Brasil no centro do debate internacional sobre circularidade
Por Beatriz Luz
O Brasil está em um momento marcante para repensar seu futuro socioeconômico e ambiental, com governo e indústria debatendo os caminhos da transição para um novo modelo econômico. A economia circular ganha espaço em discussões estratégicas, questiona o uso exacerbado dos recursos e coloca o Brasil sob o holofote internacional. Não à toa, o País sedia, em Recife, o Brazilian Circular Hotspot, evento criado na Holanda que ganha a primeira edição brasileira.
O evento vai reunir representantes empresariais e governamentais de diversos países. Isso coloca o Nordeste no centro das discussões sobre a circularidade e reflete a capacidade do modelo de pensar produção e consumo de forma adaptada para realidades nacionais e regionais, a fim de desenvolver negócios, gerar empregos e implementar cadeias reversas. Enfrentamos desafios socioeconômicos seculares, mas temos potencial para implementar negócios que olham para o futuro.
Realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia Circular, o Hotspot acontece de 6 a 8 de novembro, no Cais do Sertão, concluindo um ano histórico para o Brasil no processo de transição circular. O País iniciou 2024 juntando-se a 17 nações na Coalizão de Economia Circular para a América Latina e o Caribe e, em junho, celebramos o lançamento da Estratégia Nacional de Economia Circular. Tivemos o lançamento da Nova Indústria Brasil, com a circularidade como ação relevante para impulsionar a indústria até 2033 e a sua inserção como um dos eixos prioritários do Plano de Transição Ecológica, além da publicação das normas ABNT NBR ISO 59000 dedicadas ao tema.
Diferente do modelo linear, a economia circular promove novos valores e retornos financeiros, e redesenha processos produtivos para minimizar o desperdício. É uma solução para as crises atuais: perda de biodiversidade, geração de poluição e resíduos, e mudanças climáticas.
Criado na Holanda, o Hotspot passou por locais como Bélgica, Chile e África do Sul. No Brasil, é um evento paralelo do Fórum Mundial de Economia Circular, realizado em São Paulo em 2025. Com o apoio do Governo de Pernambuco, Finep, BNDES, Porto de Suape, Porto Digital e União Europeia no Brasil, o evento vai promover painéis, workshops e reuniões.
Muito se fala sobre o G20 e a COP30, mas os defensores da economia circular no Brasil defendem a urgência em refletir sobre o desenvolvimento das nossas cidades, das nossas crianças e das nossas lideranças
Entre os debates, estão os avanços do Brasil rumo à circularidade, os papéis do governo e da indústria, o financiamento da transição circular e a bioeconomia. Será abordada a necessidade de mudanças nos comportamentos de empresas, governos e consumidores, levantando diretrizes técnicas e legais, novas formas de produção e consumo, além de design e inovação.
Muito se fala sobre o G20 e a COP30, mas os defensores da economia circular no Brasil defendem a urgência em refletir sobre o desenvolvimento das nossas cidades, das nossas crianças e das nossas lideranças. Para que a transição ocorra de forma eficaz, é fundamental traçar planos de ação consistentes.
Pernambuco busca ser uma região desenhada para o futuro. Nacionalmente, soluções financeiras e políticas começam a ser discutidas no Fórum Nacional de Economia Circular. A nível global, diversos países debatem protocolos para lançar “chamados para a ação”, buscando uma nova governança para cadeias de suprimento globais.
Que Recife e o Brazilian Circular Hotspot abram as portas para a mudança.
Beatriz Luz é fundadora e diretora da Exchange 4 Change Brasil e do Hub de Economia Circular Brasil