Syngenta aposta no Brasil para crescer e cria centro de inovação em Paulínia (SP)
Com investimento de R$ 65 milhões, nova instalação da Syngenta no interior de São Paulo acelera o desenvolvimento de soluções sustentáveis e adaptadas à agricultura tropical, conectando o Brasil a uma rede global de pesquisa
Por Allan Ravagnani
A busca por inovação e soluções sustentáveis na agricultura ganhou um novo impulso no Brasil com a inauguração do primeiro Centro de Tecnologia e Engenharia de Produtos (PT&E) da Syngenta na América Latina. Localizado em Paulínia (SP), o centro faz parte de um investimento estratégico de R$ 65 milhões, consolidando o País como um dos maiores polos de desenvolvimento agrícola global. A iniciativa da Syngenta, líder mundial no setor, visa fortalecer sua presença no mercado regional, além de criar soluções mais eficientes e adaptadas às demandas locais, unindo pesquisa, engenharia e tecnologia de ponta. O novo espaço já nasce com a missão de acelerar a chegada de produtos inovadores, promovendo ao mesmo tempo práticas mais sustentáveis e produtivas para a agricultura.
A escolha por Paulínia, a 120 quilômetros da capital paulista, reforça a visão estratégica da empresa, que posiciona o Brasil no centro de uma rede de inovação agrícola integrada, com fácil acesso a universidades renomadas e proximidade com importantes polos logísticos. Essa integração permite que o novo centro aproveite a expertise local e amplie sua capacidade de desenvolvimento e adaptação de tecnologias, acelerando o tempo de resposta às demandas específicas da América Latina. A cidade, localizada a 40 minutos de Holambra e perto de universidades como USP, Unicamp e Esalq, é um ponto estratégico para a companhia.
A instalação foi construída próxima a aeroportos e outras unidades da companhia, o que facilita a logística e a integração com demais polos de inovação. Além disso, o centro está situado na maior fábrica de formulação e envase da empresa no mundo, o que deve acelerar a escalabilidade das novas soluções desenvolvidas. O centro, com aproximadamente 2.500 m², também se destaca por sua infraestrutura sustentável. Ventilação e iluminação naturais, além do uso de energia fotovoltaica, estão entre as medidas adotadas para reduzir o impacto ambiental da instalação.
Com um investimento de R$ 65 milhões, a Syngenta inaugura em Paulínia (SP) o primeiro Centro de Tecnologia e Engenharia de Produtos (PT&E) na América Latina
Rodrigo Marques, diretor de Engenharia e Tecnologia de Produtos da Syngenta, afirma que o investimento em Paulínia é uma extensão natural da estratégia da empresa de descentralizar o desenvolvimento de produtos. “Desde 2018, a Syngenta vem adotando essa abordagem, movendo-se para um modelo mais regionalizado. Com isso, deixamos de ter um foco em soluções globais para atender de forma mais precisa as necessidades específicas de cada região. O Brasil, com sua diversidade climática, exige essa adaptação. Enquanto no México um produto pode ser embalado em frascos de 200 ml, no Brasil pode chegar a 200 litros”, explica.
Para ele, o Brasil se destaca pela diversidade de climas e também pelo potencial agrícola. Por isso, foi escolhido para abrigar o centro de desenvolvimento que servirá toda a América Latina.
A proximidade com mercados como México, Argentina e Colômbia facilitará a troca de conhecimentos entre pesquisadores e clientes. “Teremos mais interações com clientes e pesquisadores locais, o que nos permitirá desenvolver produtos mais rapidamente e adequados às necessidades específicas de cada país. Argentina, por exemplo, demanda mais herbicidas, enquanto México e Brasil pedem mais soluções biológicas”, acrescenta Marques.
INOVAÇÃO ACELERADA
O Centro de PT&E está equipado com tecnologia de ponta, o que inclui um data center para o armazenamento e processamento de grandes volumes de dados. Isso permite que os processos de pesquisa e desenvolvimento sejam digitalizados, otimizando o tempo e a precisão dos resultados. “Com essa digitalização, conseguimos reduzir o tempo de pesquisa de novos produtos de dois anos para apenas seis meses. Além disso, aumentamos em 35% o número de projetos simultâneos, o que significa que as inovações chegam mais rápido ao mercado”, destaca o executivo.
Os laboratórios interligados globalmente por meio de uma rede de dados da Syngenta também representam uma vantagem significativa. Pesquisas e desenvolvimentos realizados em países como Estados Unidos, Inglaterra, Suíça, Índia, China e Japão são compartilhados e adaptados para a realidade local, permitindo que os avanços científicos ocorram de forma mais integrada e acelerada.
O centro brasileiro conta com seis laboratórios voltados para diferentes segmentos. Entre eles, o laboratório de biológicos se destaca pelo estudo de microrganismos e seus metabólitos como uma forma de complementar o manejo de pragas. Esse tipo de pesquisa é essencial para o desenvolvimento de produtos mais sustentáveis, que visam fortalecer as plantas e aumentar sua resistência, sem depender exclusivamente de produtos químicos.
A aquisição da italiana Valagro, especialista em bioestimulantes, impulsionou o portfólio global da Syngenta nesse segmento. Bioestimulantes são soluções que melhoram o crescimento das plantas e ajudam a aumentar a produtividade sem a necessidade de insumos adicionais. “Essa linha de produtos tem sido uma prioridade para nós, especialmente diante da crescente demanda por soluções mais naturais e eficientes no controle de pragas e na melhoria da saúde das plantas”, afirma Marques.
Além dos bioestimulantes, a Syngenta também investe em tecnologias que aumentam a produtividade agrícola com menor uso de recursos. Um exemplo disso é o Plinazolin, uma nova molécula desenvolvida recentemente, que melhora a eficácia no controle de pragas com uma quantidade menor de produto. Essa solução já está sendo aplicada no Brasil e será amplamente desenvolvida no novo centro de Paulínia, acelerando o tempo de chegada ao mercado de novas tecnologias.
“O Brasil tem uma liderança natural quando se trata de inovação agrícola. Já somos um exemplo em práticas sustentáveis, mas ainda há muito a ser feito para enfrentar os desafios climáticos que estão por vir.”
Rodrigo Marques, diretor de Engenharia e Tecnologia de Produtos da Syngenta
A construção desse centro é parte de uma estratégia maior da Syngenta para fortalecer sua presença na América Latina. A empresa já conta com sub-hubs de pesquisa no México, Colômbia e Argentina, e agora, com o PT&E em Paulínia, esses polos terão suporte para acelerar o desenvolvimento de soluções adaptadas às demandas regionais.
“O Brasil tem uma liderança natural quando se trata de inovação agrícola. Já somos um exemplo em práticas sustentáveis, mas ainda há muito a ser feito para enfrentar os desafios climáticos que estão por vir. O novo centro de pesquisa e engenharia é uma peça-chave nessa estratégia, e estamos comprometidos em continuar desenvolvendo soluções que aumentem a produtividade sem comprometer o meio ambiente”, enfatiza Marques.
TALENTO LOCAL
Outro aspecto importante é a equipe de 65 profissionais altamente qualificados que atuarão no centro de Paulínia.
● O grupo é composto por químicos, engenheiros químicos e de processos, muitos com mestrado e doutorado.
● A proximidade com instituições de ensino renomadas como a Ufscar, USP e Unicamp foi um fator determinante para a escolha de Paulínia como sede do centro.
“Ter acesso a essa rede de universidades faz uma enorme diferença na qualidade dos projetos que desenvolvemos”, comenta Marques. O novo centro também fortalecerá a estratégia de levar os clientes para mais perto das soluções desenvolvidas. As visitas e trocas de experiências entre agricultores e pesquisadores serão intensificadas, o que permitirá que as soluções sejam ajustadas às demandas reais do campo de forma mais ágil e eficiente.
A empresa já anunciou planos de expandir ainda mais seu portfólio de soluções biológicas, o que inclui não só o desenvolvimento de novos produtos, mas também a ampliação de sua capacidade produtiva. Ao longo dos próximos anos, a expectativa é que o centro continue sendo uma peça-chave na estratégia de inovação da Syngenta. “Não estamos falando de um investimento pontual, mas de um projeto contínuo, que vem sendo desenvolvido ao longo dos anos e que seguirá impulsionando a agricultura brasileira e latino-americana”, conclui Marques.