Investimentos privados em alta
Por Marcos Strecker
Os investimentos privados em infraestrutura trazem uma boa notícia para o governo federal. Deverão somar R$ 372,3 bilhões nos próximos cinco anos, segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), uma expansão de 63,4% em relação à projeção realizada no ano passado. O montante inclui investimentos contratados ou em vias de serem contratados nos setores de transporte, saneamento e infraestrutura social. São números importantes, já que se sobrepõem ao risco de dirigismo e aparelhamento nas estatais, sem contar a indisposição do presidente com as privatizações. Boa parte dos investimentos vão para companhias que eram controladas por governos estaduais até recentemente, como a fluminense Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) e a paulista Sabesp. Só a privatização da Sabesp, menina dos olhos do governador oposicionista Tarcísio de Freitas, incluiu R$ 66 bilhões nessa conta. Mas o governo Lula está obtendo resultados positivos com sua aposta na nova modelagem em concessões também. Rodovias, aeroportos regionais e a renovação antecipada de contratos de ferrovias são responsáveis por boa parte desse otimismo. Apesar das dúvidas em relação ao equilíbrio fiscal e com juros e inflação preocupando analistas, Lula e Fernando Haddad estão conseguindo dobrar os pessimistas. O Brasil foi o segundo principal destino de investimento estrangeiro em 2023, segundo a OCDE, num momento em que os fluxos globais recuam – e devem ser redirecionados para os EUA com a nova gestão Trump.
Neoindustrialização
BNDES acelera
O banco de fomento aprovou um recorde de R$ 11,1 bilhões para projetos de inovação em 2024. Mesmo sendo uma cifra parcial, com dados até 14 de novembro, ela já representa o maior volume desde 1995, segundo o presidente da instituição, Aloizio Mercadante. Além de se aliar a Fernando Haddad em sua conduta cautelosa com o equilíbrio fiscal, na atual gestão Lula o petista também se alinha cada vez mais com o projeto de neoindustrialização do vice Geraldo Alckmin. Para Mercadante, tudo está sendo feito no esforço de modernização e renovação do parque industrial.
“Se os EUA aumentarem suas taxas aos nossos produtos, cada uma seria seguida de uma resposta igual, até que nossos negócios comuns estejam em risco.”
Claudia Sheinbaum, presidente do México, em resposta às ameaças de Trump de impor tarifas às exportações do país