Negócios

Grupo RZK implementa gestão (mais) profissional para acelerar crescimento

Grupo RZK vai criar conselhos próprios em cada uma das oito empresas da holding, que visa avançar em governança e aumentar a receita, na casa de R$ 3 bilhões

Crédito: André Lessa

José Ricardo Lemos Resek, de 36 anos, assume o comando da holding brasileira com planos de expansão em todas as vertentes de negócios (Crédito: André Lessa)

Por Beto Silva

Fortes chuvas e vendavais que atingiram a cidade de São Paulo no dia 11 de outubro deixaram – mais uma vez – milhões de pessoas sem energia elétrica. O episódio afetou a entrega de mais uma etapa de imóveis do Reserva Raposo, maior bairro de interesse social do Brasil, construído pelo Grupo RZK – no total serão 142 torres erguidas, com cerca de 20 mil apartamentos para uso de 80 mil pessoas. Os imóveis já estavam prontos para receber os novos moradores, mas a entrega das chaves teve de ser adiada, diante da demora da Enel em solucionar o problema – a inauguração deve ocorrer entre o final deste mês e o início de dezembro.

A situação sensibilizou José Ricardo Rezek, fundador da holding que leva na marca as consoantes de seu sobrenome. O empresário resolveu instalar geradores no complexo para que os moradores não sofram mais com as possíveis falta de energia, que provoca queima de eletroeletrônicos, perda de alimentos e outros transtornos. Esses equipamentos para manter o fornecimento de energia não estavam no escopo do projeto imobiliário e os custos serão arcados por Resek.

A decisão mostra dois aspectos sobre o executivo.
● Primeiro que, apesar de atuar em negócios que obviamente visam gerar lucro, o propósito e o olhar para o social seguem como pilares de sua atuação.
● O segundo que Resek, aos 72 anos, continua ativo nas iniciativas do grupo, mesmo na atual fase em que o bastão está cada vez mais nas mãos de seu filho, José Ricardo Lemos Resek, de 36 anos.

“A gente respeita e prioriza a larga bagagem empresarial dele, todo seu conhecimento. É uma cabeça brilhante”, disse à DINHEIRO o jovem executivo, que tem assumido as rédeas do Grupo RZK, fundado em 1980, com faturamento na casa dos R$ 3 bilhões.

A missão de Lemos Resek é acelerar o crescimento da companhia de atuação multisegmentada, que nos últimos anos registrou aumento médio de 20% na receita anualmente.

São oito linhas de negócios:
● RZK Agrícola,
● RZK Agro,
● RZK Rental,
● Sol By RZK (as quatro relacionadas ao agronegócio, que representa 70% da receita do grupo),
● RZK Concessões,
● RZK Digital,
● RZK Empreendimentos,
● e RZK Energia.

Todas levam as três siglas que tornam a holding conhecida. Isso gera um ponto de atenção importante na administração da companhia, já que qualquer ação equivocada em uma delas pode impactar negativamente as demais. “Somos extremamente estratégicos e temos uma enorme responsabilidade na qualidade da execução na ponta”, discorreu Lemos Resek.

E para aperfeiçoar os processos internos, o empresário trabalha para profissionalizar ainda mais a gestão. No ano que vem, cada uma das oito linhas de negócio terão conselho próprio e independente, para evitar que uma empresa vire um “puxadinho” da outra. Outro movimento nesse sentido é a entrada dos executivos como sócios dos negócios. “Vamos fortalecer a governança”, frisou Lemos Resek.

Para Gustavo Didier, CEO e fundador da Unio Company, gestora que atua em grandes setores do mercado, a implementação de conselhos próprios para cada empresa do grupo gera transparência e eficiência para a gestão. “Pode proporcionar um acompanhamento mais focado e especializado de cada setor, além de promover uma gestão baseada em melhores práticas e na tomada de decisões estratégicas.”

Lucas Affonso, advogado da equipe de Direito Societário do escritório Schiefler Advocacia, corroborou com a tese. “É um caminho natural dos grandes conglomerados empresariais que pretendem a diversificação econômica a criação de várias sociedades, uma para cada ramo de negócios.”

Reserva Raposo, considerado o maior bairro de interesse social do Brasil, com previsão de 20 mil unidades habitacionais, é um dos grandes projetos imobiliários do Grupo RZK, que tem atuação relevante no agronegócio, com produção de grãos, pecuária, venda e aluguel de máquinas, além de telecomunicação para o campo (Crédito:Divulgação)
(RR Donnelley)

INVESTIMENTOS

Muda um pouco a estrutura administrativa, mas os investimentos seguirão em alta, garante o empresário. “Investimos, em média, 80% da nossa rentabilidade”, afirmou ele. “Nosso negócio é fazer crescer as empresas”, completou.

No setor imobiliário, além da continuidade do Reserva Raposo, o olhar do grupo está voltado para a empreendimentos de média e alta rendas. Terrenos na região de Santo Amaro e do Butantã já foram adquiridos. A intenção é fazer um projeto multiuso, misturando residencial e comercial.

No agro, avanços importantes estão nos planos do Grupo RZK. Além da criação joint venture com a SLC para cultivo de soja, milho, gergelim e futuramente algodão em uma das cinco fazendas da holding, Lemos Resek planeja iniciar produção própria nas outras quatro unidades que hoje funcionam em modelo de arrendamento. Isso envolve atuação na pecuária de ciclo completo, com 47 mil cabeças de gado.

Com presença em 20 estados brasileiros, a companhia vai ingressar no Pará, provavelmente na produção de cacau. A aquisição de um núcleo por lá já está definida: 36 mil hectares da Fazenda São Félix do Xingu. Oportunidades em Goiás são analisadas. Tudo isso faz parte de um projeto de ampliação de terras desenhado pelo Resek pai, que ao completar 70 anos, em 2022, estabeleceu como meta dobrar, no período de seis anos, as áreas do grupo no setor agropecuário, passando de 82 mil hectares naquele momento para 164 mil hectares em 2028. Atualmente são 128 mil hectares sob gestão. O objetivo será atingido antecipadamente. E um novo plano será traçado por Resek, com comando e execução de Lemos Resek.

Na avaliação do especialista Gustavo Didier, “o agronegócio é uma das grandes fortalezas do Brasil e o Grupo RZK está preparado para capitalizar ainda mais nessa posição estratégica”.

Já na área digital, Lemos Resek observa um grande potencial. Essa linha de negócio começou três anos atrás com R$ 20 milhões de faturamento, deve fechar 2024 com R$ 70 milhões e a projeção para 2025 é de R$ 100 milhões em receita. É uma empresa nova, que está levando novidades tecnológicas para o mercado de publicidade Digital Out-Of-Home (DOOH).

Atua principalmente com propagandas em paineis de LED em terminais rodoviários, com tecnologia embarcada para captar dados de audiência e perfil dos usuários.

Está em São Paulo e em Recife, entra nos próximos dias em Brasília e já mira expandir para Rio de Janeiro e Fortaleza. DOOH, além de estar em expansão de locais de negócios já planejando atuar em outras capitais brasileiras. “Essa vertente tem 46% de Ebtida, com um potencial importante de escalabilidade”, disse o executivo. Assim, o Grupo RZK trilha sua jornada com uma gestão mais profissional, governança forte e foco nos resultados – e, claro, com Resek pai dando suas contribuições pontuais e precisas.