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Investimento recorde da Klabin gera resultados robustos

A maior produtora de papéis para embalagem do Brasil está concluindo um investimento de R$ 1,6 bilhão em sua unidade no interior paulista e define o mesmo valor para sua fábrica no Paraná

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Para os próximos dois anos, o principal objetivo da Klabin será a geração de caixa para reduzir o peso da dívida (Crédito: Divulgação)

Por Jaqueline Mendes

A Klabin, maior produtora de papéis e embalagens do Brasil, está colhendo os frutos de um dos maiores ciclos de investimento de sua história. No terceiro trimestre de 2024, a empresa registrou alta na receita e redução nos custos de produção, impulsionada por iniciativas que incluem novas máquinas de papel, expansão de plantas industriais e aquisição de ativos florestais.

● O lucro líquido da companhia alcançou R$ 729 milhões no terceiro trimestre, um salto de 197,6% frente ao resultado do mesmo período do ano passado.

● O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 1,805 bilhão entre julho e setembro, 33% maior na comparação com o mesmo intervalo de 2023.

Nesse contexto de alta robusta dos resultados, a empresa está investindo forte. Enquanto conclui um ciclo de R$ 1,6 bilhão de investimento em sua fábrica em Piracicaba (SP), recebeu sinal verde do Conselho de Administração para outro investimento de R$ 1,6 bilhão em sua unidade de Monte Alegre (PR). Aprovado desde junho, o projeto de modernização da unidade prevê a instalação de uma nova caldeira de recuperação com tecnologia de ponta e capacidade semelhante à caldeira atual, que será descontinuada.

A caldeira, equipamento essencial em uma planta de papel e celulose, é responsável pela recuperação dos químicos utilizados no cozimento da madeira e pela produção de vapor a partir do processamento do licor negro. “Essa modernização visa assegurar a continuidade operacional da unidade de Monte Alegre, a maior produtora de papel-cartão do Brasil, além de proporcionar maior eficiência, competitividade e sustentabilidade”, informou a empresa em comunicado. “Dentre os benefícios, destaca-se a redução da emissão de gases de efeito estufa, alinhada aos objetivos Klabin de desenvolvimento sustentável (KODS).”

Além de investimentos na fábrica de Piracicaba (foto ao lado), a Klabin tem acordo estratégico para a exploração de florestas nos estados de
São Paulo, Paraná (foto acima) e Santa Catarina (Crédito:Divulgação)

A empresa também investiu em duas novas máquinas de papel e ampliou sua operação com uma planta de papelão ondulado em Piracicaba (SP), além de avançar no segmento de celulose. Esses movimentos, segundo Gabriela Woge, diretora de finanças corporativas e relações com investidores da Klabin, já geraram impacto positivo no desempenho operacional da companhia. “Com a compra desses ativos, trouxemos muita eficiência e boa produtividade para nossa floresta, o que se reflete no custo de todos os produtos do nosso portfólio”, afirmou.

Para os próximos dois anos, o principal objetivo da Klabin será a geração de caixa para reduzir o peso da dívida.
● O endividamento líquido da companhia atingiu R$ 29,503 bilhões no final de setembro deste ano, um aumento de 41% na base anual.
A alavancagem financeira (dívida líquida/Ebitda) ficou em 4,1 vezes, alta de 0,6 ponto percentual na comparação ano a ano.

Por isso, a empresa tem adotado uma gestão financeira rigorosa, priorizando a eficiência operacional e a disciplina de custos, segundo Gabriela. “Estamos focados em iniciativas que se traduzem em resultados concretos e, ao mesmo tempo, buscamos a desalavancagem financeira como meta central”, afirmou.

FLORESTA

Além dos resultados operacionais, a Klabin anunciou um acordo estratégico no âmbito do Projeto Plateau, que envolve a criação de quatro Sociedades de Propósito Específico (SPEs) para a exploração de florestas nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. O projeto, desenvolvido em parceria com uma Timber Investment Management Organization (Timo), prevê um aporte de R$ 1,8 bilhão pelo parceiro, com possibilidade de investimentos adicionais de até R$ 900 milhões até o segundo trimestre de 2025. A Klabin contribuirá com 23 mil hectares de florestas plantadas, 4 mil hectares de terras produtivas e outros ativos oriundos do antigo Projeto Caetê.

Segundo a companhia, as SPEs serão controladas pela Klabin, que também terá direito de preferência na compra da madeira produzida. O objetivo é reduzir a alavancagem financeira e otimizar o retorno sobre o capital investido.

O mercado financeiro reagiu bem ao anúncio. Analistas do Itaú BBA consideraram o plano estrategicamente positivo, destacando o impacto imediato no índice de endividamento da Klabin, que deve cair 0,3 vez. “A garantia de oferta de madeira e o direito de recompra das áreas das SPEs reforçam a robustez estratégica do projeto”, afirmou Daniel Sasson, em relatório.

Com iniciativas robustas e um planejamento financeiro disciplinado, a Klabin se posiciona como protagonista no setor de papel e celulose, buscando equilíbrio entre crescimento, inovação e sustentabilidade.