Mercedes-AMG GLE 63 S Coupé: oito cilindros e uma “ajudinha”
O SUV-cupê se renovou visualmente por fora e por dentro, mas o grande destaque continua sendo seu V8 biturbo – com um pequeno motor auxiliar elétrico
Texto Flávio Silveira
Para quem considera sonoridade essencial em esportivos, o Mercedes-AMG GLE 63 S Coupé é um prato cheio: o grande destaque continua sendo o incrível e barulhento V8 biturbo 4.0. Embora ele seja híbrido leve, contando com a “ajudinha” de um motor elétrico, se ninguém avisasse, talvez você nem percebesse.
Na linha 2025, o SUV-cupê que mira o (quase) pioneiro BMW X6 foi atualizado no design externo e na cabine. Além de novos para-choques, faróis e lanternas, o GLE Coupé ganhou um novo sistema multimídia com “design AMG”, que prioriza as informações de desempenho e de dinâmica, e novos acabamentos e equipamentos.
Em relação aos últimos, tem tudo que se espera de um carro de R$ 1.279.000:
● bancos com ventilação e massagem “com pedras quentes”,
● ar-condicionado de quatro zonas,
● condução semiautônoma perfeita,
● som Burmeister,
● faróis de LED inteligentes e muito mais (tudo isso em uma cabine extremamente larga, luxuosa e espaçosa).
Na cabine, uma mistura de couro, carbono, alumínio e telas de alta resolução, com ampla iluminação com LEDs e muitos botões no volante, para que o motorista não tire as mãos dele – nem os olhos da estrada (para isso, há também head-up display). Foge da elegância discreta de um Mercedes-Benz tradicional, como o Classe E, mas combina com o desenho da carroceria (e a cor, no caso do GLE avaliado), e a questão é público-alvo: é um AMG, e mira o também exagerado X6.
Sendo um legítimo AMG, o motor V8 é montado artesanalmente e traz a assinatura do engenheiro. Pelo mesmo motivo, o que importa é o desempenho, e, sem hipocrisia, parece que o sistema MHEV foi adotado mais para aprimorá-lo do que para reduzir o consumo – o motor-gerador elétrico preenche “vazios” do sistema a combustão, como nas trocas de marcha, e o turbo lag – já reduzido neste V8, com as turbinas colocadas de modo estratégico. Os 22 cv parecem pouco, mas os 250 Nm, atuando na hora certa, aumentam a agilidade do SUV que soma absurdos 612 cv e 850 Nm e vai de 0-100 km/h em 3,9 segundos, com a máxima de 280 km/h.
Ao volante, fora do ambiente urbano, parece não ser tão grande. Assusta no começo, e é bom respeitá-lo, mas, aumentando o ritmo, vemos que, como de costume, os acertos de direção, freios e suspensões (a ar, com altura ajustável) são impecáveis. Mesmo com carroceria alta, o SUV não sofre em curvas graças a pneus largos e amortecedores autoajustáveis, que se adaptam continuamente, impedindo “magicamente” que ele incline.
Quando a estrada enche e não dá para acelerar muito, quatro cilindros se desligam em velocidade de cruzeiro. Não que adiante muito – no PBEV, ainda são 5,9 km/l na cidade e 7,4 na estrada, ruim para um “híbrido”, mas melhor do que se não tivesse o motor-gerador elétrico auxiliar. Na prática, durante nossa avaliação, fizemos médias de 3,7 km/l na cidade e até 9 km/l na estrada, indo devagar – o que não é nada fácil em um carro como este.
Mercedes-AMG GLE 63 S 4MATIC+ Coupé
Motores: dianteiro, oito cilindros em V, 4.0, 24V, injeção direta, biturbo, desativação de cilindros + elétrico Combustível: gasolina (MHEV)
Potência: 612 cv de 5.750 a 6.000 rpm + 22 cv
Torque: 850 Nm de 2.500 rpm a 4.500 rpm + 250 Nm
Câmbio: automático multidisco, nove marchas
Tração: integral
Direção: elétrica
Suspensão: braços sobrepostos (d/t), molas pneumáticas
Freios: discos ventilados (d/t)
Dimensões: 4,954 m (c), 1,999 m (l), 1,720 m (a)
Entre-eixos: 2,935 m Pneus: 285/40 R22 (d) e 325/35 R22 (t)
Porta-malas: 655 litros
Tanque: 85 litros
Peso: 2.505 kg
0-100 km/h: 3,9 segundos
Vel. máxima: 280 km/h
Consumo cidade: 5,9 km/l
Consumo estrada: 7,4 km/l
Nota de consumo: E
Classificação na categoria: E (Esportivo)
Preço básico: R$ 1.279.900
Carro avaliado: R$ 1.294.400