Finanças

Bradesco dribla conjuntura adversa e faz ajuste rentável

Mesmo com alta dos custos e acirramento da concorrência com fintechs, lucro do banco cresce 13,1% no terceiro trimestre

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"Os índices de inadimplência baixaram em todos os segmentos", ressaltou o CEO Marcelo Noronha (Crédito: Divulgação)

Por Jaqueline Mendes

A combinação entre juros altos, inadimplência elevada e aumento dos custos operacionais não parece estar afetando a performance do Bradesco. Na quinta-feira (31), o banco mostrou em seu balanço do terceiro trimestre que está sólido nos esforços para reverter os desafios e impulsionar o crescimento dos negócios. Como esperado pelo banco, o lucro líquido recorrente registrou alta, subindo 13,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior, alcançando R$ 5,225 bilhões. Em relação ao segundo trimestre, o crescimento foi de 10,8%. Com esse desempenho, o resultado superou a média das projeções de mercado, que estimava um lucro de R$ 5,154 bilhões para o trimestre, após reportar uma queda de lucro no primeiro trimestre de 2024 e apresentar sinais de recuperação no segundo trimestre.

Na avaliação do CEO, Marcelo Noronha, o bom resultado é fruto de um amplo fortalecimento da operação, focado principalmente na expansão de sua carteira de crédito, onde houve o crescimento nas receitas com a prestação de serviços. A margem com clientes, que também é indicador de ganhos com operações de crédito, cresceu 2,5% em relação ao trimestre anterior.  “Seguimos executando o plano estratégico, com avanços importantes no terceiro trimestre. Concluímos o fechamento de capital da Cielo, o que nos permite mais flexibilidade comercial para atender nossos clientes”, declarou.

10,8%
foi o lucro líquido, que alcançou R$ 5,2 bilhões no período de um ano

-1,4p.p.
foi a queda na inadimplência, que baixou a 4,2%

R$ 9,9 bilhões
foi a receita com prestação de serviços, uma alta de 5,5% em relação ao 3T23

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROE) do banco atingiu 12,4%, um aumento de 1 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre anterior e de 1,1 p.p. em comparação com o ano passado. No entanto, o ROE ficou ligeiramente abaixo da expectativa, que projetava 12,8%. O patrimônio líquido cresceu 1,3% e chegou a R$ 162,9 bilhões, e o total de ativos alcançou R$ 2,1 trilhões, com alta de 7,6% em um ano.

Apesar da melhora, o retorno ainda está distante dos níveis de 20% que o Bradesco registrava em períodos anteriores. Assim, a carteira de crédito ampliada do banco atingiu R$ 943,9 bilhões no terceiro trimestre, o que representa um crescimento de 3,5% em relação a junho e de 7,6% em um ano.

Marcelo Noronha recebe o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg na sede do Bradesco na av. Faria Lima (SP), que concentra área de investimentos, dia 23 (Crédito: Egberto Nogueira)

O índice de inadimplência, uma das métricas de maior atenção no balanço do Bradesco, ficou em 4,2%, uma queda de 1,4 p.p. na comparação com o terceiro trimestre de 2023. O próprio CEO já esperava essa melhora no índice, que havia ultrapassado os 6% em função do impacto do calote da Americanas.

O resultado “mostra que estamos tracionados em todos os segmentos de clientes, avançando com segurança e expandindo significativamente as receitas em frentes variadas como crédito, serviços e seguros. Esse equilíbrio dá sustentabilidade à nossa trajetória”, afirmou o CEO.

Com a redução na inadimplência, as provisões para devedores duvidosos (PDD) do Bradesco somaram R$ 7,1 bilhões, uma queda de 2,2% em relação ao trimestre anterior e de expressivos 22,4% na comparação anual.

RECEITAS

As despesas operacionais do Bradesco cresceram 9,9% em 12 meses, totalizando R$ 15,1 bilhões.
Na comparação trimestral, o aumento foi de 2%. Segundo o banco, essa elevação acompanha a inflação.
As receitas em geral com prestação de serviços somaram R$ 9,9 bilhões, um aumento de 5,5% em relação ao terceiro trimestre de 2023.

Este indicador tem sido acompanhado de perto pelo mercado, já que os bancos tradicionais enfrentam desafios para expandir suas receitas de tarifas, em meio à crescente concorrência dos bancos digitais e a serviços gratuitos, como o Pix. “Por certo, o cenário macro apresenta desafios. Mas o mix da nossa carteira de crédito é bem conservador e as novas safras de crédito vêm apresentando boa qualidade”, acrescentou Noronha.