Revista

Tensão no Congresso… e também no Planalto

Crédito: MATEUS BONOMI

Rigor do ministro Flávio Dino irritou deputados e senadores, que ameaçam paralisar o projeto de Haddad (Crédito: MATEUS BONOMI)

Por Marcos Strecker

O rigor do ministro Flávio Dino ao exigir maior transparência para as emendas parlamentares azedou o humor no Congresso e ameaça o pacote de cortes de Fernando Haddad. A execução dos recursos havia sido suspensa pelo ministro do STF e nem mesmo uma nova lei aprovada nas duas Casas (e sancionada sem vetos pelo presidente) convenceu Dino de que as emendas estavam indicando os autores e seguindo critérios de respeito a projetos prévios. Flávio Dino rejeitou na segunda-feira (9) recurso da Advocacia-Geral da União que defendia a liberação das emendas. Com a ação da AGU, o governo pretendia mostrar-se alinhado ao interesse do Legislativo, mas a negativa de Dino irritou deputados e senadores, que ameaçam paralisar o projeto de Haddad, vital para domar a alta do dólar e evitar a subida da Selic (os dois objetivos até agora fracassaram). A preocupação no Planalto é que a demora inviabilize a adequação do Orçamento de 2025. Para evitar isso, Lula tentou convencer os presidentes do Senado e da Câmara a acelerarem as votações, mas ouviu que o imbróglio não vai se desfazer sem a liberação do dinheiro. Rodrigo Pacheco e Arthur Lira se reuniram com Lula na própria segunda para isso, e esta foi exatamente uma das últimas reuniões do presidente antes de se dirigir a São Paulo para uma cirurgia de emergência. O governo corre para acelerar a liberação de emendas Pix, além de liberar R$ 4,1 bilhões de emendas de comissão e R$ 2,3 bilhões de bancada. Até a quarta (11), R$ 400 milhões já tinham sido despachados. Apesar da aposta governista em um esforço concentrado antes do recesso, a dúvida permanecia. A internação de Lula só piorou as expectativas.

Regulamentação
Mudanças na Reforma Tributária

(Pedro França)

E não é apenas o pacote de cortes de Haddad que está em risco. A Reforma Tributária também se tornou vítima da queda de braço entre Congresso e STF. E isso quando o Senado estava na reta final para aprovar as mudanças sugeridas pelo relator, senador Eduardo Braga, nas normas tributárias. Na segunda (9), ele apresentou o projeto de regulamentação com mudanças em itens como cesta básica e imposto seletivo. Uma das modificações prevê a adição de armas e munições no imposto “do pecado” (seletivo), criado para bens considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Serviços de telefonia e internet, por outro lado, vão gerar cashback para a população de baixa renda. Tudo ficou em suspenso depois que a sessão da Comissão de Constituição e Justiça que apreciaria o texto foi cancelada por falta de quórum – na verdade, para pressionar o Planalto. Foi um recado contra a falta de acordo sobre a liberação de emendas parlamentares.

Argentina
Javier Milei um ano depois

(Divulgação)

O presidente argentino tomou posse há um ano como uma figura exótica. Muitos achavam que duraria pouco na Casa Rosada com sua política selvagem de ajuste fiscal. Um ano depois, dobrou os críticos. A inflação mensal, que estava em 25,5% em dezembro passado, caiu para 2,7% em outubro. Há mais de uma década, o país registrava déficit. Agora, passou a apresentar superávit (estimado em 1,5% do PIB este ano). O mau humor dos argentinos com o governo parece ter cedido diante dos resultados, apesar do custo social. Os salários estão longe de voltar registrar o mesmo poder de compra, e mais da metade da população encontra-se abaixo da linha de pobreza. Mas Milei segue inabalável, pelo menos por enquanto. Sua taxa de aprovação está acima de 50%.

R$13 bilhões

Foi o valor que o grupo de publicidade Omnicom pagou para adquirir o rival Interpublic. A nova companhia ultrapassará gigantes como Publicis e WPP, terá receita de US$ 25,6 bilhões e mais de 100 mil funcionários

Pesquisa
Os brasileiros e a alimentação sustentável

(Divulgação)

Um levantamento da Sodexo revelou que 91% dos brasileiros têm percepção positiva em relação à alimentação saudável, acima da média global de 74%. É o maior percentual no mundo, com base em 7,3 mil entrevistados de cinco países (França, Reino Unido, EUA, Brasil e Índia). Entre os brasileiros, 51% se declaram engajados nesse hábito (contra 42% no mundo). E o preço (para 73%) e os sabores (61%) são os principais critérios na escolha dos alimentos. Esta foi da 2ª edição da pesquisa internacional Food Barometer, realizada pela Sodexo em parceria com o Instituto Harris Interactive.