empreendedorismo saudável;

Paixão pelo Cliente: servir com S maiúsculo, identificar as reais necessidades dos clientes, o que de fato valorizam e como agregar valor ao cliente.

Inconformismo saudável: buscar de forma obsessiva a melhoria contínua, a eficiência operacional, o aumento da produtividade, a redução de custos, o combate aos desperdícios e à acomodação, em especial nos níveis intermediários, onde muitas vezes experts e burocratas anestesiam a inovação que deveria ser um dos pilares da cultura da empresa.

Velocidade: tanto nas respostas a eventuais demandas dos clientes e das lideranças da empresa quanto na percepção de tendências e ações proativas visando superar desafios ou criar novas oportunidades.

Valorização da Linha de Frente: foco nos centros de resultado, nas unidades de geração de valor, onde os bens são produzidos e/ou os serviços são prestados, sempre priorizando desenvolver pessoas no front da batalha do negócio em vez da ênfase no corporativo, nas estruturas centrais e intermediárias.

Esse check list pode ser útil para diminuir a subjetividade de alguns fundadores e acionistas quando se referem a “atitude de dono” de forma a explicitar o que de fato esperam dos profissionais de mercado ou de outros membros da família que eventualmente estejam se preparando para entrar no negócio.

E se você é um profissional de mercado, qual nota você se daria de 1 a 5 nos cinco atributos acima listados? Afinal de contas, você tem cabeça de dono ou atitude de empregado?

César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda