Heineken aposta na regeneração da Mata Atlântica para fortalecer economia local
Projeto da cervejaria combina reflorestamento do bioma e implementação de agroflorestas para dar tração econômica e sustentabilidade à região
Por Allan Ravagnani
Em uma área castigada pela seca e por dificuldades hídricas, o verde da Mata Atlântica está prestes a reaparecer. Itu, conhecida historicamente por sua ligação com o agronegócio e sede de uma das principais cervejarias do Grupo Heineken, agora se torna palco de uma iniciativa de restauração florestal e implementação de agroflorestas. Em parceria com a Rizoma, referência em agricultura regenerativa, a Heineken inicia o plantio de espécies nativas para recuperar o bioma da Mata Atlântica e fortalecer a economia local, com uma abordagem inovadora que alia regeneração ambiental e produção sustentável.
Com investimento inicial de R$ 15 milhões, a Heineken SPIN — o ecossistema de negócios de impacto do Grupo — e a Rizoma planejam transformar a paisagem de Itu. A primeira fase do projeto prevê o plantio de 224 mil mudas, abrangendo um espaço que crescerá ao longo de cinco anos até atingir 800 hectares. Quando completo, o projeto deverá contar com 1,2 milhão de mudas, o equivalente a 1.120 campos de futebol.
Além do reflorestamento, a proposta prevê a implementação de agroflorestas. Ao plantar limão em conjunto com espécies nativas, a parceria visa fortalecer o cultivo como fonte de renda e estimular a economia circular, beneficiando as comunidades locais e incentivando práticas agrícolas que regeneram o solo e preservam o meio ambiente.
Segundo Mauro Homem, vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da Heineken, a união de reflorestamento e agroflorestas oferece uma maneira concreta de integrar preservação e produção agrícola. Ele destaca o papel dos parceiros, como a Rizoma, em trazer experiência e tecnologia para garantir um impacto positivo e duradouro.
R$ 15 milhões
É o investimento inicial para transformar a paisagem de ITU
800 hectares
formam a área para reflorestamento na primeira etapa
1,2 milhão
de mudas será plantado nos próximos cinco anos de projeto
O projeto começa com uma etapa cuidadosa de preparação do solo.
● Nessa fase inicial, plantas como girassol e feijão guandu são utilizadas para adubação verde, enriquecendo a terra e promovendo a absorção de água.
● Essas práticas de agricultura regenerativa não apenas melhoram as condições do solo, mas também criam uma base fértil para o crescimento das espécies nativas.
● O objetivo é restaurar um bioma que já cobriu 15% do território brasileiro, mas que hoje preserva apenas 24% de sua área original.
● Com o avanço das plantações, o projeto visa uma contribuição significativa para a biodiversidade e para o ciclo das águas.
Dados da ONG SOS Mata Atlântica indicam que a Mata Atlântica abriga 72% da população brasileira e responde por 80% do PIB nacional. No entanto, sua degradação contínua afeta diretamente o equilíbrio ambiental, os recursos hídricos e o clima. Estima-se que, em 25 anos, as áreas restauradas em Itu possam capturar até 500 mil toneladas de CO₂, reforçando o compromisso do Grupo Heineken com a sustentabilidade e a gestão responsável dos recursos naturais.
A agrofloresta criada com o plantio de limão não apenas garante uma nova fonte de renda para a região, mas também exemplifica a integração de práticas sustentáveis com viabilidade econômica.
Pedro Paulo Diniz, sócio-fundador da Rizoma, vê na parceria com a Heineken uma oportunidade de promover um modelo agrícola que regenera o ambiente. Para ele, o sistema agroflorestal aplicado em Itu demonstra que é possível combinar alta produtividade com preservação ambiental, o que representa uma nova era para o setor agrícola.
Além da regeneração florestal, o projeto colabora com um dos objetivos globais do Grupo Heineken: devolver à natureza 1,5 vez a quantidade de água usada em sua produção.
As práticas de manejo no reflorestamento ajudam a melhorar a infiltração e o escoamento das águas pluviais nas bacias hidrográficas locais.
Em Itu, onde o estresse hídrico é uma realidade, essa abordagem representa um benefício direto para a população e para o ambiente, permitindo uma regulação natural do microclima e preservação das nascentes. Na meta de alcançar a neutralidade de carbono nos escopos 1 e 2 até 2030, o Grupo considera o projeto uma etapa relevante para reduzir a pegada de carbono da empresa.